quinta-feira, 13 de junho de 2013

Educação Moral e Cívica


Introdução

 

O porquê da educação Moral e Cívica

 
Actualmente a Educação Moral e Cívica é uma das maiores preocupações dos sistemas de educação e ensino. Embora nunca perdeu o seu valor, sim foi relegada a um segundo plano em muitas das ocasiões.
Na nossa realidade actual, contemplando as dores e os sofrimentos dos nossos irmãos na sua luta pela vida, pelo desenvolvimento, podemos ter a tentação de procurar a causa da corrupção social existente no fenómeno, felizmente ultrapassado, da guerra. Não podemos esquecer que vivemos numa sociedade inserida na totalidade do mundo actual, deste nosso planeta que cada dia se torna mais pequeno. Habitamos num mundo ao qual podemos chamar “aldeia global” onde a comunicação torna-nos próximos, e por isso interdependentes.
Os avanços da técnica e das ciências obrigam-nos a preparar o homem e a mulher actual para assumir a existência com a maior e melhor lucidez e responsabilidade. Capacita-los para enfrentar os desafios actuais e serem pessoas em contínua reciclagem, numa atitude aberta e flexível por um lado, e sólida e permanente por outro, com capacidade de compromisso e de solidariedade
 
Vivemos numa época de relativismo, uma época light, época desvirtualizada, na qual tudo serve e tudo é aceitável. O pensamento actual é um pensamento frágil incapaz de responder aos grandes interrogantes que se apresentam nas suas mesmas descobertas. Época da globalização na qual a pessoa é cidadã do mundo. O nosso país é parte dessa realidade cósmica; “…por essa razão, é importante que os actuais avanços políticos, económicos e institucionais da Nação, se façam sentir também no plano social e no plano da mudança de mentalidade.
O Estado deve ser um agente dinamizador da transformação espiritual no resgate dos valores éticos e morais que, ao longo dos muitos anos de conflito, deram lugar a uma mentalidade imediatista e egoísta no seio da nossa sociedade… Nenhum esforço é demasiado, para resgatar a dignidade e a integridade moral e espiritual das nossas famílias”[1]. Época em que partilhamos duma neo-cultura, por vezes imposta, - a maneira duma neo-colonização -, ao mesmo tempo que se faz sentir o reclame do próprio, do particular, do tradicional. “…É preciso rever certos hábitos e tradições, principalmente no contexto da vida urbana, para defender sem reservas o estatuto da família bem estruturada, onde predomine o amor a compreensão e o respeito recíproco, a cooperação e a igualdade de direitos, e se aceite a reprodução planeada e a paternidade responsável”[2]. Vamos encontrando-nos com pessoas desenraizadas que nada sabem de si. E, outras que, conhecendo a cultura do seu povo, vivem de costas ao novo emergir desta nova humanidade. Época dos prefabricados, do nada duradoiro, em que os valores perseguidos são: a eficácia, o dinheiro, o prazer, a comodidade, a eficiência, a produção... Época dum neo-liberalismo. Época em que se quer implantar o sistema democrático como sistema de governo mais aceitável e, ao mesmo tempo, presenciamos as grandes neo-ditaduras que nos deixam incapacitados para faze-las frente.
Preparar o homem e a mulher de hoje para enfrentar esta nova situação é o desafio que se apresenta aos Estados, á sociedade, á família, daí que a Educação Moral e Cívica é uma necessidade imperiosa.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
                                        

TEMA 1

 

Didáctica de Educação Moral e Cívica?

 

 

1.    Porque Didáctica de Educação moral e Cívica?

 
Por Didáctica devemos entender uma disciplina que tende a conduzir o aluno a adquirir algumas noções, operações ou técnicas de trabalho. Em quase todos os programas escolares, as tarefas da didáctica são definidas em termos de noções a adquirir. Pertence ao terreno fáctico do processo educativo.
 
Actualmente a didáctica encontra-se numa posição ambígua do ponto de vista dos métodos. Por uma parte, uns didactas formulam o princípio de que o aluno deve descobrir por si mesmo as noções (C. Rogers, afirma o seguinte: “A minha experiência demonstrou-me que eu não posso ensinar nada ao outro como docente” “Tenho a firme impressão de que a aprendizagem que influencia realmente sobre o comportamento de um indivíduo  é somente o adquirido por ele mesmo”), por outro , há quem admite de facto o aluno como um sujeito passivo que deve receber as impressões vindas do exterior e assim ir adquirindo os conhecimentos. Segundo isto, nos encontramos com tendências educativas bem diferentes.
 
No processo de ensino-aprendizagem podemos falar de processo autodidacta, onde se planifica a própria aprendizagem, escolhendo fontes de informação segundo os próprios interesses, ou heterodidacta, ou bem um processo misto no qual o que aprende assimila aquilo que lhe é ensinado e aquilo que ele próprio descobre.
 
Situemo-nos na disciplina de Educação Moral e Cívica do ponto de vista do professor ou ensinante. Falarmos de Didáctica de Educação Moral e Cívica é falarmos deste processo de ensino-aprendizagem numa perspectiva auto e heterodidáctica. 
A EMC, por ser uma disciplina que visa formar o aluno como pessoa humana em relação e para a relação, não pode consistir numa simples transmissão de conhecimentos mas deve tocar a pessoa na sua complexidade, nos aspectos cognitivos, afectivos, volitivos, psicomotores e espirituais.  
A necessidade de assegurar o desenvolvimento integral dos alunos e as próprias expectativas da sociedade coincidem em demandar um currículo que não se limite à aquisição de conceitos e conhecimentos académicos vinculados ao ensino mais tradicional, mas que inclua outros aspectos que contribuem ao desenvolvimento das pessoas, como são as habilidades práticas, as atitudes e os valores. A educação moral e a educação social constituem um elemento fundamental do processo educativo, que há-de permitir aos alunos actuar com comportamentos responsáveis na sociedade actual e na do futuro, uma sociedade pluralista, na qual as próprias crenças, valores e opções hão-de conviver no respeito às crenças e valores dos demais.
Assim, a Didáctica da EMC deverá estudar as actividades referentes ao Ensino e Aprendizagem da EMC; deverá estudar o processo de ensino da EMC com todos os seus componentes, na sua interligação e desenvolvimento, com vista a alcançar o objectivo de contribuir para o desenvolvimento integral da pessoa humana.

 

2.    Que entendemos por educação moral?

 

A educação moral não tem porque ser necessariamente uma imposição heterónima de valores e normas de comportamento, mas também não se reduz á aquisição de habilidades pessoais para adoptar decisões puramente objectivas.
Pretende colaborar com os jovens para facilitar-lhes o desenvolvimento e a formação de todas aquelas capacidade que intervêm no juízo e na acção moral a fim de que sejam capazes de orientar-se de maneira racional e autónoma naquelas situações que lhes apresentem um conflito de valores. Precisamente, a Educação Moral supõe orientar-se autonomamente em situações de conflito de valores, pelo que não pode ser considerada como prática inculcadora de valores. Seria melhor entendê-la como lugar de mudança e de transformação pessoal e colectiva, como lugar de emancipação; como lugar de entendimento e de criatividade colectiva, como lugar de diálogo e acordo entre pessoas e grupos, que ajude a:
 
1.      Detectar e criticar os aspectos da realidade quotidiana e das normas sociais vigentes.
2.      Construir formas de vida mais justas, que nos âmbitos  interpessoais como nos colectivos.
3.      Elaborar autónoma, racional e dialogicamente princípios gerais de valor que ajudem a ver criticamente a realidade.
4.      Conseguir que os jovens façam seus aqueles tipos de comportamento coerentes com os princípios e as normas que pessoalmente tiverem construído.
5.      Lograr que adquiram aquelas normas que a sociedade, de forma democrática, e procurando a justiça e o bem-estar colectivo, se deu a si própria.
 
A Educação Moral, porém, dá-se sempre sobre um plano de fundo da socialização, sem o qual nada é possível. Poder-se-ia dizer que a Educação Moral e a socialização são dois aspectos da educação à procura de equilíbrio.
A Educação Moral implica a decisão consciente de mudar o curso dos acontecimentos; implica construção voluntária da própria história pessoal e colectiva.
 

3.    Modelos de Educação Moral

 

É normal que os educadores, de modo implícito ou explícito, apliquem sempre algum modelo de educação moral. Porém, a teor das circunstâncias e os modos de pensar predominantes, estes modelos de Educação Moral mudaram notavelmente.
 
§   O primeiro modelo, que chamamos de valores absolutos, fundamenta-se nalguma concepção do mundo que permite derivar valores indiscutíveis e inalteráveis, valores que costumam impor-se com a ajuda dalgum poder autoritário, e que regem minuciosamente, mediante normas e costumes, todos os aspectos da vida pessoal e social. É evidente a necessidade de explícitas e insistentes práticas educativas. Práticas que têm como principal finalidade a transmissão dos valores e das normas que se devem respeitar. Este trabalho levar-se-á a cabo pelos meios que em cada caso se julgarem mais oportunos – instrução, convencimento, inculcação, adoutrinamento ou outros -, e utilizando as coacções necessárias para conseguir que os alunos adquiram os valores propostos.
§   Quando o modelo de valores absolutos entra em crise, costuma impor-se um segundo modelo de educação moral baseado numa concepção relativista dos valores. Fundamenta-se na convicção de que o acordo num tema como o dos valores é uma questão casual, e que não há nenhuma opção de valor preferível em si própria às outras; na realidade, avaliar algo é uma decisão que se baseia em critérios subjectivos. Diferentemente do modelo anterior, não podemos dizer que um valor seja bom ou mau; tudo depende de circunstâncias, condições ou momentos que cada um deve considerar e avaliar. Socialmente, estamos perante uma situação de simples coexistência de valores. Pedagogicamente, este modelo tende a limitar a função da educação moral. Na realidade, não há nada que ensinar, excepto a habilidade para decidir em cada situação o que convém a cada indivíduo. Dado que a decisão é puramente individual e os motivos não são sempre fáceis de explicitar e partilhar, a tarefa de educar moralmente fica muito limitada.
 
O modelo relativista de valores merece algum comentário. Nutre-se de tendências morais como o cepticismo, o emotivismo e o reducionismo, tendências que não dão resposta adequada aos problemas morais que na actualidade planeia a vida colectiva.
o          O céptico não pode afirmar que uma acção seja melhor do que outra, actua sempre supondo que não existem acções preferíveis e que tudo está em função da cultura e as circunstâncias em que se encontra o sujeito actuante. Esta posição torna relativo de tal maneira o valioso que no seu excesso, torna impossível a afirmação de valores básicos, como, por exemplo, o da vida ou os definidos pelos direitos humanos.
o          Pela sua parte, o emotivismo impede qualquer afirmação sobre a verdade ou a falsidade dos valores éticos, e deixa que seja a sensibilidade subjectiva a que determine o desejável.
o          Finalmente, as posições reducionistas pretendem explicar o dever ser moral em função do que já é o que deve ser, ficam referendados como bons todos os comportamentos morais pelo mero facto de se manifestarem, o que nos obriga a aceitar inclusive injustiças geralmente reconhecidas. Em consequência, tal posição não parece adequada para fundamentar o comportamento moral; isto porque o existente não esgota o que a realidade está disposta a oferecer-nos e o comportamento moral obrigado a pretende conseguir. É um modelo impróprio e insuficiente para guiar um currículo de educação moral e cívica.
 
§   Não são os únicos modelos, mas cada dia são mais claros os passos para definir uma educação moral baseada na construção racional e autónoma de valores. Tal modelo não defende determinados valores absolutos, mas também não os torna relativos. Afirma que não tudo é igualmente bom e que há possibilidades baseadas na razão, o diálogo e o afã de determinar alguns princípios valiosos de carácter abstracto e universal que podem servir de guias do comportamento dos homens em situações concretas. Defende-se a possibilidade de usar livre e autonomamente a razão para elaborar critérios que posteriormente servirão para justificar normas concretas de comportamento.
 
Esta proposta desenha uma personalidade moral que deve integrar:
o     Os princípios formais sobre os que descansa a moralidade, mas que sabe depois aplicá-los a fim de se fornecer de normas materiais apropriadas para resolver situações históricas e, finalmente, que é capaz de traduzir os seus princípios de valor e as suas normas concretas em comportamentos efectivos, coerentes e auto-dirigidos, que provavelmente acabarão por conduzir à formação de hábitos desejáveis e queridos.
Desde a perspectiva pedagógica, pode dizer-se que estamos perante uma educação moral de mínimos; uma educação moral que, mediante o diálogo, a reflexão, a empatia e a auto-regulação, quer ser capaz de facilitar a construção de uns princípios que sejam universalmente aceitáveis, e que permitam não só regular o próprio comportamento, mas também, construir autonomamente as formas de vida concretas que em cada situação forem consideradas, além de justas, melhores e mais apropriadas.
 
 

4.    Critérios para educar moralmente numa sociedade democrática e plural

 
Ao propor um modelo de educação moral respeitador da autonomia dos sujeitos e ao mesmo tempo orientado por critérios racionais, afastamo-nos das propostas autoritárias que determinam heteronimamente o que está bem e o que está mal. Separamo-mos também daqueles modelos que, perante um conflito moral, afirmam que só podemos esperar que cada um opte de acordo com critérios subjectivos. Perante um conflito de valores não podemos prescindir do jogo simultâneo destes dois princípios.
 
o  O respeito pela autonomia de cada pessoa, que se opõe à pressão exterior que afoga a consciência livre e voluntária.
o  A razão dialógica que se opõe às decisões individualistas que não contemplam a possibilidade de falar com vontade de chegar a um acordo sobre tudo aquilo que nos separa quando nos encontramos perante um conflito de valores.
 
Respeitar a autonomia pessoal e considerar os temas conflituosos por meio do diálogo fundamentado em boas razões são algumas das condições básicas para construir formas de convivência pessoal e colectiva mais justa.
Um modelo de Educação Moral e Cívica distanciado daqueles que se baseiam em valores absolutos como em valores relativos, poderia partir dos princípios de autonomia e razão dialógica, e utilizá-los como ferramentas que façam possível valores como a crítica, a abertura aos outros e o respeito pelos direitos humanos. Esta proposta de educação não tem por que violentar as crenças plurais dos homens e das mulheres das sociedades democráticas, mas pode ajudar-nos a viver uma vida mais justa e solidária.
 
 

5.    Elementos da personalidade moral

 
A formação de pessoas autónomas e dialogantes, dispostas a comprometer-se em relações pessoais e na participação social baseada no emprego crítico da razão, a abertura aos outros e o respeito dos direitos humanos, achamos que supõe formar um perfil moral caracterizado por estas aquisições:
o   O desenvolvimento das estruturas universais de juízo moral que permitam a adopção de princípios gerais de valor.
o   A capacidade cognitiva que permite reflectir sobre situações que apresentam um conflito de valores ou podem apresentá-lo a fim de esclarecer mediante razões o que consideramos correcto ou incorrecto em relação à situação em causa. Se o processo de desenvolvimento deste domínio da personalidade moral tiver sido adequado, o sujeito acaba valorizando acima doutros interesses e considerações a igualdade, a equidade, a dignidade, a liberdade e a autonomia de todos os homens, isto é, a justiça.
 
Trata-se de determinar a anatomia do juízo moral para poder incidir educativamente em cada um das suas componentes.
 
As condições constitutivas do juízo moral mais características são:
1.     O desenvolvimento do autoconhecimento, como conhecimento de si próprio, autoconsciência, e como conhecimento do que cada um pensa, sente valora ou lhe interessa;
2.     O desenvolvimento da capacidade de empatia ou de reproduzir em si próprio os sentimentos doutras pessoas,
3.     O desenvolvimento da capacidade para adoptar diversas perspectivas sociais ou capacidade de conhecer os outros, conhecer o que pensam e a função social que ostentam.
4.     Finalmente o desenvolvimento das habilidades para o diálogo, como disposições que permitem a construção das melhores situações de diálogo possíveis e, portanto, o mais eficazes possíveis para provocar o desenvolvimento do juízo moral.
A aquisição das capacidades e dos conhecimentos necessários para comprometer-se num diálogo crítico e criativo com a realidade e consigo próprio, de maneira que seja possível elaborar normas e projectos contextualizados.
 
Juntamente com o desenvolvimento do juízo moral é preciso também a aprendizagem do adestramento necessário para utilizar tal capacidade de racionalização no seio das circunstâncias concretas em que vive cada indivíduo, e a propósito, dos temas morais com os que se enfrenta ou que estão problematizados no seu entorno, ou que são relevantes para toda a humanidade.
A formação desta nova disposição para a crítica e a aquisição dos conhecimentos sobre os que deve actuar constituem um segundo aspecto iniludível da educação moral.
 
Podemos concluir que uma personalidade moral madura, além de ter atingido os níveis óptimos de juízo moral formal, deve também adquirir todas aquelas capacidades e conhecimentos que lhe permitem comprometer-se num diálogo com a realidade concreta, com o fim de que cada sujeito possa criticar aqueles aspectos da sua sociedade que considere negativos, e ser capaz de construir normas e projectos pessoais e sociais mais justos. A formação das habilidades necessárias para tornar coerentes o juízo e a acção moral, e para impulsionar a formação duma maneira de ser realmente desejada.
 
