quinta-feira, 27 de junho de 2013

O Sobado


 

                                           REPÚBLICA DE ANGOLA

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BENGUELA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

 

 

 

 

 

 

 


                          

                                       


Autores:                                                                   Integrantes do grupo:

Grupo Nº 2                                                                1º Augusto Enoque Miapiulu

Classe - 1º Ano                                                        2º Inês Polonga dos Santos Dumbu

Curso – Ciências da Educação                              3º Julia Cassamua Segunda

Período – Tarde                                                        4º Judith Nambuete Sicola

Turma – Única                                                          5º Mateus Cucomba João Rufino

                                                                                  6º Salomé N. Chambassuco

7º Teresa do Rosário S. Tomás

8º Victória Eliseu Epalanga  

                                                                                  9º Victória Chulu Chiquete Paulina                                        

                       O orientador

              Mestre: António Jinja


 
                                                        Setembro/2012                       



 

REPÚBLICA DE ANGOLA

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BENGUELA

DEPARTIMENTO DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO

 

 

 

 



 


 

Autores:                                                                   Integrantes do grupo:

Grupo Nº 2                                                                1º Augusto Enoque Miapiulu

Classe - 1º Ano                                                        2º Inês Polonga dos Santos Dumbu

Curso – Ciências da Educação                              3º Julia Cassamua Segunda

Período – Tarde                                                        4º Judith Nambuete Sicola

Turma – Única                                                          5º Mateus Cucomba João Rufino

                                                                                  6º Salomé N. Chambassuco

7º Teresa do Rosário S. Tomás

8º Victória Eliseu Epalanga  

                                                                                  9º Victória Chulu Chiquete Paulina                                        

 

 

                       O orientador

              Mestre: António Jinja

 


 
Setembro/2012

INDICE

Descrição                                                                                                              Página

I-             Pensamento

II-            Apresentação

III-           Dedicatória

IV-          Agradecimentos

V-           Introdução………………………………………………………………....8

VI-          Sanzala e Sobado……………………..………………………………….9

VII-        Sobado……………………………………………………………………12

VIII-       Autoridade tradicional (Soba)………………………………………. …13

IX-          Eleição dos sobados…………………………………………………….14

X-           Poderes……………………………………………………………… …..17

XI-          Privilégios fundamentais dos sobas………………………………. ….17

XII-        Sobas em relação ao matrimónio…………………………………. ….18

XIII-       Lugares Sagrados……………………………………………………. …19

XIV-      Estrutura do poder mágico-religioso……………………………….. …20

XV-       Sobetas………………………………………………………………... …23

XVI-      Concelheiros………………………………………………………….. …24

XVII-     Conclusão……………………………………………………………... ...26

XVIII-   Sugestões

XIX-      Referências Bibliográficas

 

 



 


 


PENSAMENTO

“O verdadeiro conhecimento nunca se desgasta. Quanto mais se dá mais se tem” (Saint Exupèry-Versão)



 


 


APRESENTAÇÃO

Caro leitor, a pesquisa que tens em mão, não é uma mera utopia, nem fruto do acaso. É sim resultado de uma árdua investigação, buscas constantes de dados que ajudam a compilar labores com estes calibres. Mas do que nunca, actualmente o mundo caminha a passos firmes, rumo a cientificidade.

Nesta conformidade, nós hodiernos que somos, não nos excepcionamos a esta regra. Por isso redigimos com vista a cientificar-nos e cientificar tudo aquilo, na qual se envolve a acção humana.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 
 


DEDICATÓRIA

Dedicamos este labor ao excelentíssimo professor, e querido “Mestre António Jinja” pelo empenho, destreza e dedicação na transmissão dos conhecimentos; aos magníficos colegas da especialidade de História da Educação, nossos companheiros que juntamente estamos a jornadear no mundo do conhecimento científico; e a todos que iram contemplar duma forma recta ou obliquo dos conhecimentos contidos neste manuscrito.

 



 


 


AGRADECIMENTOS

Primeiramente ao pai celestial, por nos ter proporcionado a força e a vontade de efectuarmos este trabalho.

Gostaríamos de expressar também nossa gratidão a todos aqueles, que directas ou indirectamente cooperaram para que esta contenda fosse finalizada.

Por outro lado, apreciamos o apoio moral e financeiro que tivemos do nosso prezado e amado Mestre” António Jinja”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 
 


 INTRODUÇÃO

         É com grande apanágio que neste presente trabalho vamos abordar a temática com atractivo O Sobado, ou seja, a Autoridade Tradicional (Soba)”; desde os tempos remotos foi uma figura de grande reputação, e constitui elemento nuclear da sociedade.