Consideramos a “acção moral” como um conceito que inclui duas faces, em parte relacionadas mas não equivalentes. Referimo-nos à acção moral propriamente dita ou à decisão da vontade que logra, duma maneira precisa e para cada situação singular, que o juízo e a acção sejam coerentes. Referimo-nos também à aquisição de hábitos de comportamentos pessoais e queridos. Hábitos no sentido de disposições de comportamento desejado e conforme com o juízo moral, disposições que vão mais além da concreta conformidade entre juízo e a acção. Queremos referir-nos à maneira de ser própria de cada pessoa, àquelas características pessoais que, de acordo com o modo de ajuizar-se a si próprio e de ajuizar a realidade, predispõem ao sujeito a certo tipo de estandardização no âmbito dos seus pensamentos, das suas decisões e das suas acções morais.
 

TEMA  2

 

A PROGRAMAÇÃO

 

1.Necessidade de programar.2. Novo conceito de programação. 3. Variáveis da programação 4. Etapas da Programação. 4 Fim, objectivos e metas. 5 Etapas da Programação. 6. Taxonomia de objectivos. 7. Meios. 8. Avaliação

 
 
 
 
 
 
 
 
1.Necessidade de programar
 
Pelo seu significado etimológico podemos entender que programar é descrever antecipadamente alguma acção concreta. Programamos festas, programamos acções sociais, políticas. Hoje em dia vivemos atentos ao calendário que previamente temos já organizado. Uma maneira imprescindível para utilizar o tempo inteligentemente é fazer a programação dele.
Quem programa prevê, prepara, não fica normalmente surpreendido pelo acontecer diário. Programar torna-se totalmente necessário para quem vive no tempo de hoje. E quem não programa descobre que deixou passar oportunidades que nunca mais voltarão.
Em educação é uma questão vital. Contar com o tempo e com o que desejamos conseguir; organizar os conteúdos temáticos e as actividades que deveremos realizar; preparar o material em ordem às actividades a realizar... Tudo isto forma parte da programação educativa.
 
2. Novo conceito de programação
O conceito fundamental de programa implica a visão antecipada de qualquer tipo de actividade. O programa educativo não pode ser unicamente uma relação mais ou menos detalhada do conteúdo do estudo, mas deve-se estender a todas as actividades que contribuam à educação dos escolares.
O programa se pode entender como ordenação sequencial do conteúdo informativo e reactivo em função duma aprendizagem específica. Falamos de conteúdo informativo e reactivo porque no programa se deve incluir o conteúdo da aprendizagem que pretendemos que os escolares realizem, mas também se fala de conteúdo reactivo porque igualmente devem-se prever aqueles tipos de actividades dos próprios alunos que, como consequência dos estímulos escolares devem realizar para que a aprendizagem seja eficaz.
Ao formular o programa é claro que se devem ter em conta, as pessoas que vão a realizá-lo, os objectivos que pretendem atingir e os meios de que se dispõe. Nos meios incluem-se tanto os meios materiais, - o chamado material pedagógico-, como as técnicas ou maneiras de utilizar os meios de que se dispõe, assim como as técnicas de trabalho que empregarão professores e alunos.
O programa é uma síntese antecipada dos elementos que intervêm na actividade escolar.
 
3.Variáveis da programação
Os elementos dum programa podem ser considerados como variáveis entanto que sujeitos a modificação. Os elementos que acabamos de nomear, as pessoas, os objectivos e os meios incluem todos os elementos de um programa escolar. As pessoas e os objectivos devem ser seleccionados previamente. Os diversos meios que as pessoas podem utilizar para atingir os objectivos constituem outras tantas variáveis do programa e se devem dispor em função das pessoas e dos objectivos.
Especificando os meios que se podem utilizar chegamos a determinar as seguintes variáveis de um programa:
 
Pessoas, a sua capacidade, experiência ou instrução e os seus interesses.
Objectivos obrigatórios, opcionais, sugeridos, indefinidos, e elaboração das provas de controlo de rendimento
Informação
Ajuda pessoal
 
              
Meios audiovisuais
Realização do trabalho, Tempo, espaço ou lugar da situação da aprendizagem, em grupo grande, ou pequeno, em trabalho individual.
 
Avaliação
Técnicas de controlo ou avaliação.
 
A eficácia dum programa depende, quase na sua totalidade, do pessoal docente que o dirige, já que ele tem plena consciência do que se realizará, do sentido que tem e do conteúdo do programa. O professor pode ser considerado como uma variável do programa e também como um meio ao serviço do aluno.
Todas as variáveis do programa se interrelacionam, mas há uma especial vinculação entre os objectivos e os alunos, em função destes se devem escolher as outras variáveis.
 
4. Fim, objectivos e metas
 
O conhecimento da finalidade perseguida é o que dá sentido a qualquer acto humano. Para referir-nos a ela utilizamos diferentes termos. As palavras fim, meta, propósito, ideal, objectivos, expressam todas elas conceitos relacionados entre si e em relação com a finalidade das acções humanas.
As palavras fim e meta fazem referência a uma realidade ou situação que se quer atingir exterior à mesma actividade. Fim, tem um sentido mais abstracto, enquanto meta tem um sentido mais concreto. A palavra propósito é referida mais directamente ao facto psicológico em virtude do qual o homem dispõe-se a realizar uma actividade. O termo ideal pode ter um duplo sentido subjectivo e objectivo, já que o ideal é alguma coisa que se possui e ao mesmo tempo faz referência a uma realidade não atingida ainda.
Tal vez as palavras mais precisas sejam fim e objectivo. Fim deve-se entender como aquilo que se tenciona atingir ao termo de um processo complexo de actividade. Este processo pode ser considerado como um caminho com diferentes etapas cujo termo tem o duplo sentido de fim duma etapa e começo de outra nova. Por isto o termo duma etapa pode ser considerado como fim intermédio. Estes fins intermédios podem ser considerados como objectivos. Os objectivos nos vão a permitir o fim total. O objectivo pode-se definir como o fim concreto ou imediato duma actividade específica. Do ponto de vista operativo é um fim susceptível de avaliação. Por isso é preciso uma definição clara dos objectivos como base para planificar e programar o trabalho.
 
5. Etapas da programação
 
A Programação é fundamentalmente uma técnica que requer ser pensada e elaborada com detalhe. Os passos necessários para elaborá-la são:
 
1.      Conhecimento dos alunos a quem vai dirigida.
2.      Determinação do conteúdo da aprendizagem para os alunos.
3.      Formulação do objectivo geral e dos objectivos particulares, (objectivos obrigatórios, optativos, sugeridos e livres)
4.      Determinação dos meios a utilizar para conseguir estes objectivos:
 
§  A Metodologia que queremos utilizar (Transmissão, Assimilação, criatividade participação?) (Método indutivo, dedutivo?)
§  Conteúdos
§  Estratégia ou técnicas de aprendizagem
§  Actividades
§  Material didáctico
§  Tempo
§  Local
§  Clima a conseguir, estilo ou atitude do professor. Tipo de relação professor-aluno
5.      Avaliação (Em que medida foram conseguidos os objectivos?) Critérios e técnicas
 
Algumas questões a ter em conta ao elaborar a Programação
 
1.      A quem vai dirigida a Programação? Determinação das pessoas a quem vai dirigida a programação, a sua capacidade, experiência ou instrução e os seus interesses.
2.      Determinação do conteúdo da aprendizagem para os alunos. (Este passo está em relação com o Programa Geral de Ensino para cada nível)
3.      Qual é o objectivo geral e quais os objectivos particulares? (objectivos obrigatórios, optativos, sugeridos e livres)
 
5.      Que meios a utilizar para conseguir estes objectivos?
 
Trabalho e técnicas de aprendizagem, tipos de trabalho que os alunos podem realizar.
Informação
Ajuda pessoal
 
Material: especificar do modo mais concreto possível o tipo de material a usar no desenvolvimento da programação
 
6.      Que técnicas utilizar na hora de avaliar?
Técnicas de controlo ou avaliação: estabelecer os meios para controlar as actividades em função dos objectivos.
Aplicação das provas de controlo: prever o tempo que será necessário para aplicar as provas e o momento do processo.
 
Pro-acção e retro-acção: determinar actividades que facilitem aos alunos o avanço nos seus conhecimentos e a recuperação dos objectivos não conseguidos.
 
6.Taxonomia de objectivos
 
Desde 1948 um grupo de educadores assumiu a tarefa de classificar metas e objectivos educacionais. Eles propuseram-se a desenvolver um sistema de classificação para três domínios: o cognitivo, o afectivo e o psicomotor. O trabalho no domínio cognitivo foi concluído em 1956 e é normalmente referenciado como Bloom´s Taxonomy of the Cognitive dommain embora o título completo da obra seja Taxonomy of educational objectives: The classification of educational goals. Handbook I: cognitive domais, com a menção de outros quatro autores (M. Englehart, E. Furst, W. Hill, and D Krathwohl).
 
A ideia central da taxonomia é a de que aquilo que os educadores querem que os alunos saibam (definido em declarações escritas como objectivos educacionais- educational objectives) pode ser arranjado numa hierarquia do menos para o mais complexo. A taxonomia é apresentada abaixo com amostras de verbos e de declarações de desempenho para cada nível.          
 
 
 
1.    CONHECIMENTO
 
DEFINIÇÃO O aluno irá recordar o reconhecer informação específica (factos, acontecimentos, datas, nomes, símbolos, teorias, definições e outros), ideias, e princípios na forma (aproximada) em que foram aprendidos.
 
Conhece termos comuns.
Conhece factos específicos
Conhece métodos e procedimentos
Conhece conceitos básicos
Conhece princípios
 
Escreva, Define, Descreva, Identifique, Liste, Rotule, Nomeie, Diga, Cite, seleccione...
 
AMOSTRA DE DESEMPENHOS Os aluno irá definir os seis níveis da Taxonomia de Bloom no domínio cognitivo
 
2. COMPREENSÃO
 
DEFINIÇÃO O aluno traduz, compreende ou interpreta informação com base em conhecimento prévio. Apresenta a informação doutra maneira, se transforma, se procura relações, associa, interpreta (explica ou ressume); ou se apresentam possíveis efeitos ou consequências.      
 
Compreende factos e princípios.
Interpreta material verbal
Interpreta gráficas e tabelas.
Traduz o material verbal a fórmulas matemáticas.
Estima as futuras consequências que os dados implicam.
Justifica métodos e procedimentos        
 
AMOSTRA DE VERBOS Explique, Resuma, Parafraseie, Descreva, Ilustre  
 
AMOSTRA DE DESEMPENHOS O aluno irá explicar a proposta da taxonomia para o domínio cognitivo.
 
3. APLICAÇÃO
 
DEFINIÇÃO O aluno selecciona, transfere, e usa dados e princípios para completar um problema ou tarefa com um mínimo de supervisão. Utiliza o conhecimento e as destrezas adquiridas em novas situações     
 
Aplica conceitos e princípios a situações novas.
Aplica leis e teorias a situações práticas
Resolve problemas matemáticos.
Constrói gráficas e tabelas
Demonstra o uso correcto de um método ou procedimento          
 
AMOSTRA DE VERBOS Use, compute, Resolva, Demonstre, Aplique e Construa.
  
AMOSTRA DE DESEMPENHOS O aluno irá a escrever um objectivo educacional para cada um dos níveis da Taxonomia de Bloom.
 
4. ANÁLISE
 
DEFINIÇÃO O aluno distingue, classifica, e relaciona pressupostos, hipóteses, evidências ou estruturas de uma declaração ou questão. É capaz de decompor o todo nas suas partes, solucionar problemas à luz do conhecimento adquirido e raciocinar.        
 
 
Reconhece hipóteses não expressadas.
Reconhece as falácias no raciocínio lógico
Distingue entre fatos e inferências.
Avalia a pertinência dos dados
Analisa a estrutura organizada de uma obra (arte, música, literatura).     
 
AMOSTRA DE VERBOS Analise, Categorize, Compare, Contraste, Separe         
 
AMOSTRA DE DESEMPENHOS O aluno irá comparar e contrastar os domínios afectivos e cognitivo.
 
5. SÍNTESE
 
DEFINIÇÃO O aluno cria, integra e combina ideias, num produto, plano ou proposta, novos para ele. O aluno faz alguma coisa original         
 
Apresenta um discurso bem estruturado
Escreve uma narração breve, criativa (ou um poema ou uma composição musical)
Propõe um plano para um experimento
Integra a aprendizagem de áreas diferentes num plano para resolver um problema.
Formula um novo plano para classificar objectos (eventos ou ideias)       
 
AMOSTRA DE VERBOS Crie, Planeje, Elabore hipóteses, Invente, Desenvolva   
 
O aluno irá elaborar um esquema de classificação para escrever objectivos educacionais que  integre os domínios cognitivo, afectivo e psicomotor.
 
 
6. AVALIAÇÃO
DEFINIÇÃO O aluno aprecia, avalia, ou critica com base em padrões e critérios específicos.       
 
Julga sobre a consistência lógica do material escrito.
Emite um Juízo sobre o grau de adequação com que os dados apoiam as conclusões.
Julga o valor de um a obra (arte, música, literatura), usando normas externas de excelência.           
 
AMOSTRA DE VERBOS: Julgue, Recomende, Critique, Justifique   
 
AMOSTRA DE DESEMPENHOS: O aluno irá julgar a efectividade de se escrever objectivos educacionais usando a taxonomia de Bloom.
 
De um modo geral, a pesquisa nos últimos quarenta anos confirmou a taxonomia como uma hierarquia, com excepção dos dois últimos níveis. Não há certeza quanto à posição de síntese e avaliação. Ambas estão no mesmo nível. Ambas dependem da análise como um processo fundador. Entretanto, síntese requer reajuste das partes de um modo novo, original, enquanto que a avaliação requer a comparação com padrões, exigindo julgamento para determinar o bom, a melhor do que o melhor de todos. Isso guarda semelhanças a comparação entre pensamento criativo e pensamento crítico (creative thinking and critical thining) Ambos são valiosos, mas um não é superior a outro.
 
Síntese
Avaliação
Análise
Aplicação
Compreensão
Conhecimento
 
Em cada caso fica claro o que os alunos podem “saber” sobre o tópico ou matéria em diferentes níveis. Embora muitos testes elaborados por professores ainda verifiquem aspectos relativos aos níveis mais baixos da taxonomia, a pesquisa mostra que os alunos lembram-se mais quando aprenderam a abordar um tópico desde o nível mais elevado da taxonomia. Isso acontece porque, nos níveis superiores, exige-se mais elaboração, um princípio de aprendizagem baseado em descobertas desde a teoria de aprendizagem ancorada na abordagem do processo de informação.
 
7. Os meios
 A ordenação dos meios educativos constitui, quiçá, o mais complexo problema da programação. Consiste em ordenar todos os elementos que uma Instituição escolar possui para permitir um aproveitamento mais eficaz.
Todo o bom professor prepara as lições para que estas dêem o fruto apetecido, e isto é o que também se faz em relação aos meios.
O universal meio de educação que destaca com particular relevo sobre o resto é o exercício, a actividade, o trabalho dos mesmos alunos. Dentro dum conceito de educação personalizada o trabalho que os alunos podem realizar sem a ajuda ou com a ajuda mínima do professor deve ter preferência. Assim a primeira pergunta que nos devemos fazer é seta: Quais são os objectivos que o aluno pode conseguir por si só, ou com uma mínima ajuda? A segunda questão seria: que objectivos exigem a relação aluno-professor? E, por último, que objectivos requerem especial motivação, preparação, explanação ou outra actividade por parte de um professor ou pessoa competente? A resposta a estas três perguntas nos levará a procurar diferentes meios. Uns em relação à motivação, outros em relação ao material, e outros sobre o tempo e o espaço.
 
8. A avaliação
 
Todas as propostas de definição da avaliação põe uma observação central na noção de critério. Um critério é um “princípio ao qual nos referimos, e que permite distinguir o verdadeiro do falso”. Ou mais precisamente é uma característica ou uma propriedade dum sujeito ou objecto de acordo ao qual formulamos sobre ele um juízo de apreciação (G. De Landsheere).
Isto significa que um critério permite referirmo-nos a uma acção ou comportamento, comparativamente em relação a outro, que enuncia as regras do primeiro e autoriza a sua avaliação.
Em forma recíproca avaliar equivale a determinar critérios com o objectivo de discriminar a informação. Por isto os critérios permitir-nos-ão a obtenção de informação (índices), dirigidas a aquilo que pretendemos avaliar. Os índices são a materialização e objectivação expressa dos critérios.
Segundo J. M. De Ketele, existem quatro momentos em relação a acção coerente entre a recolha de informação e os critérios enunciados:
§  Estabelecer claramente o objectivo da avaliação.
§  Determinar o critério ou os critérios relacionados com o objectivo.
§  Confrontar os critérios seleccionados previamente com as informações recolhidas na avaliação.
§  Formular conclusões para a tomada de decisões.
As informações obtidas pertencem ao sujeito ou objecto avaliado; o critério é exactamente aquilo que determina qual é a informação que há que observar, extrair, recolher
Os critérios que definem os logros podem ser qualitativos ou quantitativos. Um critério qualitativo que se expressa em função do “tudo ou nada”, o logro é ou não é, não há graus, enquanto que os quantitativos aceitam uma graduação ou expressão da percentagem. (B. Maccario) Quanto maior é a complexidade dos processos cognitivos, afectivos e psicomotores da tarefa a ser avaliada, mais difícil será a definição dos critérios. Somado a isto que muitas vezes existem normas ou critérios pre-impostos (G.Fe Landsheere).
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Objectivo geral:
Objectivos específicos para cada área
 
Dias
Conteúdo
Métodos-Actividades
Material
Avaliação
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

 

 

 

 

 
Avaliação
 
Trabalho pessoal: Elaborar uma lista de objectivos (2 por nível) para uma unidade temática a escolher (Tema, classe, etc)
 
Trabalho de grupo: Elaborar uma Programação segundo o nível de ensino indicado na aula. - (Para entregar no fim do semestre)

 

TEMA 3

 

Objectivos e tarefas da Educação Moral e Cívica

 
1. Objectivos e tarefas da Educação Moral e Cívica 2. Formulação dos objectivos pedagógicos 3. Objectivos no currículo de Educação Moral e Cívica 4. Desenho curricular de Educação moral. Objectivos gerais

 

 
(Para rever segundo a Reforma Educativa)
O Ministério da Educação de Angola apresenta-nos uns Programas elaborados para os II e III níveis do Ensino de Base e para fundamentá-los nos diz:
 
“ A Educação Moral e Cívica tem como finalidade a formação moral e cívica, aspecto fundamental para o desenvolvimento integral da personalidade humana. Ela prepara o indivíduo para o perfeito desempenho das suas tarefas, criando nele os valores necessários para o bem da sociedade.”
 