É considerado como chefe da família alargada que representa um colectivo, possuí um território próprio e reputa prestígio e autoridade junto a comunidade que lidera, preservando os seus usos e costumes.

O Governo Angolano, num gesto de reconhecimento do grande contributo que as autoridades tradicionais prestaram na luta de resistência contra a ocupação colonial pela paz e reconstrução nacional, tem vindo a desencadear entre vários projectos candecentes, a melhoria da população angolana, outros relacionado com o enquadramento no sistema jurídico angolano, instrumento que visa a institucionalização do estatuto da entidade tradicional.

Neste contexto, na sequência dos conteúdos adquirido acerca da autoridade tradicional, ou seja o sobado, foram adoptadas importantes conclusões e recomendações, partindo da base de encontros Municipais e não só, onde foram elaborados relatórios dos debates, contendo por sua vez conclusões e propostas que podem ser encontradas nesta contenda.

         Mas para melhor entender a respeito do mesmo, devemos em primeira estância proferir no que concerne a sanzala, visto que sem a sanzala não existiria o sobado.


 

SANZALAS E SOBADOS

Sanzala é o conjunto de indivíduos, ligados por laços de parentesco, com antepassados comuns, com direito ao solo onde vive e um corpo de divisão interno materializado num chefe de família que é o chefe supremo.

FORMAÇÃO DE SANZALAS

As sanzalas podem formar-se de duas formas: entre elementos do mesmo grupo e entre elementos de etnias estranhas.

As sanzalas formam-se entre elementos do mesmo grupo por:

·         Consanguinidade de elementos, antes dispersos.

·         Casamento.

·         Questões.

·         Escassez de recurso, no local anterior.

·         Epidemias no local anterior.

·         Morte de entes queridos ou pessoas de destaques, no local anterior.

·         Expulsão da sanzala anterior.

As sanzalas formam-se entre elementos de etnias estranhas ou visitas por:

·         União de elementos da mesma tribo, antes dispersos.

·         Casamentos.

·         Questões (expulsão, etc.)

·         Escassez de recursos na sua etnia.

Porem, em terra estranha, terá que obter direito ao solo, por cessão de terra feita pelo soba. Não é raro também o caso de varias sanzalas se confederarem.

TIPOS DE SANZALAS

Há cinco espécies de sanzalas a considerar, no direito consuetudinário:

a)     Sanzala de individuo;

b)   Sanzala do pai;

c)    Sanzala da mãe;

d)   Sanzala da mulher;

e)    Sanzala dos espíritos.

Sanzala de individuo- é aquela onde se exerce o seu poder paternal.

Sanzala do pai- é aquela onde esse poder é exercido pelo pai do individuo.

Sanzala da mãe- é aquela em que o mesmo poder é exercido pelo irmão primogénito da mãe.

Sanzala da mulher- é aquela em que o poder é exercido pelo pai ou pelo tio da mulher.

Sanzala dos espíritos- compreende todos os espíritos de todos os antepassados comuns das anteriores sanzalas.

Cada individuo está dependente, simultaneamente de todas estas sanzalas, na sua vida e relações.

TRIBALIZAÇÃO

A tribalização adquire-se entre eles:

a)    Por filiação

b)   Por naturalidade

Regra geral só o parentesco dá a tribalização. O individuo nascido de homem e mulher de uma tribo pertence a esta tribo. O que for nascido de estranho pertence a tribo do pai (por vezes o da mãe, principalmente se o individuo nascido é do sexo feminino). Todavia, se os pais por qualquer motivo, deixam de exercer no recém – nascido o paternato, a tribo acolhe-o e naturaliza-o.

O nascimento em tribo estranha faz adquirir essa tribalização, mas é necessário os seguintes requisitos:

1-    Que os pais percam sobre o filho o poder paterno; ou

2-    Que o individuo nascido se transforme, pelo uso em escravo; ou

3-    Que o cordão umbilical seja enterrado na tribo onde se naturaliza; ou

4-    Que tratando-se de uma visita, se sujeite a diversas modalidades: tomando nome da criança, como se tivesse nascido então, sujeitando-se a todas as cerimonias que acompanham a vida de um ser desde que nasce, concorrendo as vezes mais do que uma ou duas modalidades apontadas em conjunto.

A tribalização perde-se, entre eles:

a)    Por residência fixa e duradoira em tribo estranha.

b)   Por expulsão do individuo da tribo, em virtude de sentença ou maldição do pai.

c)    Por fundação de sanzala em tribo em tribo estranha.

DIREITOS DOS MEMBROS DA TRIBO

São direitos e deveres dos indivíduos:

Individuo livre:

·         A defesa dos membros da sua família e tribo, mesmo que se encontre distante dela;

·         Estadia, hospitalidade e comida quando em trânsito;

·         Poder contratar casamento verdadeiro;

Individuo dependente:

·         Naturalização da tribo do patrão;

·         Protecção do patrão;

·         Maternidade fictícia das mulheres do patrão (são considerados, juridicamente, como crianças);

·         Alforria pelo resgate, pela fuga asilo em tribo estranha ou por morte.

Individuo em trânsito (visitas):

·         Dormida, alimentação, estadia, pelas leis de hospitalidade;

·         A seguir (sendo mulher) o marido para sua tribo ou sanzala;

·         A fixar-se numa aldeia, sendo artista;

·         A instalar-se em sanzala diferente, por virtude de expulsão da sua.

 

SOBADO

Pode-se designar por Sobado, o conjunto de sanzala debaixo da autoridade de um chefe, conhecido entre nós, por soba.

A um sobado, geralmente pertencem só individuo de determinada tribo; Isto não quer dizer que a tribo seja uma reunião de sobados de uma região.

A tribo pode estar espalhada por muitas regiões e formando vários sobados, distantes muitas das vezes dos sobados donde provieram e frequentes vezes ate já esquecidos dos seus hábitos que foram modificados por novas alterações de usos e costumes. Um exemplo mais característico é a tribo va-txivóque (quiocos) que se encontra espalhada, mais ou menos por toda a província, geralmente com um soba em cada área administrativa. Com a dispersão confusa das tribos angolanas é mesmo completamente impossível, reunir actualmente, cada tribo à volta do seu grande e verdadeiro soba.

Por vezes, duas ou mais tribos, por conveniência de fertilidade de solo ou por qualquer outro motivo, misturam-se entre si, chegando a casarem-se os indivíduos dessas tribos e fazendo a celta altura tal mistura que chegam a tomar a designação de nova tribo, com novos usos e costumes. Esta fusão não é rara.

As terras repartem-se pelos diferentes sobados, delimitando-se por rios, árvores, rochedos ou montes, mas a delimitação é bastante contingente. O soba pode autorizar que as suas terras sejam ocupadas por qualquer tribo.

 

 

 

 

 

 

 

AUTORIDADE TRADICIONAL (soba)

                                                 GÉNESE                    

Tem origem da necessidade de haver alguém na comunidade que assumisse a sua liderança. Assim a comunidade organizava-se e elegia o seu líder a quem todos devem obediência. Esta decisão era fundamentada pela existência de conflitos, calamidades naturais, crenças na existência de um supremo (Deus), entre outros.

 A ascensão ao poder do Osoma (soba) obedece a linhagem materna ou paterna do antecessor ao reinado proposto, com o simbolismo de bengala ou vara respectivamente.

CONCEITO

Soba é uma autoridade regional tradicional de Angola, ou seja, é o chefe que dirige o sobado, faz respeitar as leis, as aspirações do povo e a génese dos hábitos e costumes de cada tribo. E designado assim entre nós, porque lhe chamam segundo as etnias; “Gana, Infumo, Hamba, Jaga, Soma, Dembo, etc.

ESTRUTURA

As autoridades tradicionais, podem ser designados por: Regedor, soba e Seculo. Existem dois tipos de Sobas, o Soba Grande (regedor) e o Soba.O Soba

Grande é o Soba que lidera os outros Sobas na comunidade.

Este tipo de hierarquia é muito tradicional, por isso muitas vezes é difícil de definir claramente os papéis e as responsabilidades de cada um, já que estão interligados pela cultura e contexto locais.

As designações acima descritas variam de acordo com a região, como por exemplo:


LOCALIZAÇÃO

O lugar de um soba designa-se por Ombala, lugar sagrado para resolução de problemas; é o local de tomadas de decisões, solidarizando com as ideias do seu povo.

Ombala

·         Este termo na língua nacional traduz-se como: terra natural de um cidadão acato e poder da autoridade tradicional e administrativa.

·         Lugar onde reside o soba, chefe das aldeias (Ovambo) chefiadas pelos seculos, formando assim o sobado.

·         Ovambo é o nome que se dá as aldeias dirigidas pelos “dá licença” seculos (Olo sekulo).