 “Nas disciplinas cuja aprendizagem incide especialmente no domínio de atitudes e na interiorização de valores, como a Educação Moral e Cívica, o exemplo do professor é um factor importante já que os alunos exigem autenticidade e informação que se sustente na vivência. Neste sentido, é uma obrigação para o professor conhecer, compreender e explicar com amplitude os objectivos e conteúdos do programa.”
 
É preciso ter em conta que a finalidade não pode ser confundida com o objectivo. A finalidade exprime os valores de um grupo social. A finalidade é última, longínqua, pensada muitas vezes como ideal a tingir. Não desemboca numa acção concreta e imediata. O objectivo geral diz respeito ao resultado final de uma formação. É preciso definir objectivos específicos e intermédios que apontem para a consecução do objectivo geral. E definir bem os objectivos importa decisivamente sobre os resultados do processo ensino-aprendizagem.
No campo da Educação Moral e Cívica, no qual se pretende não tanto assimilar conceitos ou adquirir conhecimentos, mas sim o desenvolvimento de capacidades para a resolução de problemas, o desenvolvimento do raciocínio moral orientado para a justiça, construção de atitudes, elaboração de sentimentos, promovendo um quadro de referência para a vida pessoal e comunitária, é preciso elaborar objectivos no campo cognitivo (do saber), da afectividade (do saber ser, do relacionamento) e no campo comportamental ou psico-motor (do saber fazer).
 

1.            Formulação dos objectivos pedagógicos

 
Entende-se por objectivos da educação os resultados esperados do processo de formação. Constituem as aspirações da sociedade em relação à formação das pessoas.
Na formulação dos objectivos pedagógicos deve-se obedecer a determinadas regras, que visam um comportamento observável a operar no educando. As regras por que se rege a definição dos objectivos referem-se umas ao conteúdo e outras à forma. Sobre o conteúdo deveremos identificar a acção principal, fixar as condições essenciais e precisar os níveis de desempenho. Em relação ao aspecto forma, o verbo deve estar no infinitivo para exprimir a acção do educando, o educando é que é o sujeito da acção expressa pelo verbo, e deve ser evitado o emprego de verbos vagos ou de sentido ambíguo.
Os objectivos da educação distribuem-se por três grandes domínios: o cognitivo, o afectivo e o psicomotor.
A nível cognitivo seguem o processo da aprendizagem intelectual: Conhecimento, Compreensão, Aplicação, Análise, Síntese, Avaliação; a nível afectivo: Receptividade, Resposta, Apreciação dum sistema de valores, Organização, Caracterização por um valor; e a nível psicomotor: Imitação, Rapidez, Precisão, Flexibilidade, Controlo da força.
 
Chamamos objectivos operativos aos objectivos cuja característica é definir a acção específica que o educando deve ser capaz de fazer indicando também o grau de consecução mínimo satisfatório e avaliável. Estes objectivos pedagógicos consistem na descrição do comportamento, indicam as condições de execução, as circunstâncias em que se espera o comportamento venha a ocorrer e deve apresentar o critério de avaliação, ou o nível de execução satisfatório.
 
Kapfer identificou seis áreas pelas quais distribui os verbos de acção:
 
Identificar significa realizar operações que passam por escolher, comparar, discriminar, distinguir, indicar, marcar, associar por pares e expressões de sentido equivalente.
 
Nomear refere-se à escolha da denominação correcta, oral ou escrita, de um ou vários fenómenos (objectos, pessoas, acções), como designar, chamar, mencionar e apontar.
 
Descrever sugere a reprodução por palavras quer da estrutura e das características de certos objectos, quer dos processos ou as consequências de certos actos ou comportamentos.
A ideia dessa reprodução está implícita nos seguintes verbos: analisar, caracterizar, definir, fazer um diagrama, explicar, relatar, representar e reproduzir.
 
Construir indica a realização de um conceito pela reunião das partes num todo independente. Pretendem traduzir essa acção os seguintes verbos: edificar, desenhar, formular, preparar, fazer e sintetizar.
 
Ordenar sugere uma acção complexa de arrumação de dois ou mais fenómenos diversos (objectos, características, acções) numa certa disposição, sequência ou ordem. Essa ideia é dada pelos seguintes verbos: alinhar, catalogar, classificar, contar, enumerar, relatar, colocar, arrumar seguindo um modelo, ordenar por categorias.
 
Demonstrar refere-se à realização de uma tarefa de acordo com certas directivas: realizar uma experiência, manifestar, fazer uma demonstração, mostrar um processo, simular.
 

2.            Objectivos no currículo de Educação Moral e Cívica

(ver a reforma Educativa)
 
 
I Nível
II Nível
Objectivos Gerais
Contribuir para a inserção do aluno na realidade social e cultural que o rodeia.
Contribuir para a interiorização progressiva das normas de confuta e traduzi-las em atitudes correctas.
Proporcionar a compreensão dos direitos e deveres do cidadão perante a Constituição da República, Convenções e outras leis.
Promover o desenvolvimento da consciência social, o respeito pelos valores tradicionais, o espírito humanista, a fraternidade e a igualdade, o amor à pátria e aos seus símbolos.
Despertar atitudes de respeito e amor ao trabalho como fonte de progresso e de engrandecimento da Pátria.
Estimular o autoconhecimento, a reflexão e a responsabilização pessoal.
Estimular a tomada de decisões e a resolução de problemas.
Incentivar a expressão de ideias próprias.
Favorecer uma atmosfera em que reine a justiça como princípio fundamental para a vida social.
Promover a tolerância, paz, respeito pela diferença e a solidariedade possibilitando a democracia participativa como forma de organização da vida em sociedade.
Adoptar comportamentos informados e responsáveis face à promoção da saúde e de igual modo face às novas capacidades reprodutivas.
 
 

3.            Objectivos específicos

 
5ª Classe
6ª Classe
Consciencializar que é um ser útil à sociedade.
Inculcar a noção da importância da moral e do civismo na formação do homem.
Interiorizar progressivamente as normas de conduta e traduzi-las em atitudes correctas.
Despertar atitudes de respeito e colaboração com outros seres humanos como pessoas e como membros da sociedade.
Tomar consciência dos seus direitos e deveres perante alei máxima do País – a Constituição.
Interiorizar que o progresso e o engrandecimento da Pátria dependem das actividade cívicas e do esforço de cada cidadão.
Conhecer a importância do trabalho no progresso e no bem-estar das populações.
Compreender a importância da educação para o trânsito e sua contribuição para a segurança das pessoas.
 
Promover o auto-respeito e a dignidade humana.
Assegurar o conhecimento do desenvolvimento de si próprio
Proporcionar a integração da criança na vida social.
Tomar consciência que o conhecimento da natureza ajuda o ser humano a ponderar determinadas injustiças contra si próprio.
Adquirir saberes a cerca do convívio social e do poder maternal e parental.
Proporcionar através do conhecimento dos Direitos Humanos e saber da sua própria natureza.
Tomar consciência que o ser humano através do seu comportamento e zelo cívico, será detentor da paz, alegria, amor, fraternidade para o bem da Nação.
Consciencializar-se que a Educação e Cultura são indicadores imprescindíveis de qualquer sociedade democrática.
Sensibilizar-se do significado da qualidade de vida.
 
7ª Classe
8ª Classe
Levar o aluno a descobrir a dignidade da pessoa humana, e cultivar nele o respeito profundo por cada ser humano.
Criar no adolescente hábitos de olhar para si, de analisar constantemente as suas ideias, os seus sentimentos, as suas motivações, as suas decisões e o seu actuar. (Só assim conseguirá fazer-se dono de si).
Ajudá-los a identificar as transformações do seu próprio corpo a fim de lograr um controlo equilibrado do mesmo.
Favorecer o seu processo de identificação e o desenvolvimento adequado da sua consciência moral.
Estimular neles o trabalho para conseguir um grau aceitável de equilíbrio e integração afectivo-sexual.
Proporcionar-lhes os elementos adequados para conseguirem uma vida de relação positiva e satisfatória.
Consolidar neles a prática positiva da democracia e incentivar as atitudes próprias da mesma.
Estimular nos alunos o sentido profundo de justiça e a prática constante da mesma.
Propiciar a solidariedade, não só como sentimento, mas como atitude de vida.
Descobrir o seu autêntico Eu, desenvolvendo e clarificando valores pessoais.
Fortalecer as regras de convivência social.
Aperfeiçoar as relações interpessoais.
Perceber as diferentes potencialidades do grupo-família e do grupo-amigos.
Reconhecer a saúde como um bem precioso que todos desejamos e devemos conquistar.
Reconhecer a sexualidade como fonte de prazer e comunicação pressupondo a realização do desenvolvimento pessoal e a estruturação de atitudes positivas nas relações interpessoais.
Assumir hábitos para a participação social e para a resolução de problemas.
Adquiri hábitos de participação democrática.
Demonstrar atitudes positivas face aos problemas que o nosso ecossistema natural está a sofrer.
Aceitar a diversidade cultural como fonte de riqueza para o  desenvolvimento da humanidade.
 
 
Além destes objectivos específicos, cada Unidade Temática vem determinada por outros objectivos de tipo operativo como veremos a seguir para a 5ª Classe:
 
Classe
Os princípios morais e cívicos,
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A sociedade,
 
 
 
 
 
 
 
 
Os direitos e deveres do
cidadão
 
 
 
 
 
 
A minha Pátria,
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O trabalho como fonte de progresso
 
 
 
 
 
 
 
Educação para o trânsito.
Demonstrar que tem noções de hábitos morais e cívicos
Utilizar hábitos e atitudes correctas para a prática constante de acções socialmente úteis à sociedade.
Construir uma escala de valores morais e cívicos.
Identificar valores como : a amizade, o respeito, a responsabilidade, a solidariedade, a justiça, a sinceridade que favorecem a interiorização progressiva duma educação moral e cívica autónoma.
Diferenciar virtudes de vícios
 
Descrever o papel que desempenha a família dentro da sociedade
Explicar os elementos que constituem a sociedade.
Explicar a necessidade do respeito do apoio e cooperação entre as famílias nos assuntos de interesse comunitário e principalmente com a escola.
Identificar os aspectos da vida em sociedade.
 
 
Demonstrar que possui noções sobre os direitos e deveres
Distinguir os direitos e deveres no âmbito da família, da escola e da sociedade.
Reconhecer que a constituição é a lei máxima de um país.
Demonstrar atitudes de respeito para com a Pátria sejam elas de carácter moral ou cívico.
 
Explicar conceitos como: País, Pátria, Nação e Estado
Demonstrar o patriotismo através de valores como: pontualidade, zelo e respeito aos bens públicos, colaboração nos problemas da comunidade.
Identificar os Símbolos da Pátria.
Interpretar os Símbolos da Pátria
Explicar as regras que presidem o uso dos Símbolos da Pátria.
Demonstrar que possui noções elementares sobre o nacionalismo, patriotismo e heroísmo
 
Identificar as necessidades humanas.
Explicar o que é a produção de bens.
Valorizar o trabalho como fonte de desenvolvimento e melhoramento da produção de bens com as necessidades humanas.
Demonstrar respeito pelo trabalho dos outros.
Identificar os sectores que mais absorvem a capacidade humana.   
 
Descrever os elementos de trânsito.
Explicar alguns conceitos referentes à educação para o trânsito.
Identificar os diversos sinais de trânsito.
Reconhecer os esforços desenvolvidos pelo homem no sentido de descobrir e ampliar os meios de segurança
 
 
  
   Considerando que estes Programas não são definitivos, pois a Educação Moral e Cívica em Angola forma parte do currículo escolar desde há bem pouco tempo, convém reflectirmos um pouco mais sobre os mesmos objectivos de Educação Moral e Cívica.
   A Educação Moral e Cívica visa preparar os educandos para a sociedade na qual têm de viver, sendo capazes de se comportar guiados pela sua própria consciência. É precisamente um dos aspectos principais da EMC: conseguir uma consciência bem formada segundo os princípios universais. EMC é importante também na formação da personalidade do educando. A sociedade actual reclama pela formação de personalidades sãs, livres, solidárias e felizes, capazes de actuar na realidade modificando-a positiva e construtivamente. Assim poderíamos dizer que os grandes objectivos para os que tende a EMC são: a formação de consciências rectas e a criação e cultivo de hábitos. Todo um processo educativo está por meio que assenta a sua base no conhecimento próprio e da realidade circundante. O cultivo da capacidade crítica, capaz de emitir juízos, a assunção de valores universais que lhe capacitem para emitir juízos de carácter moral, e o compromisso responsável e solidário que lhe impulsem a realizar actos moralmente bons, são os fios condutores deste processo.
Quadro 1
Acção da EMC sobre a formação da consciência
Caixa de texto: EMC       Consciência formada
       Hábitos bons



Conhecimento próprio
Conhecimento da realidade
Atitude crítica
Assunção de valores     Juízo Moral



Compromisso responsável e solidário   Acto Moral

      Pessoa LIVRE
      FELIZ E SOLIDÁRIA

 
 
 
 
 
 
 


 


Quadro 2

Acção da EMC sobre a formação da personalidade moralmente formada

 

               SITUAÇÃO

Cognitivo
Conhecer
Compreender
Confrontar
Julgar
 
JUÍZO MORAL
 
 
CAPACIDADE  CRÍTICA
PERSONALIDADE MORALMENTE FORMADA
Afectivo
Sensibilizar-se
Apreciar
Desejar
Escolher
Optar
Comprometer-se
 
 
 
VALORES
Volitivo
 
Agir
Habituar-se
 
ACTO MORAL
HÁBITO MORAL
ATITUDE MORAL
 

 

4.            Desenho curricular de Educação moral. Objectivos gerais


 

 

Os objectivos gerais da EMC, enquanto formulações que fixam as capacidades que os alunos devem adquirir, são semelhantes na etapa da Educação Primária e no Segundo e Terceiro níveis. O tipo de aprendizagens a que se referem os objectivos fazem referência às mesmas capacidades. Servir-nos-á a mesma formulação, embora variem os níveis que em cada etapa se devem atingir.

São estes os objectivos gerais para um currículo de educação moral:

Construir um pensamento moral, autónomo, justo e solidário

Adquirir as competências dialógicas que predispõem ao acordo justo e à participação democrática.

Comprometer-se na compreensão crítica da realidade pessoal e social.

Conhecer e estar familiarizado com toda aquela informação que tenha uma relevância moral.

Reconhecer e assimilar aqueles valores universalmente desejáveis.

Desenvolver um adequado conhecimento de si próprio, que facilite a construção voluntária da própria trajectória biográfica.

Construir formas de comportamento voluntariamente decididas e coerentes com o juízo moral.

Compreender, respeitar e construir as normas de convivência que regulem a vida colectiva.

 

Construir um pensamento moral autónomo, justo e solidário supõe lograr um óptimo desenvolvimento dos componentes psicossociais que contribuem a dar forma ao pensamento moral. Alguns componentes: o conhecimento dos próprios interesses ou motivos, o conhecimento empático dos outros, a adopção de perspectivas sociais ou o diálogo. Permite elaborar e justificar opiniões e razões cada vez mais autónomas, justas e solidárias sobre temas cívico-morais controvertidos.

Com o objectivo de adquirir competências dialógicas que predispõem ao acordo justo e à participação democrática pretende-se assegurar todas aquelas habilidades imprescindíveis para dialogar correctamente – especialmente o desenvolvimento das capacidades para intercambiar opiniões e para raciocinar sobre o ponto de vista dos outros -. Pretende-se também habituar os alunos a servirem-se do diálogo em todo tipo de situações escolares ou não escolares que assim o requeiram. Trata-se de considerar o diálogo como um dos valores essenciais da moral e da participação democrática.

O objectivo de comprometer-se na compreensão crítica da realidade pessoal e social refere-se à tarefa sempre inacabada de aprofundar no conhecimento e na reflexão crítica a respeito da realidade pessoal e social. Trata-se de valorizar as realidades concretas, próximas ou longínquas, que forem relevantes e controvertidas para os alunos. Este processo de compreensão crítica deve permitir a todos aqueles que o empreenderem elaborar normas de convivência, projectos colectivos e valores morais justos e solidários. Deve convidar a comportamentos coerentes com a sua própria valorização da situação.