·         A Ombala deve estar situada numa região onde existe uma comunidade, estruturadas em aldeias ou bairro, dirigidas por chefes de famílias e seculos em número de 7 a 10.

ELEIÇÃO DOS SOBAS

A Eleição dos sobas ocorre de diferentes formas; Em determinadas regiões de Angola há um conselho de sobas que escolhe o soba, noutras a sucessão é realizada por linhagem em que o sobrinho, filho de uma irmã, toma o lugar do seu tio por morte deste.

A eleição dos sobas (na quibala, por exemplo) é feita entre os sobrinhos do antecessor, pelos conselheiros e ajudantes do sobado, ou sejam, os anciães da tribo. O primeiro veterano (Meu-cárie) pode nalguns casos subir, mas somente quando a primeira mulher do falecido (Inacuio) concordar com essa nomeação. O soba usa como distintivo á frente do vestuário, uma pele de gato bravo (Onjui) e um pau, enfeitado na parte superior com pregos amarelos e anilhas de cobre ou fio do mesmo mental. Essa pele também costuma ser usada pelos veteranos importantes (nobres) e pelos sobetas.

Noutras etnias (Musseles) os sobas são eleitos entre os sobrinhos do antecessor, mas na falta, podem ser escolhido entre os netos pela linha materna. Também pode ser um estranho, mas nobre. Os sobas usam como distintivo, uma pele de onça ou se soba de pouca monta, de qualquer felino. Outros usam a pele do gato bravo (chamada Dinde). Também fazem parte das insígnias, as pulseiras (alunga-io-`ngala), uma de marfim e outras de cobre. O fogo é sempre conservado na residência do soba, por um individuo nomeado (Omuene-Dalo) para tal fim.

Esse fogo só é extinto por morte do soba. Quando mudam de soba, todos os lares são limpos, deitados fora todos os utensílios de cozinha e acendem as fogueiras novas, indo um por um buscar fogo a casa do novo soba. Em certos compartimentos não podem entrar nem mulheres, nem qualquer homem; Só os veteranos nomeados e os encarregados de missões secretas. Os outros são recebidos na palhota das reuniões (django).

Em certas etnias a eleição do soba novo recai ou no irmão, ou no primogénito dos filhos da irmã mais velha, ou até (embora raras vezes) no filho primogénito do antecessor.

Por vezes (Dembo), a eleição é feita pelos sobetas. Na maioria das vezes, a nomeação recai de preferência num homem, mas, muitas etnias também nomeiam mulheres para o cargo de soba, como por exemplo: Lundas, Cuanhamas, Moxico, Bié, etc.).

Se por sucessão, uma etnia ficou a pertencer a uma mulher, são os sobrinhos destas que sucedem, como herdeiros de tudo que lhes pertence. Na falta de individuo masculino o sobado contínua a pertencer as mulheres. No caso do soba anterior ser um homem: só, acidentalmente uma mulher interrompe a linha masculina.

Se sé trata de uma etnia com uma mulher soba e se por sucessão, ficou a pertencer a um homem, são os sobrinhos ou sobrinhas deste que sucedem na chefia. Também só acidentalmente um homem interrompe a linha feminina, dando-se preferências às mulheres.

Porém, quer num quer noutro caso, é sempre respeitada a linha uterina, isto é, só os sobrinhos nascidos da irmã são considerados herdeiros legítimos.

Porém, com o governo de mulheres-sobas, não se julga que se torna despótica esta espécie de ginecocracia. Só a mulher-soba desfruta de certas regalias, certas concessões especiais e certos direitos sobre cada homem. Mas a vida tribal é feita nos moldes habituais: O homem é que é sempre o chefe da família, embora nas questões (concordemos) haja a tendência para beneficiar as mulheres.

Já no Balombo a eleição do soba grande, segundo o regedor Bastana Jundo é feita da seguinte maneira: O mesmo é eleito pelos sobas, e é apresentado na comunidade, depois é feito o alambamento que é composto por : uma cabaça de quiçângua, um balaio de fuba e dinheiro, em seguida é enviado para uma casa sagrada designado por etambo, onde é esfregado o azeite; Ao sair desta residência dão-lhe uma veste e um pau denominado por Bengala (bengala de sobado, quando morrer, o filho ou sobrinho é que vai receber a bengala); é encaminhado a cadeira de tomada de posse, neste dia deve usar calçado de pele de boi e lhe é esfregado no pé, azeite e outros medicamentos, só assim é considerado como soba grande. Mais tarde é feita a comemoração alusivo ao acto.

Este cerimonial é um verdadeiro festival comunitário capaz de convencer os antepassados e nesta ordem de ideias a comunidade deve participar com toda rigorosidade.

Eis aqui um exemplo dos passos consideráveis a subida ao trono:


Além do rito de passagem obrigatória, independentemente de ter já passado nele ou não, o candidato deve por excelência conhecer a étno-historia da sua comunidade e esta é demostrada através da narração completa de todos os antepassados que por ai passaram e reinaram, depositados em Akokôtó.

                                              PODERES

O Soba toma decisões, organiza eventos especiais, desempenha o papel de juiz e age de forma a prevenir o aparecimento de problemas externos à comunidade, tais como a feitiçaria.

As suas funções são a de fazer a ponte entre a comunidade e governo, informarem-se dos problemas, investigar as causas e obter soluções, de problemas relacionados com a morte, doença ou outros assuntos similares.

É também o responsável pela segurança da comunidade e estabelece as regras que devem ser aplicadas.

O Soba trata localmente dos problemas sociais ou tradicionais, como a feitiçaria. Se não for capaz de resolver localmente os problemas, o Soba faz um relatório para apresentar ao Soba Grande que o irá analisar e em colaboração com outros Sobas decidirá o que fazer.

Sempre que à descontentamento local é o Soba que representa o povo perante a Administração Municipal, para expor os problemas e os tentar solucionar.

PRIVILÉGIOS FUNDAMENTAIS DOS SOBAS

Geralmente os sobas têm os seguintes privilégios:

·         Decidir, ouvindo o conselho ou assembleia de veteranos, as questões chamadas segundo as etnias, Maca, Indaca, Ondaca ou Milonga, Ulonga ou Funda;

·         Impor multas aos seus súbditos por transgressões às normas do direito ancestral (tratamos fizemos bem, de direitos segundo os usos e costumes e não de leis escritas);

·         Ser o único que pode ser transportado em tipoia;

·         Ser o único que pode sentar-se na cadeira do soba;

·         Receber uma parte da caça morta pelos seus homens (em regra, uma perna);

·         Ser dignificado no tratamento com títulos especiais (Muene, ´Gana, Dandi, etc.) exclusivos de sobas;

·         Ser o primeiro a fazer a habitação em sítio novo e a acender a primeira fogueira;

·         Ser o primeiro a inaugurar os campos, nas cimenteiras semeando as primeiras sementes (nalgumas etnias);

·         Ser o primeiro e sumo feiticeiro, único que pode proceder a determinadas cerimónias;

·         Possuir as insígnias de soba, (peles, pulseiras – o ´´lucano`` dos lundas, um dente ou pertença do soba falecido).

OS SOBAS EM RELAÇÃO AO MATRIMONIO

O matrimónio que se realiza entre um homem com varias mulheres na tradição umbundo toma o nome de (O luvale), o que significa adicionar as mulheres.

O oluvale e uma instituição sociocultural ambundo em que um dado homem, geralmente com certos poderes sociais, políticos ou económicos, procura prestigiar-se contraindo vários matrimónios; em que todas as esposas são legitimas e conquistam uma posição social enquanto mães casadas; em que o homem marido e pai consegui consolidar a sua posição social, em que a comunidade admite, aceita e respeita as partes envolvida desde que cumpram com o que a comunidade admiti, aceita e respeita as partes envolvidas desde que cumpram com o preceituado nas tradicionais matrimoniais. Apesar de ser pouco vulgar pela sua rigorosidade reduz o concubinato, a quantidade de mães solteiras e a prostituição.

Das constituições matrimoniais do sobado, a primeira esposa goza de um estatuto especial, é mãe numero um, dela depende toda gestão interna da família e da ombala. Em suma, é a Nassoma, a concelheira do soba. Constitui o soba em todos os aspectos da vida interna familiar.

Os filhos são de todas as mães, curiosamente desde aos primeiros momentos da gestação. Significa dizer que as esposas assumem-se mutuamente desde a gravidez. Acompanham-se, apoiam-se, assistem-se desde o primeiro mês ao parto, sem fazer recurso a maternidade. Trocam experiência da vida material e da maternidade sempre com maior êxito. A preocupação de uma é nas mesmas proporções de todas. O parto é realizado por elas sem a necessidade de chamar individuo externos. Quando a conscidência nos partos qualquer uma pode assumir o bebe da outra, dando de mamar, banho ou de comer. Os filhos crescem de tal forma sem que necessariamente saibam distinguir quem é, quem não é a mãe progenitora. Gozam do direito de terem um colectivo de mães com as mesmas responsabilidades. Se uma mãe ausentar-se e deixar o seu bebe as outras tratam-no sem descriminação. Pela harmonia existente a olho nu, parece não haver condições para os distinguir, são dados reais mais difíceis de aceitar.