Com o facto de conhecer e estar familiarizado com toda aquela informação que tenha relevância moral se pretende facilitar a aquisição dum conjunto de conhecimentos que uma pessoa moralmente madura deveria possuir. Referimo-nos, por uma parte, a documentos que têm um evidente conteúdo moral e são amplamente aceites – a Declaração Universal dos Direitos Humanos é um exemplo básico -; ou, por outra parte, a certos conteúdos de valor presentes nas leis mais importantes e amplamente aceites pela própria colectividade. Entende- se também como incluído neste objectivo a obtenção dum conhecimento suficiente em torno a certos conceitos de valor, termos morais, ou teorias filosóficas destacadas.

A reflexão guiada pela consciência pessoal e a perseguição dos objectivos que apresentamos, levar-nos-ão ao reconhecimento de certos valores que consideramos bastante seguros e universalmente desejáveis. São um objectivo indirecto de todas as propostas de currículo que se apresenta, e, pela sua vez, um objectivo directo e explícito que deve penetrar a actividade docente. Sem pretender chegar ao esgotamento, podem-se citar os seguintes: a autonomia da vontade, a crítica, a justiça, a solidariedade, a liberdade, a coerência, a responsabilidade, a tolerância, o respeito, a democracia e a vontade de valor.

Com o objectivo de desenvolver um adequado conhecimento de si próprio que facilite a construção voluntária da própria trajectória biográfica, pretende-se desencadear um processo nunca pronto de construção e valorização do próprio eu. Um processo que pretende uma compreensão de si próprio, do passado e do presente, das suas chaves de valor e uma certa antecipação ou projecção para o futuro do que cada um desejaria que fosse a sua própria vida. É o âmbito no qual se elaboram os valores mais pessoais e se constrói uma maneira de ser coerente com os valores mais amplamente desejáveis, mas ao mesmo tempo, aberta à diferença e à construção duma trajectória vital diferente de todas as outras.

No fundo, construir formas de comportamento voluntariamente decidida e coerentes com o juízo moral, pretende desenvolver todas as habilidades presentes no mecanismo de auto-regulação pessoal; na capacidade para dirigir autónoma e voluntariamente o próprio comportamento. Assim, lograr-se-á um triplo objectivo; conseguir uma coerência suficiente entre o juízo e a acção moral, a aquisição de todos aqueles hábitos morais desejados e a construção duma maneira de ser voluntariamente decidida.

Compreender, respeitar e construir normas de convivência necessárias para uma correcta vida colectiva. Esta aquisição é progressiva e supõe o seu conhecimento, a sua compreensão, a sua aceitação reflexiva e o seu respeito. Supõe a sua crítica e talvez a construção colectiva e concordada doutras normas mais adequadas à situação.

 

 

 

 

 

TEMA 4


 


Os conteúdos da Educação Moral e Cívica


 


 

1.    Conteúdos relativos a conceitos


 

1.       Significado e sentido de termos que designam valores e de conceitos próprios da linguagem moral: Pretende-se facilitar a aquisição dum vocabulário suficiente de termos relacionados com a moral e a ética. Referimo-nos principalmente a termos e conceitos que designam valores ou princípios morais (justiça, solidariedade, liberdade, etc.) e aqueles outros que expressa, realidades morais que é preciso conhecer e saber descrever (norma, colectividade, virtude, etc.) Parte-se do suposto que o seu conhecimento é imprescindível para a adequada compreensão de qualquer tipo de realidade moral, ao mesmo tempo que ajudam e orientam o juízo e a acção. Apreender o sentido exacto dos termos e, em certos casos, precisar o que significam e como devem aplicar-se aqui e agora, são tarefas próprias da educação moral.

2.       Princípios transversais da moral: o conhecimento de si próprio e o diálogo: Quer-se introduzir progressivamente os alunos no conhecimento conceptual e na valorização dos princípios morais básicos: o conhecimento de si próprio e o diálogo. Entende-se por conhecimento de próprio o esforço por saber o que sentimos, o que nos impele a agir, as razões que temos, os valores que defendemos e, em definitiva, quem somos perante os nossos próprios olhos. O diálogo, como intercâmbio mútuo de boas razões, é um método que permite avaliar a justiça e a solidariedade atingidas por decisões morais. A aproximação conceptual a estes dois princípios tem uma dupla finalidade: o conhecimento do seu significado e do seu pano de fundo teórico; por outra parte, em tanto que tomada de consciência sobre ambos critérios e sobre os modos de aplicá-los na praxe moral – pessoal e colectiva- converte-se num mecanismo básico que melhora o seu uso.

 

3.      O pensamento ético sistemático.

 Conhecimento das teorias, dos temas e dos métodos reflexivos da ética: Este apartado de conteúdos conceptuais apresenta uma selecção das reflexões éticas elaboradas pela Filosofia. Trata-se, em primeiro lugar, de analisar alguns aspectos básicos do pensamento ético. Paralelamente, pretende-se transmitir também o reconhecimento e a valorização do espírito crítico e reflexivo que sempre animou e impulsionou a Filosofia. Para conseguí-lo, junto com a apresentação de conteúdos filosóficos e da valorização do método reflexivo e crítico com que foram elaborados, fomentar-se-á também a reflexão pessoal, adaptada à idade dos alunos a propósito de temas básicos do pensamento ético.

 

4.       Declarações, documentos, leis, personalidades e informações intimamente relacionadas com valores que todos poderíamos desejar. Conhecimentos que concretizam tais valores e expressam a sua ausência: Incluem-se aqui dois tipos de conteúdos:        

a)    Conhecimentos que encarnam valores amplamente desejáveis e que podem servir de critério de juízo perante situações concretas (Direitos Humanos); valores que permitem um vínculo com os fundamentos sobre os que se baseia a convivência colectiva (Constituição ou outras leis); ou personalidades ou factos históricos que por ser a expressão concreta de valores desejáveis se convertem em modelos;

b)    Informações que desde um ponto de vista científico, histórico ou sociológico facilitam a reflexão propriamente moral sobre situações que planeiam um conflito de valores. São informações imprescindíveis para exercer o juízo moral sobre temas relevantes e para exercê-lo de modo suficientemente informado.

 

5.       Convenções sociais que regem a relação entre as pessoas e comportamentos cívicos que facilitam a convivência. Os conteúdos aqui apresentados fazem referência àqueles comportamentos de convivência colectiva e de inter-relação pessoas que, em cada cultura e em cada sociedade, já estão configurados e se transmitem duma geração a outra com escassa discussão. Trata-se de conhecer as manifestações convencionais mais relevantes que tem estabelecidas a sociedade, reconhecer a funcionalidade individual e colectiva de tais formas convencionais, avaliá-las criticamente e comprometer-se, se possível, na sua alteração de acordo com princípios éticos baseados na justiça e na solidariedade. E o aspecto da educação moral mais directamente vinculado com a socialização, entendida como adaptação aos usos sociais. Na medida em que a educação moral contempla os modos de inter-relação pessoal e de convivência colectiva não pode pôr de lado este aspecto.

6.      Conhecimento e reflexão crítica sobre factos ou situações micro ou macroéticas que implicam um conflito de valores: Um dos conceitos principais dum currículo de educação moral e cívica é tratar aqueles temas que pessoal ou socialmente implicam um conflito de valores. Tais conteúdos devem apresentar informação descritiva sobre situações controvertidas, de modo quem além disso, se favoreçam a reflexão autónoma e o diálogo.

 

Os conteúdos microéticos referem-se fundamentalmente àqueles conflitos que se vivem nos âmbitos mais próximos de inter-relação pessoal. É considerado com espaço de conflitividade microética as relações entre iguais, as relações no âmbito familiar e os temas que surgem em volta da escola e do trabalho. Os temas macroéticos consideram os problemas que se apresentam em âmbitos sociais mais amplos. Incluem-se âmbitos temáticos como a organização da vida em comum, os problemas que hoje planeiam a ciência, a técnica e a ecologia, os valores e conflitos relacionados com as diferenças entre as pessoas ou os grupos sociais e a inserção dos jovens no seu entorno social.

 

2.             Conteúdos relativos a procedimentos


 

1)      Autoconhecimento: construção e valorização positiva do eu: conhecimento de si próprio (sentimentos, valores, razões, etc.); integração da experiência biográfica e projecção para o futuro: Este âmbito de conteúdos supõe facilitar o processo contínuo de conhecimento de si próprio nos seus variados aspectos e o uso de estratégias para consegui-lo. ”Autoconhecimento” inclui basicamente linhas de trabalho diferentes e complementares. Em primeiro lugar a formação da personalidade moral supõe a consciência de si próprio e ter-se construído como sujeito que se reconhece. Em segundo lugar, o autoconhecimento inclui também esclarecimento de si próprio em relação a um conjunto de aspectos que configuram a própria maneira de ser, pensar e sentir. Finalmente entendemos que o conhecimento de si próprio supõe a integração das diversas experiências biográficas e a projecção para o futuro.

2)      Conhecimento dos outros: desenvolvimento da capacidade de empatia e de adopção de perspectivas sociais: A capacidade de compreender os sentimentos alheios e de conhecer as razões e os valores dos outros, sem chegar a confundir-se com eles, constitui um dos pontos básicos do conteúdo no processo da educação moral. Não se trata só de colocar-se no lugar de outra pessoa, mas também de poder generalizar o ponto de vista alheio, de forma que se chegue a reconhecer a perspectiva da própria comunidade ou sociedade no seu conjunto, assim como a perspectiva ideal que defenderiam todas as pessoas que adoptassem critérios de justiça e solidariedade. De facto, considerar um conflito moral supõe construir e conhecer a própria posição, a dos outros que estiverem implicados na situação e a que mantém a colectividade real ou matéria a comunidade ideal.

3)      Juízo moral; desenvolvimento da capacidade de raciocinar sobre problemas morais: o juízo moral designa a capacidade cognitiva que permite reflectir sobre situações que apresentam um conflito de valores. Ajuda a considerar os próprios valores a propósito de situações concretas, a ordená-los hierarquicamente em função de tais situações e de acordo com razões, e a discernir entre o que se considera correcto ou incorrecto. No nível pré-convencional a pessoa resolve os conflitos morais desde a perspectiva dos interesses da sociedade; e no pos-convencional resolve os conflitos desde uma perspectiva superior à sociedade, desde os critérios de justiça que impõe a própria consciência.

4)      Habilidades para o diálogo: desenvolvimento das capacidades para um intercâmbio de opiniões e para raciocinar sobre o ponto de vista dos outros interlocutores com ânimo de entendimento: Consideramos aqui o conjunto de destrezas conversacionais, atitudes pessoais e valores cívicos que, perante um problema interpessoal ou social que comporte um conflito de valores não resolvido, impulsionam a todos os implicados a se comprometerem num intercâmbio de razões que os aproxime a uma mútua compreensão e à procura de acordos justos e racionalmente motivados.

 

3.             Conteúdos relativos a atitudes:


Este bloco de conteúdos, comum a todas as áreas curriculares, entende-se mais como um conteúdo que nos propõe a assimilação ou encarnação pessoal dos valores, das normas, e das atitudes propostas, do que o seu conhecimento puramente intelectual. Podemos perceber certas redundâncias com outros blocos de conteúdos se nos fixarmos unicamente nas formulações, mas na realidade pretende-se ser mais sensível ao domínio das predisposições de comportamento e ao reconhecimento vivificante de certos valores.

 

1.       Valores e atitudes universalmente desejáveis, e valores e atitudes coerentes com os conteúdos desta proposta curricular: Conteúdos de procedimentos tais como o autoconhecimento, o conhecimento dos outros, o juízo moral e a compreensão crítica conduzem-nos a valores como a autonomia da vontade, o valor da crítica, a justiça como igualdade, equidade, dignidade pessoal e liberdade; e a solidariedade como consideração dos outros, colaboração e cuidado mútuo. Conteúdos de procedimentos, como a auto-regulação, conduzem-nos a valores tais como a coerência pessoal e a responsabilidade. O diálogo condensa valores como a tolerância, o respeito aos outros e a procura crítica de soluções óptimas, e exige valores como a própria renúncia, o reconhecimento da posição de todos os implicados e do seu direito a expressar-se, o compromisso e a esperança. Os conteúdos referentes a factos levam-nos ao reconhecimento dos valores presentes na Declaração Universal dos Direitos Humanos e das leis básicas do país, proporcionando o material que permite exercer um valor básico, isto é, a “vontade de valor” o empenho de orientar a própria vida mediante valores de carácter universal e de carácter pessoal.

2.             Reconhecimento, assimilação e construção de normas de convivência: Paralelamente ao desenvolvimento de disposições tais como a autonomia, o juízo crítico e o diálogo racional, cabe fomentar também o reconhecimento de certas normas, visto que não é possível imaginar uma situação social sem normativa alguma que facilite a convivência e porque, sobretudo a certas idades, é necessário esse marco normativo para, a partir dele e em um marco absoluto e inamovível, mas também trabalhar o reconhecimento de certas normas necessárias para a convivência colectiva e a necessidade geral destas normas; finalmente, a capacidade para criticar as existentes e acordar colectivamente outras melhores

 

 


Tema 5


Os Métodos de Ensino


 

1ª Parte

 

1.Definição 2. Tipologia dos Métodos Pedagógicos 3. Aprendizagem Activa 4. Princípios da aprendizagem activa 5. Escolha do Métodos pedagógicos. 6. Técnicas 7. Apresentação das técnicas


 

1.Definição

 

            A palavra método vem do grego methodos que significa caminho ou processo racional para atingir um dado fim. Agir com um dado método supõe uma  prévia análise dos objectivos que se pretendem atingir, as situações a enfrentar, assim como dos recursos e o tempo disponíveis, e por último das várias alternativas possíveis. Trata-se pois, de uma acção planeada, baseada num quadro de procedimentos sistematizados e previamente conhecidos.

Em pedagogia, entende-se por métodos os diferentes modos de proporcionar uma dada aprendizagem e que foram sendo utilizados  pelos pedagogos ou a investigação  científica.

            O método não diz respeito aos vários saberes que são transmitidos, mas sim, ao modo como se realiza a transmissão.

 

Podemos definir um método pedagógico como:

 

Uma forma específica de organização de conhecimentos, tendo em conta os objectivos do programa de formação, as características dos formandos e os recursos disponíveis.

 

2. Tipologia dos Métodos Pedagógicos

 

            Os métodos pedagógicos definem um processo segundo o qual se organizam e desenvolvem as situações educativas. Os métodos podem ser de heteroestruturação e de autoestruturação.

 

            Métodos de Heteroestruturação: Nestes métodos a primazia a tem o objecto. O docente simplesmente transmite conhecimentos e o aluno opta um papel passivo, onde não é estimulado à actividade nem à construir o seu próprio conhecimento. A actividade do aluno consiste numa série de actos parciais que são em geral respostas a perguntas próprias de cada unidade.

 

            Métodos de Autoestruturação: Por estes métodos o aluno efectua acções e vai-se transformando pelas suas mesmas acções. É o autor do seu próprio desenvolvimento e constrói por si mesmo o seu conhecimento.

            O papel do docente é conseguir que os alunos adquiram por si mesmos os conhecimentos, isto é, que a sua aprendizagem seja activa.

 

            Estamos longe de uma classificação universal dos métodos pedagógicos. Roger Mucchielli, por exemplo, propõe uma classificação dos métodos baseada num “contínuum”, desde os completamente “passivos” aos mais “activos”. Pierre Goguelin agrupou-os em três grandes grupos: Métodos Afirmativos (expositivos e demonstrativos), Métodos Interrogativos e Métodos Activos. Actualmente esta classificação tende a ser feita em função do recurso pedagógico que é particularmente valorizado.

 

 

Verbais (Dizer)
Intuitivos (Mostrar)
Activos (Fazer)
Exposição
Explicação
Diálogo
Debates
Conferência
Painel
Interrogação
 
Demonstração
 
Audiovisuais
 
Textos escritos
Trabalhos  em Grupo, em Equipa e de Projecto
Estudo de Casos
Psicodramas
Role-Play
Simulação de jogos

 

Métodos Verbais

A transmissão oral dos saberes, continua a ser a mais clássica. A sua enorme diversidade decorre obviamente da própria multiplicidade de formas a que podemos recorrer para expor ou interrogar os alunos sobre um dado tema. Tem a vantagem de poder ser utilizado para um grande número de pessoas, domínio da programação e a possibilidade de seguir um programa previamente estabelecido. Mas a participação dos educandos é reduzida.

 

Métodos Intuitivos

Trata-se de mostrar algo a alguém de forma a que possa intuir, apreender ou perceber o que se pretende transmitir. É usado pelo animador para a exibição de uma correcta execução de cada uma das tarefas básicas: preparação, apresentação, aplicação e verificação são os passos a seguir. Necessita de material pedagógico específico e permite a transmissão de conhecimentos teóricos e práticos. Possibilita a participação dos alunos, dialogando, observando e realizando.