LUGARES SAGRADOS

            São lugar onde se encontram reservados os crânios dos sobados, ou seja, lugar onde os líderes se comunicam com os seus antepassados, e também acolhem os rituais de extrema importância para as comunidades, tais como:

            Etambo – casa grande onde o soba (Osoma), comunica-se com os seus antepassados;

            Elombe – Lugar sagrado do Oñala (Soba-Osoma).

            Akokoto – Lugar sagrado onde são depositados os crânios dos sobas (Olo soma) de forma ordenada, conforme a sua sucessão.

            Nos akokotos, só é permitida, a entrada, a pessoas especificas (de linhagem) para fazerem o trabalho de remoção dos crânios e sua preparação com óleo de palma, mudança de lençóis, bem como para evocar aos espíritos para que haja chuva para uma boa safra.

            Tchoto – Lugares onde são tratados todos os assuntos tradicionais.

            Ayeyi – Floresta sagrada onde são localizadas os akokotos.

            Ayambo (cimiterios) – lugares sagrados onde são sepultados os restos mortais de pessoas comuns.

            Heguity – E uma casa onde os meninos e as meninas realizam ekuenje efeko-makunga, também local da realização das exéquias fúnebres.

            Otchissimo ou Onjombo - é um sítio onde sai água para beber, que não se pode ir com calçados.

            Os sítios e lugares sagrados são de extrema importância para a comunidade, pós para elas são como santuários onde vão buscar protecção dos seus antepassados e a propriedade da vida de cada um.


 

 

ESTRUTURAS DO PODER MÁGICO-RELEGIOSO

            O contexto do universo ideológico Umbundu e todas as relações adstritas a ele tem conhecido muitas personagens míticas. O exemplo mais evidente ressalta em duas: A Ocytùká, - qualquer coisa comparada com o sortilégio Europeu, e a Ocilyàngú, - também conhecida nas zonas urbanas e designada de bruxa. Um outro exemplo característico, é o facto de serem na grande parte dos casos, interpretadas com personagens de índole feminina de circulação e âmbito nocturnos.

            A Ocytùká, representada por uma beldade, tem a função de atrair e seduzir os homens que durante a noite deambulam de rua em rua à procura de mulheres. Isto coloca os homens em posições mais cautelosas, isto é, saber e ter a máxima certeza de que, está perante um ser realmente humano, pois a capacidade que a Ocytùká tem de metamorfosear-se em imagens de pessoas conhecidas quando pretende apoderar-se de alguém pode ser maior. Muitos homens não dão facilmente por isso e para evitar serem vítimas baratas a melhor precaução é deixar de andar desnecessariamente durante as noites. Como se vê esta figura desempenha o papel de controlo e policiamento da comunidade durante as noites o que ajuda a reduzir as relações ocasionais entre as mulheres e os homens.

            A Ocilyàngú, à semelhança da outra, também de índole feminina é nocturna, voadora e ruminante. Ao contrario da Ocytùká bonita mulher, atraente sedutora, esta por características da sua própria natureza anda despida, sem qualquer peça de vestuário no seu corpo, dança durante as noites nos quintais alheios e apropriar-se dos bens de outras pessoas com os quais anda pelos cemitérios, em reuniões com as outras da cúpula e quando cansada leva de voltas os utensílios e bens utilizados.

            Os resultados destas manifestações terminam, o que é óbvio, com desaires por parte das suas vítimas. A comunidade atenta pode prevenir-se não deixando nada fora de casa durante as noites e portas bem fechadas durante os dias para que não haja pretextos para desgraças.

            Ambas personagens abandonam os seus corpos nas suas casas durante as noites de incursões, quando estão em sono e só com os espíritos circulam pelas ruas, e gostam de celebrar festas nos cemitérios onde devoram suas vitimas que em geral, são os membros das suas comunidades. Enquanto com a Ocytùká pode-se abordar, a Ocilyàngú não pode ser encontrada em nenhum momento da vida. Caso tal aconteça provoca dasaire em toda a parentela de quem a viu. As comunidades acreditam que elas existam e creem de igual forma em seus efeitos malignos, embora não se compara com efeitos de outras figuras de índole, por vezes, similar como Onganga, Ocilùnlú e Olondumba ou Olomindule.