Métodos Activos

Um dos primeiros grandes teóricos deste tipo de métodos foi Pestalozzi (1746-1827). Influenciado pelas ideias de Rosseau, defendeu que a educação deveria “preparar os homens para certos desempenhos na sociedade”. A educação devia apresentar-se como um desenvolvimento natural, espontâneo e harmónico das disposições humanas originais, na suas dimensões: a vida intelectual, moral, artística e técnica. No final do século XIX, foram finalmente colocadas as bases filosóficas da pedagogia contemporânea. Willliam James (1842-1910), concebeu a educação baseada na acção. A sua pedagogia activa assenta nos seguintes princípios:

O aluno só aprende bem quando o faz por observação, reflexão e experimentação (auto-formação);

O ensino deve ser adaptado à natureza própria de cada aluno (ensino diferenciado);

Deve desenvolver, não apenas a sua formação intelectual, mas também as suas aptidões manuais, assim como a sua energia criadora (educação integral);

A matéria de ensino deve ser organizada de uma forma que produza um efeito global  na formação do aluno (ensino global);

O ensino deve contribuir para a socialização do aluno, por meio de trabalhos em grupo, respeitando e fortalecendo sempre a individualidade dos alunos. A educação é vida e educar é preparar para a vida (ensino socializado).

 

Ao longo do século XX a pedagogia activa, conheceu inúmeros avanços teóricos e práticos, influenciando todos os outros métodos de ensino.

Estes métodos têm vindo a impor-se devido a cinco razões essenciais: a) A crescente importância dadas às vivências individuais; b) O aumento da motivação ligada a actividades que envolvem directamente o formando; c) A necessidade de incrementar os hábitos de trabalho em grupo, para o aperfeiçoamento das relações humanas; d) A mudança do papel do formador, este deixou de ser visto como o detentor do saber, para ser encarado como um facilitador ou animador; f) A evolução dos métodos de controlo, que passaram de um sistema autoritário, para outros baseados no autocontrole, auto-avaliação dos indivíduos e do grupo.

 

3. Escolha do Método pedagógico.

 

Na escolha de um Método Pedagógico, o educador deverá ter em conta quatro factores importantes:

As características dos educandos;

As características do saber;

O condicionamento e os recursos inerentes à situação de educação

O seu estilo pessoal

 

A escolha do método é tudo menos inocente. Esta escolha pode determinar a “selecção” em termos de resultados finais. Não nos podemos esquecer que num grupo de educandos existe uma enorme diversidade de estilos e de ritmos de aprendizagem, e através da escolha e da aplicação correcta dos métodos o educador faz a gestão destas diferenças. Assim , se nenhuma escolha é inocente, qualquer escolha implica o sucesso ou insucesso de alguns formandos.

 

É importante por isso distinguir os diversos níveis:

 

Nível do saber – conjunto de conhecimentos gerais ou especializados que é necessário possuir, transmitidos pelo formado e recebidos pelos formandos. Visa adquirir conhecimentos e faz apelo á memorização e á compreensão.

Nível do saber fazer  domínio de instrumentos e de métodos cuja utilização é necessária para um bom desempenho profissional.

Nível do saber ser (atitudes). visa a modificação de atitudes e a modificação só é eficaz a longo prazo.

 

Em relação a estes níveis podemos escolher os métodos a seguir.

 

Métodos orientados para a transmissão do saber

Expositivo; Participativo; Programado

Métodos orientados para a transmissão do saber fazer

O TWAI (Training Within Industry) = Análise detalha de tarefas.

O método dos casos.

Métodos orientados para a modificação de atitudes

Discussão de grupo; Dramatização; Grupos de criatividade; Formação centrada nos participantes

 

(Sempre deve haver a preocupação de alcançar os objectivos)

 

 

 

4.Técnicas

 

Pode fazer-se ainda uma distinção entre método e modelo operativo técnico (técnica).

É uma acção reflectida e metódica do professor. A técnica pode mecanizar-se, pode ser executada pelo homem, mas pode também ser transferida a um mecanismo que a reproduza.

 

O método fica normalmente nas mãos do homem que segue e executa as indicações de uma racionalidade que procura e fixa modelos.

A pedagogia e a educação não podem permanecer indiferentes. Tendem a um resultado. A pedagogia quando aprofunda o conhecimento converte-se em metodologia: métodos de intervenção, de análise, de proposta, de organização, de programação, de realização racional válida e eficiente.

Actualmente a pedagogia é metodologia e a educação é acção técnico artística.

As técnicas pedagógicas como métodos de formação são estratégias que o educador utiliza para conseguir alcançar os seus objectivos.

 

4.1 Quadro de técnicas:

 

 

Objectivo educativo
Técnicas adequadas
 
 
Dar oportunidade a todos de participar no grupo
Philps 6x6
Díade
Grupos de cochicho
Times de observação
 
Aprofundar um tema chegando a conclusões
Grupos pequenos
Grupos de inter-acção vertical e horizontal
Desenvolver a capacidade de observação e o sentido crítico do desempenho do grupo
Grupos de observação
Produzir grande quantidade de ideias num curto espaço de tempo
Tempestade cerebral
Expressar opiniões
Pergunta cerebral
Estudar e analisar um tema num pequeno grupo de especialistas
Painel
Apresentar diversos aspectos do mesmo problema, fornecendo informação
Simpósio
Meditar colectivamente sobre um tema com ajuda de pessoas e literatura
Reflexão ou círculos de estudos
Promover debates com pessoas defendendo ideias opostas
Debate
Painel de  oposição
Desenvolver a capacidade analítica mediante o estudo de situações reais e fictícias
Estudo de casos
Desenvolver a empatia, a capacidade de tomada de perspectiva e análise de situações em conflito
 
Dramatização
 
Investigar diversos aspectos de um mesmo problema e colocar os resultados em comum
Seminário
Desenvolver a capacidade de trabalhar em equipe
Estudo orientado em equipe
Reconhecer a diversidade de possíveis interpretações sobre o mesmo tema
Diálogos sucessivos
 
Aprender a trabalhar em grupo na solução de problemas identificados
Métodos de projectos
 
Aprender fazendo
Oficina ou laboratório
(Workshop)

 

4.2 Apresentação das técnicas

 

PHILPS 6x6. Consiste na divisão de um grupo grande em grupos de seis membros que discutem um assunto durante 6 minutos.

 

DÍADE. Consiste num trabalho dois a dois. Chama-se também binas. É diferente do cochicho, porque neste os dois não se levantam da cadeira onde estão num grupo maior. Falam com o do alado, sob indicação do orientador.

 

DISCUSSÃO EM GRUPOS. É uma técnica de divisão do grande grupo em vários grupos mais pequenos, visando aumentar a participação individual. Há uma grande variedade de formas de trabalhar em grupos pequenos. Eis algumas variedades;

 

1) Grupos simples, tarefa única

Os participantes dividem-se em grupos de 5 ou 8 e o animador dá um tema para discutir durante um determinado tempo. Cada grupo nomeia um coordenador e um secretário. Terminado o tempo, reúnem-se em plenário, e os secretários apresentam as conclusões (em cartaz, acetatos). É aconselhável uma forma visual de apresentação. Pode terminar o plenário com uma discussão do que se disse.

 

2) Grupos simples com tarefas diferentes

Cada grupo recebe uma tarefa diferente para discutir. Segue-se a estratégia da alínea 1)

Grupos simples com tarefas diferentes.

O tema pode ser o mesmo, mas a forma de o encarar é diferente.

O grupo A procura colher as ideias principais.

O grupo B procura relacionar as ideias principais do texto com a experiência de cada um do grupo.

O grupo C procura a partir do texto novos horizontes.

O grupo D procura julgar e sintetizar o texto.

 

 

 

3) Grupos de integração horizontal-vertical

 

 

 
 
A
 
A
 
A
 
A
 
B
B
B
B
C
C
C
C
D
D
D
D

 

 

TEMPESTADE CEREBRAL. Fundamenta-se no plano de captar ideias em estado nascente, antes de serem submetidas a esquemas rígidos e fechados. Os participantes devem gerar ideias com toda a liberdade de espírito. Há uma técnica que é fazer a mesma pergunta circularmente. É a pergunta circular. Outros nomes: turbilhão de ideias, chuva de ideias ou “brainstorm”

 

AQUÁRIO. Consiste em dividir os participantes em dois grupos: um fica no interior do outro. O de dentro chama-se grupo verbal (peixes). O grupo exterior (Observador) – como as pessoas a observar os peixes no aquário. Nomes desta técnica: aquário, G.O.-G.V., “Fishbowl”

 

PAINEL. Consiste em desenvolver uma discussão informal entre um grupo de pessoas, seleccionadas por serem autoridade na matéria. Há que seleccionar um moderador.

Os painéis podem ser de interrogação ou de oposição ou debate. Numa primeira parte do painel cada convidado tem um tempo mínimo à sua disposição e numa segunda parte, o moderador dá a palavra ao público.

 

SIMPÓSIO. É uma série de breves apresentações de diversas pessoas sobre diferentes aspectos de um mesmo tema. O tempo máximo é de cerca de 10 minutos. O expositor não deve ser interrompido, guardando o tempo de perguntas para o fim. No final, abre-se o debate.

 

ESTUDO DE CASOS. Consiste em apresentar de forma sucinta uma situação real ou fictícia, para ser discutida em grupo. A forma de apresentação do caso pode ser: descrição, narração, diálogo, dramatização.

 

DRAMATIZAÇÃO. É a teatralização de um problema ou situação frente aos participantes para desenvolver neles a capacidade de se colocar no lugar do outro, assim como desenvolver a liberdade de expressão.

 

SEMINÁRIO. O nome desta técnica vem de semente que deve ser uma ocasião para semear ideias ou favorecer a sua germinação. Basicamente um seminário é um grupo de pessoas que se reúnem com o propósito de estudar um tema sob a direcção de um professor.

 

TÉCNICA DE REFLEXÃO. A reflexão, também círculo de estudos, é uma técnica que se baseia na reunião de um grupo de pessoas ligadas à mesma área com o objectivo de aprofundar o tema, utilizando uma metodologia de pequenos grupos. É diferente do método de projectos (juntar factos), porque toma uma posição e um comportamento de consenso. Visa a valorização do grupo e a valorização de cada componente pela fundamentação teórica e prática de cada participante, assim como pela troca de experiências em grupo.

 

DIÁLOGOS SUCESSIVOS. A técnica começa com os estudantes colocados em dois círculos concêntricos, sendo que cada participante tem outro à frente dele para dialogar com ele. Todos os participantes do círculo interno, após terem escutado a opinião do seu par (círculo exterior), discutem com ele durante 3 minutos. A seguir, os membros internos mudam de par, passando a dialogar com o próximo participante externo. Cada participante externo se vê confrontado com cinco posições diferentes de cinco participantes internos.

 

MESA REDONDA. Duas, três ou quatro pessoas defendem diferentes opiniões perante o grupo que intervém no fim.

 

ROLE-PLAYING. (Representação dum papel): Duas ou mais pessoas assumem o “rol” depois se estuda o caso segundo as reacções suscitadas

 

WORKSHOP. Também chamado laboratório ou oficina, consiste na reunião de 12 pessoas ou mais com interesses profissionais comuns, com o objectivo de melhorar a eficiência, estudando e trabalhando juntos. O significado do nome inglês equivale ao significado original da palavra laboratório, isto é, lugar de trabalho (laborare = trabalhar) É uma técnica  de natureza prática.

O programa inclui estudo individual, consulta bibliográfica, palestras por instrutores, discussão em pequenos grupos e plenário, exercícios práticos, relatórios, saídas ao campo, realização de pesquisas. A duração varia de duas a três semanas.

 

DISCO-FORUM, VIDEO-FORUM. A utilização da música, da canção, dos filmes, oferece perspectivas pedagógicas muito ricas. Daí a importância da sua utilização didáctica como material nas actividades de grupo. A canção popular bem utilizada, pode ajudar a um encontro com a própria experiência humana, conseguindo uma melhor interiorização da mesma e, sobretudo, como canal que estimula e ajuda a uma expressão pessoal nascida na profundidade da pessoa. Utilizam-se como meio de aprofundamento e interiorização duma experiência; como possibilidade de contraste e ampliação da experiência pessoal ou como ajuda na busca de caminhos novos; como meio de estabelecer o diálogo e explicar um tema.

 

FOTO-PALAVRA E VIDEO-PALAVRA. A imagem, quer impressa (fotografia) ou projectável (diapositivo) – da mesma forma que se indicou para a música- abre um campo imenso de perspectivas pedagógicas e didácticas. Podem-se indicar especialmente duas das suas funções específicas face à Pedagogia: a sua capacidade evocadora e a sua capacidade de expressão.

As aplicações podem ser muito variadas. De forma esquemática sugerem-se algumas:

Como ponto de partida para evocar, centrar ou iniciar um aprofundamento; como meio de personalização, actualização ou aprofundamento em volta de uns textos ou experiências, quer por contraste quer por associação; como expressão, individual ou grupal, do que se viveu ou descobriu num determinado momento ou do que foi evocado ao longo de uma sessão.

Estas actividades têm de ser programadas, quer por meio de colecções de diapositivos ou fotografias, quer com materiais realizados pelo próprio grupo, quer com jornais e revistas.

 

CONFECÇÕES DE CARTAZES. Em geral hão-de seguir-se os seguintes passos: Concreção e delimitação do tema; realização de um esquema básico de conteúdo; busca e selecção dos materiais (fotografias, notícias, frases-chave, textos...); realização plástica do cartaz

 

MONTAGENS AUDIO-VISUAIS. A técnica das montagens audio-visuais talvez  seja  a melhor oportunidade para viver pessoalmente e em grupo uma experiência de autêntica criatividade, expressão e comunicação.

Seria interessante que o orientador escolhesse os diapositivos para o tema, embora também podem ser escolhidos pelos educandos. Tanto um como os outros podem servir-se de colecções de diapositivos para organizar as montagens. Actualmente o uso de alguns programas informáticos podem ajudar nesta elaboração.

 

EXPRESSÃO PLÁSTICA. Outro dos grandes meios de expressão é a linguagem plástica. A expressão através da pintura, da forma e da cor daquilo que se percebe, se vive ou sente, +ara experimentar o gozo, por um lado, de nos traduzirmos para o exterior e, por outro, de nos podermos comunicar de uma maneira nova e cheia de simbolismos.

 

EXPRESSÃO CORPORAL. Completam-se estas sugestões em volta das técnicas e modos de expressão com a linguagem corporal, certamente uma das mais positivas; sendo ao mesmo tempo uma das mais totalizantes e perfeitas. É preciso recuperar o valor do corpo para fazer também dele um meio de expressão da própria experiência. Podem ser técnicas de expressão corporal a partir da mímica, a dança, o “happening” (mensagens), marionetes, “role-playin” etc.

 

OUTRAS TÉCNICAS. Ainda existem outras técnicas interessantes: a realização de jornais, de jornais murais, de teatro... Com tudo isto abre-se um amplo leque à criatividade do educador e dos educandos para fazer uma experiência viva da situação de ensino-aprendizagem como experiência dinâmica de expressão e comunicação que leve a uma melhor assimilação e descoberta dos conhecimentos a serem adquiridos.

 

Para o trabalho pessoal sobre a unidade temática que deves trabalhar este ano:
 
Reflecte sobre esta frase e justifica-a: A escolha do método é tudo menos inocente.
Qual é a diferença entre métodos e técnicas?
Para conseguir os objectivos da Unidade temática que deves preparar, quais serão os métodos que utilizarás? Explica o porquê.
Tendo em conta o tema e as características da faixa etária dos alunos correspondentes à classe na qual poderias dar a tua aula, qual técnica utilizarias? Prepara-a
 

 

Os Métodos de Ensino na


Educação Moral e cívica


(2ª Parte)


 

Estratégias e técnicas de Educação Moral


 

1. Estratégias para o desenvolvimento do juízo moral 2. Estratégias de autoconhecimento e expressão. 3. Orientações gerais para a elaboração e aplicação de exercícios de frases inacabadas e perguntas clarificadoras. 4. Estratégias orientadas ao desenvolvimento de competências auto-reguladoras. 5.Estratégias para o desenvolvimento da perspectiva social e da empatia. 6 Estratégias para a análise e a compreensão crítica de temas moralmente relevantes. 7. Narrações para a Educação Moral e Cívica 8. Os gestos e as palavras

 

 

1.   Estratégias para o desenvolvimento do juízo moral:


     a) Discussão de dilemas morais


 

Tem-se constatado que não existe um progresso no juízo moral das pessoas se previamente não experimentam um conflito cognitivo que lhes induza a pensar que os seus raciocínios podem pôr-se em dúvida. A discussão de dilemas morais pretende a criação do referido conflito nos alunos, ajudando-lhes a restabelecer o equilíbrio num nível superior de juízo moral. O conflito cognitivo tem lugar em situações de interacção entre iguais e entre adultos, e quando se consideram os problemas morais desde pontos de vista diferentes.

 

A discussão de dilemas morais é uma técnica de educação moral derivada dos trabalhos de Kohlberg. Os dilemas são breves narrações de situações que apresentam um conflito de valor, isto é, uma personagem encontra-se numa situação difícil e tem que escolher, geralmente, entre duas alternativas óptimas e equiparáveis.

 

Mediante a discussão de dilemas morais, a pessoa desenvolve a sua capacidade de raciocínio, o seu juízo moral, sobre situações que apresentam um conflito de valores. Neste processo, o indivíduo considera os seus próprios valores em relação a temas moralmente relevantes, discernindo entre o que considera correcto ou incorrecto.

 

A metodologia educativa de Kohlberg para promover o desenvolvimento do juízo moral baseia-se em propor aos alunos dilemas morais que despertem o seu interesse, perguntando-lhes directamente qual seria a melhor solução para o dilema; cada aluno deve pensar qual é a melhor decisão e fundamentá-la em raciocínios moral e logicamente válidos.

 

Orientações para a discussão do dilema


  1. Apresentar o dilema mediante a leitura, individual ou colectiva. A apresentação do dilema também pode realizar-se mediante uma representação, por meio de desenhos, etc., da situação que se coloca.
  2. Recapitulação: comprovar a compreensão do dilema proposto (terminologia, conflito e alternativas) e insistir em que se  há-de responder ao que deveria fazer o protagonista e não ao que provavelmente faria.
  3. Reflexão individual: cada aluno reflexiona, individualmente, sobre o dilema e selecciona uma alternativa. A decisão adoptada, assim como as suas razões, expressam-se por escrito.
  4. Discussão do dilema: pode-se optar por realizar um comentário geral toda a turma, expondo cada aluno as suas respostas e argumentos, ou realizar um processo de discussão em pequenos grupos, passando, posteriormente, à discussão generalizada com todo o grupo. Neste caso, o professor orientará os grupos para que centrem a discussão, durante dez ou quinze minutos. No com flito proposto pelo dilema. Antes de iniciar a discussão com toda a turma, um representante de cada grupo resumirá o que foi discutido, os argumentos expostos no seu grupo.

 

  1. Fim da actividade: pode propor-se aos alunos que reconsiderem a sua posição inicial – valorizando se experimentaram alguma modificação - , que encontrem argumentos para defender a posição contrária à escolhida, que resumam as suas posições, soluções e argumentos planeados, que exponham situações semelhantes à do dilema, etc.

Orientações gerais para a aplicação e elaboração de dilemas morais


 

ö  Criação duma atmosfera adequada, um ambiente que estimule o desenvolvimento moral dos alunos. Torna-se necessário atender à disposição física que há-de favorecer a expressão e o intercâmbio de opiniões ( é importante que se possam ver entre si e que o educador se encontre como mais um no grupo), assim como aquelas atitudes de respeito e diálogo que permitem uma comunicação aberta.

ö  O educador deve considerar que durante a discussão de dilemas morais não obrigará a ninguém a expressar a sua opinião, porque pode desmotivar o diálogo. Não deve esquecer que o diálogo interno também favorece o desenvolvimento moral. Ele não deve dominar a discussão, mas favorecer a interacção entre os alunos.

ö  Além de dialogar sobre a pergunta central do dilema, em torno à decisão que deveria tomar o protagonista, podem-se planear outras questões relacionadas com o conflito, analisar as consequências de cada eleição, realizar transferências à vida real, planear dilemas alternativos, etc.

ö  Elaboração: ao redigir dilemas morais, não devemos esquecer que estes hão-de apresentar conflitos adequados à idade e à experiência dos alunos. Os dilemas hão-de ser motivadores e controvertidos, no sentido de que os alunos possam dar diferentes argumentos e soluções. Não há que esquecer que a criação do conflito cognitivo tem como objectivo favorecer o desenvolvimento do juízo moral

          b) Diagnóstico de situações


 

O diagnóstico de situações é uma estratégia que tem por objectivo o desenvolvimento da capacidade de valorização das diferentes alternativas que se apresentam numa situação problemática, assim como as possíveis consequências de cada uma delas, a partir dum diálogo organizado.

Da mesma maneira que nos dilemas, apresenta-se uma situação real na qual o protagonista tem um conflito de valores, mas neste caso já tomou uma decisão sobre a situação problemática.

A diferença fundamental com os dilemas é que o diagnóstico guarda mais relação com os conteúdos de valor que se implicam na situação ou que se apresentam no tema que se está a tratar, do que com a forma de juízo dada. Enquanto os dilemas se orientam especificamente a discutir as razões da determinada decisão, o diagnóstico de situações procura principalmente analisar a decisão própria, considerar os valores postos em jogo, procurar outras possíveis alternativas e valorizar as suas consequências.

Com esta técnica tenta-se ajudar a pensar, analisar, criticar e julgar a realidade que nos rodeia, tendo em conta diferentes elementos de análise. AO mesmo tempo, pretende-se que os alunos formem critérios pessoais e emitam juízos de valor estudando os diferentes níveis  em que se move a pessoa e as diferentes perspectivas desde as que é possível focalizar um mesmo acontecimento.

O diagnóstico de situações apresenta-se como um método que permite falar de conflitos reais, nos que já foi dada uma resposta, com o objectivo de estabelecer as causas, pelas que se produziu uma situação: estabelecer as consequências da alternativa adoptada; procurar outras alternativas e estabelecer as suas consequências; analisar os valores implicados na situação e, globalmente, criticar construtivamente a realidade.

 

As fases que se seguiriam na realização do diagnóstico de situações são:

Identificação e esclarecimento: Apresenta-se a situação conflituosa aos alunos e se lhes pede que, individualmente ou em grupo, procurem critérios para julgá-la. É preciso que os alunos se identifiquem e clarifiquem os valores implicados na situação: que procurem dados e factos significativos em relação com o problema, estabelecendo a diferença entre factos e valores.

Valorização: Devem avaliar-se as consequências das diferentes e possíveis alternativas, tende presentes os valores postos em jogo em cada uma delas. Os alunos deverão comprovar o grau de confiança que merece cada alternativa, destacando a relevância de cada uma delas em relação à clarificação do problema.

Juízo: Para finalizar a actividade há-de se proceder a emitir um juízo – diagnóstico – sobre a situação após ter discutido colectivamente as consequências da decisão adoptada pelo protagonista ou das outras decisões possíveis. Tem de se chegar a conseguir uma posição consensual entre todos os membros do grupo.

O professor favorecerá constantemente o desenvolvimento da actividade criando a atmosfera apropriada e propondo problemas pertinentes e de interesse para os alunos. É importante que estruture e organize, com pautas muito concretas, o trabalho dos alunos para que possa, realizar o diagnóstico da situação de forma adequada. Uma vez apresentado o problema, pode oferecer toda a informação que seja necessária sobre o mesmo esclarecendo os valores que se põem em jogo. Nas primeiras idades estas actividades serão muito dirigidas, propondo situações muito simples e orientando o seu diagnóstico com perguntas muito concretas que as crianças responderão, preferentemente de forma colectiva. Este planeamento de perguntas sobre a situação e o problema proposto é também muito orientador noutras idades para poder seguir as diferentes fases e chegar, no fim, a realizar o diagnóstico da situação.

 

Alguns aspectos que o professor deverá ter em conta para desenvolver, de forma acertada, estas actividades de diagnóstico de situações:

 

ö   Apresentação do problema: O professor explicará a dinâmica da actividade. Depois apresentará a situação. Como nos dilemas, pode apresentar-se de forma oral, escrita, com desenhos, etc. É importante que a narração da situação deixe muito clara a decisão escolhida pelo protagonista da história. O professor insistirá neste aspecto, junto com o esclarecimento do problema planeado e dos valores implicados.

ö   Organização dos alunos para realizar esta actividade: Embora este tipo de actividades possa ser realizado individualmente, é de maior interesse e enriquecimento a sua realização em pequenos grupos ou com toda a turma (esta última forma é a mais utilizada nas primeiras idades, porque as crianças não têm ainda a capacidade para trabalhar em grupo com suficiente autonomia e coordenação). Os grupos têm que ser de quatro a seis pessoas. É importante estabelecer algumas normas de trabalho, como, por exemplo, respeitar o princípio de colaboração, a necessidade da participação de todos, o diálogo como elemento necessário para chegar a um acordo, etc. Estabelecer-se-ão também funções entre os diferentes membros do grupo (vogal, secretário, etc.)

ö   Classificação e organização das perguntas orientadoras para realizar o diagnóstico: Apresentada a situação problemática e antes de que os alunos iniciem o trabalho em grupos, é necessário orientar a reflexão, o trabalho de diagnóstico, facilitar a compreensão dos problemas propostos e dos valores implicados; ajudar a valorizar as alternativas e as suas consequências e, em definitiva, motivar a discussão em grupos.

ö   Conclusão final: Para finalizar a actividade, cada grupo deve explicar o trabalho que realizou, os aspectos discutidos e as conclusões às que chegou, isto é, o diagnóstico que realizou e as suas razões. A partir daqui pode-se tentar chegar a um acordo colectivo de toda a turma, a uma conclusão conjunta que incorpore as opiniões mais destacadas na discussão final.

 

2.         Estratégias de autoconhecimento e expressão


          a) Clarificação de valores:


A técnica de clarificação de valores engloba um conjunto de métodos de trabalho cuja finalidade é ajudar às crianças e aos jovens a realizar um processo de reflexão orientado a tomar consciência das próprias valorizações, opiniões e sentimentos.

O contributo dado por Raths, em 1966, surge num contexto histórico caracterizado pela grande diversidade de valores, facto que origina nas jovens gerações, conflitos e certa confusão sobre o que é correcto, justo ou adequado. Perante esta desorientação, a clarificação de valores apresenta-se como um meio que permite à pessoa integrar o pensamento, a afectividade e a acção.

Desde o âmbito da educação moral, e de acordo com os modelos baseados na construção racional e autónoma de valores, incorpora-se esta técnica à finalidade de promover entre os alunos os processos de autoconhecimento e expressão de valores.

A clarificação de valores contribui a que os alunos realizem um processo de reflexão que lhes permita tomar consciência e responsabilidade em relação aos seus pensamentos, os seus valores e as suas emoções. Por uma parte, este processo ajuda a adquirir mais confiança e seguridade em si próprio e, por outra, a enfrentar-se construtivamente com as suas situações conflituosas, possibilitando uma participação mais consciente numa sociedade democrática.

Assim, mediante um método explícito e estruturado, realiza-se uma análise introspectiva que permite reflexionar acerca da personalidade, os comportamentos, as atitudes, os valores, etc. Esta análise, que há-de basear-se no uso da razão e no diálogo consigo próprio, é necessária para que as crianças e os jovens vão construindo a sua personalidade moral. Não se trata duma estratégia orientada para a imposição de valores, mas, pelo contrário, desde a nossa perspectiva, a clarificação de valores há-de ser o meio que permita à pessoa, de forma racional e autónoma, descobrir-se a si própria e, ao mesmo tempo, iniciar processos de mudança pessoal e colectiva. O autoconhecimento é um requisito para estabelecer normas auto-reguladoras e de autocontrole do próprio comportamento, da própria acção.

O processo de valorização


A clarificação de valores requer um processo que permita à pessoa analisar, de maneira crítica e criativa, o seu entorno, ao mesmo tempo que lhe ajuda a escolher, de forma autónoma e racional, os seus princípios de valor. Neste sentido, a reflexão interna e externa, permite conhecer e clarificar o que cada um valoriza e aprecia, bem como as próprias opiniões e sentimentos, perante os diferentes conflitos de valor que apresenta a realidade.

Neste processo de reflexão e de valorização pessoal hão-de seguir-se três fases:

            Selecção: Processo cognitivo que requer liberdade para decidir o que cada um valoriza e aprecia. Esta decisão é tomada depois de considerar as diferentes alternativas e analisar as consequências de cada uma delas.

            Apreciação: onde intervém a afectividade no sentido de que a pessoa há-de apreciar e desfrutar da sua escolha, estando disposta a defendê-la publicamente.

            Actuação: referida ao comportamento, isto é, a pessoa há-de agir de acordo com a sua eleição, pois o que valorizamos e apreciamos há-de constituir-se em guia da nossa vida.

 

Este processo de valorização, que permite tomar consciência do que valorizamos e apreciamos, do que pensamos e sentimos sobre temas conflituosas, pode realizar-se por diversos métodos, como o das frases inacabadas e o das perguntas clarificadoras, que consiste no seguinte: apresenta-se uma série de frases inacabadas ou de perguntas que obrigam o aluno a definir-se. Oferece-se-lhe a oportunidade de pensar sobre as suas crenças, as suas opiniões, as suas preferências, os seus valores, as suas atitudes, etc., com relação a um tema de carácter ético.

            Aspectos práticos: frases inacabadas e perguntas clarificadoras: os exercícios hão-de realizar-se a propósito de temas que podem ser controvertidos e de interesse para os alunos, ao mesmo tempo que moralmente relevantes. É importante que, previamente à realização destes exercícios, se tenha abordado o tema desde outras perspectivas, sobretudo desde aquelas que oferecem informação e permitem a sua compreensão crítica.

 

3.         Orientações gerais para a elaboração e aplicação de exercícios de frases inacabadas e perguntas clarificadoras


           

Uma vez determinado o tema, o educador deve realizar um trabalho prévio mediante o qual o aluno possa adquirir informação, e compreender criticamente o conflito que se lhe propõe, assim como as diversas posições com relação ao mesmo. Há-de motivar o processo de valorização pessoal a partir de exercícios de clarificação de valores, onde se aceite e se fomente a diversidade de opiniões e onde não se obrigue a ninguém a expressar o que pensa ou sente. Também haverá de motivar os alunos para que sejam sinceros no seu processo de valorização e nas suas respostas.

Esta motivação pode conseguir-se atendendo a dois aspectos:

a)                  que os  temas de reflexão se vinculem aos problemas que vivem os alunos ou se refiram àqueles outros temas pelos que estão altamente interessados;

b)                  que os alunos percebam os benefícios que comporta a realização destes exercícios. Pode-se-lhes indicar que é um meio que permite conhecer-se melhor e, a partir daqui, estabelecer pautas de mudança que possibilitam melhorar-nos a nós próprios e assim melhorar as relações com os outros.

As frases inacabadas ou as perguntas clarificadoras devem redigir-se de tal maneira que não levem a dar uma resposta determinada; também não hão de ser ambíguas porque podem provocar certa desorientação. As frases e as perguntas hão-de redigir-se de forma concreta e simples, requerendo, por parte do aluno, uma resposta breve e clara que manifeste o que valoriza e aprecia. A sua extensão – número de frases e perguntas – não deve ser excessiva. Por volta de dez frases ou perguntas por actividade – dependendo da idade dos alunos – é adequado e suficiente para reflexionar acerca das diferentes dimensões que pode apresentar um determinado tema.

 

4.         Estratégias orientadas ao desenvolvimento de competências auto-reguladoras


 

Uma das dimensões mais importantes da acção pedagógica no âmbito moral deve orientar-se ao desenvolvimento de competências e comportamentos que suponham um alto nível de auto-regulação e autocontrole no aluno. Esta dimensão torna necessária a formação dos indivíduos para que estejam capacitados para regular de forma autónoma  o seu comportamento e o seu agir no meio onde vivem , e, ao mesmo tempo, estejam preparados para apresentar comportamentos singulares baseados em critérios pessoais e orientados para eles.

A auto-regulação e o autocontrole permitirão aos alunos conseguir os objectivos pessoais que facilitam uma maior perfeição do comportamento e podem colaborar para conseguir um melhor autoconceito e um grau de autoestima superior.

Entende-se por auto-regulação aquele processo de comportamento, de caracter contínuo e constante, no qual a pessoa é a máxima responsável do seu comportamento. Para que o indivíduo seja capaz de apresentar este comportamento, é preciso que conheça as variáveis internas e externas que exercem influência nele, manipulando-as sempre que seja preciso para conseguir os objectivos desejados.

O autocontrole supõe um processo de auto-regulação, no qual a resposta não só está determinada pela pessoa mas, além disso, seria pouco provável que se produzisse sem a colaboração desta.

As estratégias de auto-regulação do comportamento estão dirigidas a ajudar o aluno a comportar-se em função de critérios próprios concordados escolhidos desde fora, e ajudar a equilibrar possíveis discordâncias ou faltas do próprio comportamento.

 

Estas estratégias podem agrupar-se em blocos:

 

1.      Actividades orientadas para trabalhar as condições necessárias a todo processo de auto-regulação com a presença do professor. Actividades que procuram desenvolver nos alunos habilidades orientadas a facilitar o autocontrole nos âmbitos escolar e social.

2.      Actividades que supõem a prática da auto-regulação por parte dos alunos. O lugar cimeiro do professor passa para o aluno, de tal maneira que este possa adquirir competências auto-reguladoras não só perante os problemas de carácter académico ou social.

 

No primeiro bloco consideramos aqueles programas de acção pedagógica que permitem aprender técnicas consideradas como fases fundamentais dentro do desenvolvimento das competências auto-reguladoras:

 

Auto-determinação de objectivos: pretende-se modificar o comportamento do aluno em função de objectivos ou critérios estabelecidos previamente. Nos níveis evolutivos inferiores, os critérios impõem-se desde fora, por parte do professor. Em fases posteriores, os critérios são propostos pelo próprio aluno, sempre, porém, em função do seu momento evolutivo.

Para ser eficaz a auto-determinação de objectivos deve ir acompanhada de recompensas (dar reforços positivos ou eliminar os negativos)

Auto-observação: deve permitir ao aluno analisar o seu comportamento, as suas causas e os seus efeitos. O objectivo é que tome consciência do seu comportamento e seja capaz de analisá-lo como um espectador. Tratar-se-á de desenvolver habilidades que permitam ao aluo seleccionar comportamentos específicos que observar, determinar a forma e o momento em que se dão, planear estratégias que tornem possível modificar comportamentos que não são adequados e avaliar o grau de optimização.