            Para detectar a Ocilyàngú é preciso sair na calada da noite totalmente nu e seguir os seus rastos. Acontece porém, que praticar esta acção implica ser igual a ela e como ninguém quer ser, a sua descoberta torna-se impossível.

            Exemplo das figuras míticas, temíveis por serem reguladores do comportamento social da comunidade rural.


            Como se pode ver, estas representações são meramente comunitárias e participam do sistema de governação, mormente na manutenção da ordem e da conduta social através de algumas regras geridas pelas autoridades consuetudinárias. Independentemente das personagens apresentadas, tudo o que esta ligado ao puder é temível, do ponto de vista magico-religioso pelos membros das comunidades que acreditam que os objectos e tudo que esta ligado aos sobas detém poderes mágicos. Por este motivo todas as pessoas invulgares, ou mesmo desconhecidas na comunidade são temidas, pois nunca se sabe o quão pode agir contra outrem em qualquer ocasião.

            O excesso da crença ao invisível, o sobrenatural, faz com que as pessoas deixem de andar fora da hora ou de ter contacto com coisas estranhas. E as relações sociais na comunidade ficam efectivamente reguladas e a comunidade fica nivelada entre estratos sociais fechados.

            Tudo isto porque a comunidade é constituída por membros vivos e os não vivos, os antepassados não gostam dos malfeitores e sempre que um mal acontece, pagam-no igualmente pelo mal. A relação entre os vivos e os não vivos passa pelos mais velhos que detém o conhecimento histórico e poder da sabedoria comunitária. Toda a comunidade tem consciência disso. O único mal permitido é dos antepassados, logo, é impune e só acontecem quando estes lançam a sua ira sobre a comunidade, quando esta através do seu representante Osoma, comete. Quando isso acontece é urgente aplaca-los com cultos e sacrifícios em akokôtó (templo sagrado) senão Ofeka Ipwa (a comunidade desaparece).

            Por exemplo, o respeito aos adultos e as mulheres esposadas, a obrigação de deixar o caminho livre aos adultos e aos desconhecidos, a obrigação dos mais novos saudarem aos adultos sem dar as mãos, não fazer trabalhos ruidosos durante a noite, não mexer em cisa alheias e estranhas e todas as permições e proibições, constituem exemplo mais evidentes, sob pena de okuhôliwa ou em outras vertes locais okulohiwa do verbo okulolwa ou okuhôla (amaldiçoar ou praguejar o que é muito considerado nas zonas rurais).

            Como se pode entender, os tabus definem as leis e normas sociais da comunidade, porque fazem parte da gestão politica e jurídica dos sobas. Estes impõem-se na convicção de que tudo o que querem fazer podem e as comunidades acreditam nos seus poderes. Quando um soba atinge esta capacidade, e que consegui convencer as comunidades, recebe o titulo de Osomay`cili, (soba Verdadeiro).

            O soba verdadeiro, no exercício das suas funções, não pode vulgarizar a sua imagem. Porem tal evita aparecer ao público desnecessariamente, e nas cerimónias públicas é o ultimo a intervir. O mesmo acontece com todos os vakwelombe e muito especial com as Olonasoma, por serem as conselheiras primaria dos sobas.

SOBETAS

Uma ou mais famílias isoladas ou reunidas, formam a sanzala ou sanzalas, as quais em conjunto (outras vezes, a cada sanzala corresponde o seu sobeta), ficam abaixo da autoridade de um chefe, vulgarmente conhecido por sobeta (também chamado Século, Macota, Muene, Mutata, Lenga, etc.), Os sobetas estão subordinados aos sobas.

Por vezes, uma ou mais famílias, por rivalidade dos seus membros, por falta de terras férteis, por morte de um individuo importante ou por qualquer outro motivo, destacam-se da etnia-mãe e vão longe em busca de novas terras ou condições de vida mais favoráveis. Formam sanzalas destacadas, muitas vezes continuando fieis aos seus antigos costumes, a respeitar a sua ascendência, a falar nos seus antepassados, do seu soba; outras vezes arranjam novo chefe e por vezes, até se tornam independentes de tal forma que dão nova designação a sua tribo.

Umas vezes, as famílias emigradas assimilam os usos e costumes da etnia onde vão fixar-se e em duas ou três gerações, mesclaram-se e não se distinguem; outras vezes dá-se o inverso e uma determinada etnia assimila novos usos e costumes desses emigrantes, uma e outra, causas da modificação de certos usos e costumes dentro de uma mesma tribo espalhada por diferentes e afastadas regiões; outras vezes ainda, a etnia é refractária a intromissão de novos elementos imigrados e estes, insolando-se formam Sanzalas, os conhecidos moradores (na Lunda, por exemplo), que são verdadeiros oásis na imensidade de etnia principal e numerosa.