 Auto-avaliação trabalha-se ao praticar a auto-observação. O processo central da auto-avaliação é a comparação entre os objectivos propostos e os que são observados no próprio comportamento.

Auto-reforço: para iniciar uma estratégia que leve a uma mudança de comportamento, é preciso que o aluno esteja motivado intrinsecamente

 

5.         Estratégias para o desenvolvimento da perspectiva social e da empatia


Role-Playing: Esta técnica tem-se utilizado para favorecer um ambiente de motivação e interesse sobre um determinado tema, para estimular a participação em grupo, para analisar e solucionar conflitos individuais ou interpessoais, até desde a perspectiva clínica.

 

Desde um ponto de vista evolutivo, a aplicação desta técnica está justificada pela superação progressiva do egocentrismo que facilita entrar em contacto com opiniões, sentimentos e interesses divergentes e diferentes dos próprios. Desta maneira inicia-se o processo de construção do conhecimento social.

Com o role-playing oferece-se ao aluno a possibilidade de formar-se em valores tão necessários hoje, como são a tolerância, o respeito e a solidariedade.

Esta técnica consiste na dramatização duma situação na qual se propõe um conflito de valores interessante e relevante do ponto de vista moral. Na representação da situação deve existir improvisação por parte das diferentes personagens e ênfase na expressão das diversas posições, fazendo uso do diálogo. A partir da diversidade de posições, os implicados deverão tentar encontrar alguma solução.

 

Segundo Kohlberg, a tomada de perspectiva ou capacidade para assumir roles diferentes do próprio é uma condição necessária do juízo e comportamento morais. O role-playing incide directamente sobre esta capacidade; a sua prática assídua permitirá ao aluno trabalhar sobre as diversas capacidades:

v  Compreender que as outras pessoas têm pontos de vista diferentes do próprio.

v  Considerar e antecipar os referidos pontos de vista numa situação concreta onde existe um conflito.

v  Relacionar e coordenar as diversas perspectivas, sem esquecer a posição pessoal.

 

Existem habilidades que se beneficiam da prática do role-playing, como a habilidade para resolver conflitos, a capacidade para assumir as consequências derivadas duma tomada de decisão, o compromisso para levá-las a cabo, etc. Todas estas capacidades ou habilidades terão a sua continuação nas actividades específicas da auto-regulação e autocontrole.

O processo clássico da aplicação do role-playing desenvolve-se mediante fases ou etapas:

            1ª Fase: Treino e motivação

Com a introdução e a apresentação da actividade procura-se mostrar o interesse do conflito apresentado, estimulando o aluno, motivando-o para que se implique e participe na dramatização- Requer-se que o clima da aula seja de confiança, no qual os alunos possam expressar-se livremente. Em definitiva: tratar-se-á de identificar uma situação conflituosa trabalhando-a num ambiente favorável.

            2ª Fase: Preparação da dramatização

A partir de agora contextua-se a situação que vai ser representada. Deveremos explicitar claramente qual é o problema ou conflito, que personagens intervêm, indicando o seu carácter e forma de perceber a situação, e que cena vai ser representada. Esta informação pode dar-se a todos os alunos por escrito ou só aos que vão participar na representação. Os aspectos devem ser compreendidos e também deve dar-se uma ampla margem à improvisação.

A seguir, pedem-se pessoas voluntárias para representar a situação, sem obrigar a ninguém. Deveremos ser sensíveis para evitar que as pessoas voluntárias representem o papel que normalmente cumprem na sua vida ordinária, porque é melhor que representem um rol precisamente contrário ao seu. A representação não deve ser excessivamente longa. O professor pode cortar o role-playing quando considerar que já surgiram suficientes elementos para poder iniciar o comentário.

 

 

            3ª Fase: Dramatização.

Durante a representação, as pessoas voluntárias tentarão assumir e pôr em prática o rol que lhes foi assignado. Deverão procurar ajustar a sua actuação aos critérios e pontos de vista da sua personagem; esforçar-se em sentir, raciocinar e comportar-se como o faria aquela.

            4ª Fase: Comentário

A partir de agora tratar-se-á de analisar a representação. Como um exercício de relaxe para as pessoas que participaram no role-playing, elas próprias podem iniciar o comentário; como se sentiram na representação, que valorização realizam, etc. Na continuação, o resto do grupo exporá a sua percepção, o que consideram mais interessante ou relevante, o que lhes surpreendeu por um motivo ou por outro, a solução que foi dada, etc.

Ouvidas as duas impressões, inicia-se um processo de diálogo que deve ter como objectivo fundamental aprofundar na clarificação do conflito, os sentimentos que suscita, nos argumentos das perspectivas implicadas, nas consequências das prováveis acções e na criação duma alternativa que supere as posições opostas.

            Papel do professor: Tem uma função fundamental: modera, orienta e ordena as achegas dos alunos.

            Actividade a realizar pelo aluno: A actividade dos alunos concentra-se basicamente em promover a empatia e perspectiva social, consideradas sempre numa tripla dimensão: cognitiva, afectiva e de comportamento.

 

6.         Estratégias para a análise e a compreensão crítica de temas moralmente relevantes


                                                                       

Compreensão crítica

A compreensão crítica caracteriza-se por ser um tipo de intervenção educativa cujo objectivo é potenciar a discussão, a crítica e a autocrítica, assim como o entendimento entre alunos, professor e outros possíveis implicados no problema que se discute. Leva-se a cabo em relação com temas pessoais ou sociais atravessados por um conflito de valores; são vividos por alunos e professor como temas problemáticos. Trata-se de discutir sobre aquilo que preocupa aos alunos com a intenção de entender criticamente as razões que têm todos os implicados, e de comprometer-se com a melhorar a realidade. A compreensão crítica pretende obter informação sobre realidades concretas, entender toda a sua complexidade, valorizá-la e comprometer-se na sua melhoria. Deste modo tenta-se favorecer uma educação moral enraizada na vida quotidiana dos educandos. Pretende-se analisar colectivamente os valores que intervêm na tomada de decisões sobre temas sociais controvertidos. O educador organizará debates sobre temas conflituosos e contrastar-se-ão os diferentes pontos de vista. É um processo que destaca a função da reflexão racional e que aborda o tema dos valores de forma explícita substancial.

 

Passos que devem ser tidos em conta no desenvolvimento dos trabalhos escolares de compreensão crítica.

1.      Apresentar temas controvertidos: a educação moral supõe considerar temas relevantes para as pessoas implicadas, temas socialmente significativos e problemáticos.

2.      Compreensão prévia do texto: é necessário, num primeiro momento, entender o conteúdo do texto, passando posteriormente a uma interpretação pessoal.

3.      Compreensão científica da realidade: em certos casos pode ser positivo estudar o tema controvertido desde os contributos daquelas disciplinas científicas que o tiverem estudado.

4.      Compreensão crítica: é a etapa mais importante do processo, visto nela se confrontarem as razões de todos os pontos de vista participantes na controvérsia.

5.      A última etapa do trabalho da compreensão crítica consiste em comprometer-se activamente na transformação da realidade que foi considerada.

 

O ponto de partida par trabalhar a “compreensão crítica” com os educandos deve ser um texto que se lhes apresenta para ser lido e discutido. “Texto”, como qualquer produção humana que tenha sentido e possa ser comunicado. A sua apresentação formal pode ser iconográfica: desenho, fotografia, película, etc.; auditiva: canção, reportagem radiofónica, música, etc.; ou gráfica, qualquer modalidade de texto escrito, desde um artigo jornalístico até uma novela, passando pelas informações científicas ou os trabalhos dos próprios alunos. Trata-se de utilizar textos suficientemente representativos que contenham as diferentes vozes ou opiniões sobre o problema controvertido.

Convidar-se-ão os educandos a ler em voz alta o texto. A seguir, propor-se-á a leitura individual sugerindo que sublinhem ou tomem nota dos aspectos que mais despertam a sua atenção por qualquer motivo. Na continuação, partilha dos aspectos considerados mais relevantes; poderão ser escritos no quadro. Terminada esta parte, serão lidos pelo professor e um dos alunos escolherá o que achar de maior interesse. Quem o tiver proposto deverá explicar o motivo da sua eleição. Iniciar-se-á um diálogo no qual tomarão parte todos os que o desejarem. Ao longo da discussão, o professor intervirá para precisar aspectos surgidos no debate.

 

Construção conceptual

Em parte complementar da compreensão crítica, esta técnica tem como finalidade chegar a uma sólida compreensão dos conceitos morais que permita entender melhor os problemas e conflitos que apresenta a nossa realidade. Constitui um elemento essencial do processo de compreensão crítica, embora o seu campo de influência seja mais reduzido.

A construção conceptual desenvolve uma reflexão e uma análise que se realiza desde em três vertentes. Procura a objectividade dos valores ou conceitos que se utilizam normalmente na reflexão e o comentário de problemas sócio-morais. Também não esquece o seu uso habitual, o significado coloquial que estes termos costumam levar associado. Ao mesmo tempo fica aberta a modificações críticas e criativas, que superem definições tópicas ou tradicionais e que ampliem o âmbito de consideração do conceito em questão.

O objectivo é fugir quer de definições rígidas, absolutistas ou mais ou menos filosóficas, quer daquelas parciais, relativas ou mais ou menos anedóticas, sem que umas assimilem as outras.

A aplicação de exercícios de construção conceptual supõe desenvolver um trabalho que se estrutura em três aspectos principais:

-       Compreensão objectiva: Faz referência ao significado, ao conteúdo informativo da palavra que se analisa. Tratar-se-ia de explicá-lo de forma objectiva e estruturada, como se explicam outros conceitos. Entrariam as referências populares e idiomáticas, assim como também as afectivas.

-       Compreensão da realidade: Não é suficiente construir um significado, que podemos classificar como enciclopedista. A compreensão da realidade implica projectar esta informação sobre o entorno, identificando situações reais da vida quotidiana com o conceito. Só assim se realizará verdadeira aprendizagem significativa. Posteriormente, trata-se de estabelecer as relações entre o observado e o teórico, e depois, como núcleo essencial do pensamento sócio-moral, tratar-se-ia de propor e resolver interrogantes.

-       Construção pessoal: Constitui o ponto mais elevado da significatividade que se pode atingir mediante a aplicação de qualquer estratégia de educação moral. A compreensão crítica da realidade, realizada nos aspectos anteriores supõe que a pessoa se clarifique e adopte uma posição perante esta, que exponha aquilo com o que não estiver de acordo ou, pelo contrário, considerar necessário fomentar, e, especialmente, que organize a sua forma de vida de acordo com a posição a que chegou.

 

É mais fácil conseguir o primeiro nível destes aspectos do que os outros, e a construção conceptual, até certo ponto, garante-nos esta explicação objectiva do termo que se analisa. A mesma compreensão da realidade pode ser trabalhada também de forma bastante completa realizando actividades complementares como o comentário de texto. Sempre ficará aberta à decisão pessoal a actividade de transferência desta forma de proceder em qualquer facto da vida diária.

As fases que devem considerar-se no momento de realizar este tipo de exercícios são, basicamente duas:

1.      Apresentação e explicação: O objectivo é aproximar o significado do conceito aos alunos. Pode tratar-se dum valor (respeito, etc.), dum contravalor (discriminação, etc.), ou de qualquer termo que tenha relevância no âmbito sócio-moral. Para atingir o objectivo, o educador faz uma breve e clara introdução da palavra a analisar. Deixa-se um mínimo espaço de tempo para que o grupo se familiarize com o termo, pedindo que pense em situações nas quais este conceito está presente, ou teria que estar; que construa frases relacionadas com ele, etc. O conceito em questão pode ser seleccionado como proposta do grupo de educandos, por exemplo a partir duma chuva de ideias.

2.      Modelagem: Será a construção definitiva do significado do termo analisado. Tenta-se chegar à total compreensão aprofundando em diversos aspectos:

 

a.     Definição do termo, que se pode realizar no princípio ou no fim do exercício.

b.     Exemplos ou variedade de situações nas que este valor, contravalor ou palavra costuma estar presente (no caso dos conceitos positivos) ou teria que estar, quando a sua ausência é negativa.

c.     Benefícios, vantagens concretas ou consequências positivas que o conceito pode proporcionar individual ou socialmente.

d.     Limitações: referes-se, quer a possíveis problemas que podem surgir ao querer conseguir de forma excessiva o valor ou conceito em concreto, quer às desvantagens e prejuízos que existem quando se dá uma ausência ao termo em questão.

e.     Valores ou conceitos similares e opostos: não é unicamente procurar sinónimos dum valor ou conceito determinado, mas conhecer ou leque de opções que se relacionam com este, assim como também os que estão em conflito ou potencialmente podem entrar nele.

 

7.    Narrações para a Educação Moral e Cívica


 

A verdadeira linguagem do ser humano não são as fórmulas esquematicamente fixas nem os argumentos lógicos, mas as histórias e narrações que reflectem ambivalências e que manifestam medos e esperanças, ruindades e imprevistos, heroísmos, alegrias e dores. Nem os dados nem os números falam de nós; só nos constitui o que vivemos e que alguém é capaz de o contar. Sabemos que, mediante os contos e relatos, transmitem-se os valores como de nenhuma outra forma. Pensemos por exemplo nas fábulas que cada tradição cultural possui, elas são um dos meios privilegiados para a transmissão dos valores do património cultural de um povo.

Actualmente está-se a dar uma volta à cultura oral e à dos pequenos relatos, difundida pela televisão, o rádio e os meios audiovisuais. Eles é que se encarregam agora de repetir e transmitir os relatos míticos que ainda mantêm as três fases originárias; expressão dalguma coisa maravilhosa que aconteceu, recreação e colocação em vigor periódica daquilo que aconteceu e, finalmente, um olhar ao mundo invisível que nos rodeia.. O relato simbólico, o conto ou a fábula, o mito ou a lenda, têm um papel fundamental na educação religiosa, moral e cívica. Representam um caminho de acesso “ao que está por trás das coisas”, o que se designa como a dimensão profunda da realidade. Segundo Otto Betz, a fábula constitui “o vestíbulo” da experiência religiosa. Nela se entretecem elementos de religiosidade natural como a experiência da gratuidade e da salvação, o presságio dum sentido fundamental da existência e, sobretudo, a descoberta de que a realidade pode ser vista em transparência, não co mo uma sucessão de fenómenos, mas como um tecido de nexos e de significados que permanece oculto a quem não sabe ver no profundo e com o coração. _ “O essencial é invisível aos olhos” dizia Saint Éxupéry na sua obra “O Pequeno Príncipe” – Por isso a fábula ou conto e o relato constituem uma via para a interiorização. A lenda como já diz o seu nome, é um relato que requer “saber ler”; palavras e imagens evocam a “outra dimensão”. Nesta óptica, uma lenda pode ser mais “verdadeira” do que uma relação científica porque manifesta o que na experiência é mais significativo na vida do homem. E uma fábula ou conto tem um lugar preferente na educação para suscitar a sensibilidade religiosa e ajudar a afinar as antenas que permitam rastejar os rasgos de altruísmo e de transcendência da vida quotidiana. Por tudo isto é importante utilizar as narrações do tipo que forem na educação religiosa, moral e cívica.

 

 

 

Funções do relato

 Os relatos cumprem uma série de funções que têm muito que ver com os objectivos propostos na educação:

1.      Despertam a curiosidade. Face aos tecnicismos e especializações do mundo actual e ao fácil manejo da palavra abstracta pelos adultos – mas não pelas crianças nem pelos adolescentes -, o relato é a distância mais breve entre o ser humano e a verdade.

2.      Nos relacionam com a história, esta terra comum na qual mergulham as raízes das nossas experiências. Estar sem história significa ser incapaz para entrar em relação com os outros, consigo mesmo e com Deus. Os homens sem história vivem numa situação de insegurança radical. Este é o problema de muitos jovens de hoje, sem passado e sem futuro, flutuantes num presente a mercê do primeiro que chega.

3.      Têm grande força de implicação existencial e conduzem a tomar decisões vitais. Stany Simon formulou assim o valor pedagógico do relato:

a.     O imaginativo cria espaço novo.

b.     Neste espaço novo, o que é impossível chega a ser possível.

c.     O impossível, convertido em possível, permite a uma dança.

d.     Esta mudança tem um efeito saudável para o indivíduo e para o grupo. Nem o mediador nem a mediação são neutros.

4.      Ajudam a recordar. Recorda-se melhor uma história do que uma série de raciocínios.

5.      Estimulam o hemisfério direito do cérebro, a imaginação, o coração, a totalidade, e guiam para a interioridade e a reflexão. Ao mesmo tempo põe em acção o poder originário da palavra. Os jovens estão a descobrir mais do que ninguém este meio de comunicação cujo início e sinal é a música. Mas também escutam a que tiver para lhes dizer algo que seja vivo.

6.      Neste sentido, os relatos possibilitam a criatividade. Um relato “narrado” chega a ser vivo: suscita a palavra dos adolescentes referente às suas experiências, emoções e ideias que surgem. A palavra “narrada” produz na mente ondas de superfície e de profundidade, provoca uma série infinita de reacções em cadeia, incluindo sons e imagens, analogias e recordações, significados e sons num movimento que implica a experiência e a memória, a fantasia e o inconsciente. Por isso acreditamos que se pode trabalhar de modo especial a partir dos relatos com criatividade.