CONSELHEIROS

Conselheiros são os veteranos ou nobres da alta jerarquia que pelo seu saber e dignidade, ocupam determinados cargos. Porém, digamos esses cargos são como que nomeações honoríficas porque o seu papel nas etnias (principalmente os veteranos) é o de conservarem as leis que como se sabe são orais e tradicionais, aplicando-as nos casos especiais em que é necessário manter a tradição.

De vários conselheiros de um soba, temos os que desempenham as seguintes funções:

- O que provoca e dá ordens (Balanca, Muene-Daca, Quixo-cota, etc.);

- O seu substituto (Quimbongo, etc.);

- O assessor nas questões (Golombole, Cassanje, Muene-Calei, etc.);

- O que mantém a ordem (Cacuata, Muene-Senje, etc.);

- O agente da ligação (Mucaije-à-`Ngola, etc.);

- O que trata dos assuntos internos (Muelombe, etc.);

- O que trata dos festejos (‘ Ngambole, Muene-Dundo, Muene-Txilala, etc.);

- O chefe das guerras (Quessongo, quissuapula, etc.)

- O sumo feiticeiro (Cacope, etc.);

- O que trata dos haveres do soba (Caicúa, ‘Ndengue, muene-Sapi, etc.)

- O substituto do soba, nas suas ausências e impedimentos (Muene-capitango, etc.).

 

 

 

 

 

 

 

 

CONCLUSÃO

Depois de uma profunda e incansável indagação em volta da temática central, preza-nos à realçar que:

·         O Sobado é a autoridade máxima da comunidade tradicional.

·         A forma de governação do sobado desde então obedecia a pertença a família.

·         Só pode ostentar o lugar de regedor quem já é soba por ter um vasto domínio e conhecimento sobre o sobado.

·         Regedor é o elo de ligação entre a administração e os sobas.

·         O processo de sucessão das autoridades tradicionais, no interior obedece a linhagem familiar, enquanto no litoral actualmente, um soba é indicado pela comunidade com base no seu comportamento e não por linhagem.

·         Como parceiros do estado dinamizam a política junto das comunidades, fazendo cumprir as leis, num objectivo comum entre governo e o povo.

·         Os casos cíveis são resolvidos ao nível do sobado, ao passo que os casos judiciais são da responsabilidade dos órgãos competentes do estado.

 Finalmente, é relevante realçamos com toda firmeza que, o soba desempenha um papel preponderante e concomitante no que concerne a estrutura da sociedade no ponto de vista tradicional.

 

 

 

 

 

 

 

SUGESTÕES

Este tema reveste-se de capital importância não só para os estudantes do curso de ciências da educação, mais sim a todos indivíduos que se encontram imbuído no mundo do saber, assim sendo, fizemos as seguintes sugestões:

·         Que temas deste género sejam cada vez mais investigados e debatido nos centros educacionais.

·         Que seja mais aprofundado o estudo analítico da Cultura Tradicional Angolana.

·         Que se quebrasse o tabu, e que as famílias falassem mais acerca da Cultura Tradicional Angolana.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 
 



 


 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Mário Milheiros / Notas de etnografia Angolana, Instituto de investigação científica de Angola, Luanda-1967.

Altuna, P.R.R. Asúa / 1993 - Cultura Tradicional Bantu, 2ª edição

Autoridade e Poder Tradicional, 1995 – vol.eII,            Maputo

Lemos, Alberto –1929 –Historia de Angola,Luanda,1ªedição

Neto, M.ª da conceição, 2001— Autoridades Tradicionais e Democracia, artigo, pensamentos-suplemento mensal de análise, investigação e reflexão

Pacheco/1997— estudos das comunidades rurais no Huambo, conclusões, poderes tradicional ao poder local?

Pereira, Virgílio Fontes; S\d— poder local e Desenvolvimento, artigo, s\L, S\ed.

Redinha, J— 1973— Mascara, e Mascarados Angolanos, FTPA, CITA

Arcanjo- os sobas, apontamento etno-Históricos sobre os ovimbundos de Benguela— 1ª edição de 2012 

Manuscrito do segundo encontro Provincial sobre autoridades tradicionais.


 
 Memoria Jondó Bastana, Balombo 2012 — pesquisa de campos (alunos do 1ªano, curso de ciência de educação).

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