7.      Criam relações novas, ajudam a superar as divisões e rompem o isolamento, pois criam um espaço para a fantasia e o maravilhoso onde o impossível se torna possível. “Os relatos são a forma mais simples para pôr as bases da esperança e da moralidade”

8.      Não são necessariamente evasivos. O conto, mesmo sendo fantástico, sempre nasce duma realidade ou duma preocupação concreta. Por outra parte, a fantasia pode chegar a ser mais crítica da realidade do que a crítica directa dessa mesma realidade. “No reino fantástico dos relatos podemos ajudar os jovens de hoje a descobrir os traços essenciais do viver moral e religioso: o mistério, a esperança, o medo, o maravilhoso, o silêncio, a palavra, a solidão, a comunhão, o sacrifício, a gratuidade...” (B. Ferrero)

9.      Os relatos são a via mestra da educação moral, cívica e religiosa. O facto de contar alguma coisa é fundamental para a formação da identidade pessoal e religiosa. “O esquecimento leva ao exílio; a recordação é o segredo da redenção” diz Baal Ashem Tov. E os relatos são os que nos fazem recordar segredos das nossas tradições.

10.  O relato leva implícita uma mensagem que fica aberta a diversas interpretações ou sublinhados possíveis: cada um tem que colaborar com a sua experiência. Isto é fácil porque desperta nos ouvintes a identificação com as personagens. No fim costumem ficar claras as diferentes atitudes, vivências e reacções das personagens. Assim, os valores vão tomando corpo na criança

 

A Arte de narrar

É importante que o educador desenvolva a arte de narrar. Estas são algumas das suas características:

o   O narrador há-de relatar de maneira que o interlocutor reviva o acontecimento e fique implicado conseguindo a sua participação. Relatar permite reviver juntos e encontrar-se na emoção, na reflexão, no juízo e na decisão.

o   È melhor narrar o relato, contar o conto, do que lê-lo. Ao narrar comunicam-se melhor as mensagens consoladoras do conto, os seus conteúdos simbólicos e os seus significados interpessoais.

o   A narração é preferível à leitura porque permite maior flexibilidade e expressão. Os olhos do narrador devem encontrar-se com os do ouvinte. A voz (tom, ritmo, entoação...) e os gestos comunicam a vivência. O rosto transmite sentimentos.

o   No caso de ler, o leito há-de estar implicado emotivamente com a história e com o ouvinte e tentar a empatia com tudo o que a história possa significar para ele.

o   O bom narrador apropria-se da história, a enriquece com a sua pessoa e a faz reviver. Para isto há-de viver interiormente o que narra e deixar-se transformar pelo mesmo. Assim lhe será mais fácil dar cor e vida *a narração.

o   O bom narrador tem na cabeça o essencial que quer comunicar e está seguro do seu desenvolvimento, da textura, das personagens e dos diálogos de modo que não tenha dúvidas durante a narração.

o   O narrador eficaz nunca põe em primeiro lugar a intenção didáctica nem moraliza tentando tirar conclusões da história.

o   Um relato nunca é a explicação dum texto. Ninguém pode substituir o ouvinte para encontrar o significado da história.

o   O relato não acaba nele. Um bom narrador o converte num momento de intensa participação vital; cria a atmosfera adequada e deixa que as crianças ou jovens respondam à fantasia com a fantasia. E os convida a participar e a criar.

 

A arte de trabalhar:

 O relato não é a aula, é só o ponto de partida. Pela sua natureza coloca a aula numa estrutura dialógica. O ponto de partida não é uma lição ou um sermão, mas uma história que faz nascer nos ouvintes gestos verdadeiros e palavras autênticas.

O educador deve saber escutar e responder de tal maneira que os adolescentes aprofundem nas suas própria palavras e as traduzam em gestos autênticos.

É importante a habilidade do educador para elaborar propostas e levá-las a cabo, bem como adaptar-se à realidade do grupo e às necessidades daqueles com quem se trabalha.

Esta metodologia não se reduz a contar a história e tirar depois a moralidade, da qual os adolescentes se defendem simplesmente não prestando atenção. O relato permite aos jovens criar um espaço de encontro com o seu educador, no que também eles têm muito que dizer, partilhar e fazer. Depois do relato da história deve partir-se das primeiras impressões e sentimentos que originou. A seguir pode-se estabelecer relação com as propostas.

Se o educador criar uma atmosfera especial na qual as crianças e jovens responderem à  fantasia com a fantasia, convidá-los-á a participar e criar. Saberá estimular a partir do significado experimental do relato a fim de que criem mensagens pessoais, elaborem manifestos, resumam em slongas, preparem mimos ou dramatizações, o traduzam em montagens, o concretizem em canções, continuem a história ou criem histórias contrárias... Em definitiva, a criatividade será beneficiada; ou seja, criar para pensar e actuar correctamente, que é o objectivo final.

 

8.         Os gestos e as palavras


A equivalência entre “o que agrada é que é bom; o que não agrada é mau”, é insustentável. Ainda mais, numa situação como a nossa na qual todos tendemos para o mais cómodo, o mais fácil, o que menos trabalho custa, os grandes valores passam a um segundo plano porque incomodam, exigem compromisso, esforço, denúncia. A presença dos gestos nas nossas aulas não são a única maneira, mas é uma delas... com os seus riscos e com as suas vantagens. Por trás de cada gesto há muitos momentos de reflexão pessoal e uma interrogação sobre a vivência dos valores e direitos humanos.

Temos a experiência de palavras escutadas que permanecem dentro de nós com a frescura primeira: palavras que o tempo não é capaz de apagar, palavras tão profundas que sempre estão vivas. Outras permanecem por um espaço de tempo e, apouco e pouco, vão-se esquecendo. A pessoa humana esquece com facilidade umas palavras, mantém durante algum tempo outras, e há palavras que vencem o tempo e permanecem para sempre.

Obras e palavras intrinsecamente ligadas.

Uma vez que a palavra é susceptível de ambiguidade e que o gesto pode não ser bem entendido, é preciso que unamos ambos para podermos comunicar com maior clareza a mensagem a transmitir, evitando o erro na captação da mensagem.

 

Gestos e experiência humana

A Educação moral e cívica deve procurar métodos através dos quais a pessoa humana possa enfrentar as perguntas fundamenta os da sua vida e lê-las com uma nova luz. As grandes perguntas da pessoa podem ter muitas leituras e muitas respostas. Não todas as pessoas respondem da mesma maneira.

Os gestos são um caminho que possibilita à pessoa e ao grupo abeirar-se da realidade escondida que levamos dentro e apresentar, no mesmo instante, a oferta do  uma nova luz que encha de sentido. Mesmo que a finalidade última dos gestos seja sempre suscitar a profundidade da pessoa, para que nela e desde ela possa o sujeito abrir-se aos verdadeiros valores, os matizes são frequentemente diversos:

Dar sentido à própria vida

Explorar dimensões essenciais da pessoa que estão adormecidas e que exigem ser despertadas para que a aceitação dos valores seja mais plena e consciente.

Assimilar e aprofundar mais o pensamento.

A tecelagem progressiva destes matizes é o que forma um todo e permite abarcar a experiência humana em plenitude.

 

Gestos na educação moral e cívica

Toda a transmissão legal leva consigo uns gestos ou acções. Há que admitir que a própria organização externa, a forma de fazer que se utiliza, é uma palavra que se pronuncia. O visível do nosso funcionamento não é indiferente. Também anuncia –ou denuncia- a palavra estruturada nas formas externas. Há ocasiões em que estas falam mais do que imaginamos. É importante que o educador realize ou provoque gestos que vão intimamente unidos com a palavra que pronuncia como palavra de novidade.

Falamos de gestos que ajudem o educando a entrar na compreensão e o despertem. Trata-se de gestos com intencionalidade pedagógica, gestos que permitam ao educando orientar a sua vida na totalidade perante as exigências morais.

Que entendemos por gestos educativos: Trata-se duma intervenção pedagógica através da qual o educador faz tomar consciência, à pessoa e ao grupo, de aspectos essenciais da profundidade e vivências da pessoa. É absolutamente essencial a íntima coordenação e complementaridade da palavra que se pronuncia e do gesto que se provoca, de maneira que convirjam para ambos dizer a mesma coisa. Não se podem proclamar palavras numa direcção e realizar gestos que vão noutra. Desde a palavra, o gesto fica fechado a outros sentidos e aberto ao aprofundamento dum sentido determinado. Porém a possibilidade de que a palavra seja aceite e descoberta na sua profundidade pertence ao gesto. O gesto prepara a palavra, isto é, põe a pessoa em pista para que possa caminhar pela profundidade da palavra, descobrir como a palavra não é abstracta, mas afecta o próprio coração da própria existência e como o abre a um mundo não suspeitado e novo, intangível só para a razão.

Gesto e dinâmica não são a mesma coisa. Dinâmica entende-se mais como uma acção que prepara o terreno para outra realidade, de maneira que, entre a dinâmica e o que se quer transmitir, há uma distância. Quando aqui falamos de gesto, entendemos que, naquilo que se faz –o gesto- e sem sair dele, há uma carga de evocação da profundidade do ser humano e de abertura aos valores maiores que formam uma unidade.

Podemos falar de gestos na medida em que a pessoa humana é atingida no coração da sua profundidade. Duas condições parecem aqui de suma importância: que o festo tenha a força de evocar e “sacudir” o interior da pessoa e, em segundo lugar, que se realize de maneira simbólica, isto é, desvelando a possibilidade de entrever “outra realidade” diferente em profundidade e nova em realização. São o seu carácter e força simbólicos os que permitem ao gesto arrastar à pessoa até ao abismo do seu encontro com a transcendência. Estes gestos não são complementos nem actividades mas conteúdos.

Os gestos têm uma intencionalidade. Há por trás dele todo um desejo de transmitir uma mensagem, de provocar ou evocar uma atitude, uns valores. Todo o gesto é imensamente rico e imensamente pobre. Pedagogicamente tem a virtude de despertar-nos e de falar-nos, de pronunciar umas palavras que a palavra não é capaz de pronunciar e de deixar um eco sonoro que não termina no gesto.

1.      Jogos Educativos


O que são?

O jogo é uma actividade lúdica que tem em si mesma uma finalidade, com independência das ocasiões em que se realize por um motivo extrínseco. (Diccionario de las Ciencias de la Educación, 1998)

Para qué servem?

O seu uso espontâneo e livre tende a favorecer o desenvolvimento das habilidades e conhecimentos neles explícitos ou implícitos. Se de modo intencional se introduzem num programa educativo concreto, podem perfeitamente orientar-se para a consecução dos objectivos das diferentes áreas dum programa.

Características:

É agradável, espontâneo e voluntário. Tem um fim em si mesmo, exige a participação activa de quem joga e guarda relações com actividades que não são propriamente jugos, como a criatividade, a solução de problemas, etc.

Como elaborá-los?

A realização dum jogo vai de acordo com os objectivos:

1. Jogo de regras

a)  Uma meta que os jogadores se esforçam por atingir.

b)  Conflito ou desafio

c)   Regras claras de desenvolvimento ou procedimento

d)  Regras para terminar o jogo (como ou quando se termina ex.: alguém ganha, o material acaba, o final é marcado pelo tempo, etc.)

e)   Jogadores (números e roles)

 Modalidades

a)     Perguntas e respostas já dadas

b)     Perguntas e respostas a serem procuradas pelo grupo

c)     Associação de palavras ou símbolo com objectos

d)     Mecánicas

Como exemplo está:

- Responde verbalmente um indivíduo ou um subgrupo, há verificador de resposta

- Responde verbalmente o grupo todo por discussão e consenso, há verificador de respostas

-          Classifica ou constroe manipulando objectos ou enunciados (ex: cartas) para dar a sua resposta

2. Jogo de Função (Atitudes, crenças ou valores)

Modalidades

a)     Situação ou dramatização para gerar expressão de atitudes, crenças ou valores

b)     Desenho, palavra ou frase que gere e mesmo

c)     Mecânicas

- Expressão livre oral e explicação da posição preferida

- Classificação da posição pessoal sobre as opções preestabelecidas: ex.: de acordo/ em desacordo; bom/mau:

3. Jogo de Invenção - Simbólico (Reconstrução  de processos ou ciclos)

a) Representação completa com todos os elementos do ciclo, os participantes imaginam mudanças em alguns dos elementos e discutem; ou modificam a sequência do processo.

b) Representação incompleta do ciclo ou processo, os participantes desenham o esquema e os elementos que interferem. A reflexão orienta-se a questionar o grupo para que faça uma representação mais completa e complexa do ciclo e considere todos os elementos possíveis que pode, intervir.

Vantagens:  os jogos educativos constituem um meio idóneo para que os estudantes possam aprender, analisar e/ou reflectir sobre um conteúdo de maneira amena e relaxante.

Desvantagens: O seu uso contínuo pode chegar a tirar excessivo tempo.

BIBLIOGRAFIA

Leif, J., Brunelle, L. (1978). La verdadera Naturaleza del Juego. Buenos Aires, Argentina: Editorial Kapeluz.

TEMA 6


MEIOS DE ENSINO


 

1. Definição


 

Os conceitos de meios de ensino variam muito, sendo por vezes muito restritivos e, em casos excessivamente abrangentes. Há os que consideram os meios de ensino como meros instrumentos auxiliares do professor no processo de ensino-aprendizagem. Tal concepção é restritiva porque a condição de “instrumentos auxiliares” pressupões uma participação passiva da categoria meia de ensino no conjunto do processo de ensino-aprendizagem. O desenvolvimento dos meios pode promover mudanças substanciais no processo pedagógico como um todo, e eles são, em muitos casos, absolutamente necessários para a satisfação de determinados objectivos.

Há os que conceituam os meios de ensino enfatizando, sobretudo, a sua natureza material: Meios de Ensino são “todos os componentes do processo docente - educativo que actuam como suporte material dos métodos com o propósito de conseguir os objectivos traçados” (Castro, 1986, p. 78) Este tipo de conceituação, apesar de recuperar, em alguma medida, a importância dos meios no interior do sistema docente-educativo, apresenta um problema fundamental. Não faz uma distinção entre os meios que contêm em si mesmos alguma informação, e os outros, meros instrumentos auxiliares, como cadeiras, mesas, apagadores de quadros, entre outros recursos materiais. Outro problema desta definição é que ele coloca os meios de ensino em absoluta subordinação aos métodos, o que é uma verdade apenas relativa e ocasional. A permanente evolução dos meios exerce intensa pressão sobre os métodos, sobre suas estratégias e procedimentos, numa relação de mútuo condicionamento.

E. S. POLAT faz a distinção necessária entre meios que informam e instrumentos auxiliares de ensino. Dá o nome de Equipamento Docente ao: “conjunto de medios materiales que son  parte del equipamento escolar y se utilizan para abastecer los gabinetes docentes y los laboratorios, talleres docentes de producción, salas deportivas y otros lugares en que se efectúa directamente el proceso docente-educativo” (POLAT, 1989,p.18)

Por outro lado, designa “Meios de Ensino” aos “objetos materiales del trabajo pedagógico docente, los portadores de información docente, destinados a ser utilizados en el proceso docente-educativo” (POLAT 1989, p.189.

Entre as concepções mais abrangentes de Meios de Ensino está a de Gaspar Galló que explicitou a sua posição através de uma indagação:

“Yo me pregunto,... si no aparecen como medios, de enseñar a pensar un buen método pedagógico, un modo acertado de exponer ideas y de argumentarlas, un diálogo del maestro con el colectivo del aula..., No posibilitan estos “medios” que no son, medios físicos palpables, el desarrollo de la reflexión, de la capacidad de abstraer, de ir a la esencia de las cuestiones? “ (GALLÓ 1981, p. 155)

 

Este é um caso típico de sobreposição, em um único conceito, de elementos que podem até estar contribuindo, de forma consorciada, para o alcance de um mesmo objectivo, mas que possuem naturezas absolutamente diferentes. E se meios e métodos são indissociáveis, isso não implica dizer que sejam a mesma coisa. São categorias independentes da didáctica, onde o primeiro possui um forte componente material, como depositário da informação, e outro se apresenta, sobretudo, como um processo lógico, uma modelação abstracta que se afirma na prática do processo docente educativo.

 

Juan Cabero Almenara, ainda dentro de um conceito mais abrangente, conceitua Meios de Ensino como: Elementos curriculares  que, por sus sistemas simbólicos y estrategias de utilización, propician el desarrollo de habilidades cognitivas en los sujetos, en un contexto determinado, facilitando la intervención mediada sobre la realidad y la captación y comprensión de la información por el alumno” (ALMENARA 1994, p.243)

 

A pesar da omissão quanto aos aspectos formativos, e não apenas cognitivos, que podem ser propiciados através do uso dos meios, alguns elementos novos são aportados neste conceito. Ele resgata a importância dos sistemas simbólicos que, muitas vezes, são parte essencial de determinados meios de ensino (porém, há que se ressaltar que alguns meios não se manifestam através de um sistema simbólico, como é o caso dos objectos naturais apresentados aos alunos na classe) Mas a principal vantagem deste conceito é que ele introduz objectividade a questão das funções que desempenham os meios de ensino no processo de ensino aprendizagem. Almenara entende os meios como facilitadores da “intervenção mediada sobre a realidade e a captação e compreensão da informação” Ou seja, os meios, além de informar, podem possuir a qualidade de suscitar no aluno a necessidade de uma intervenção na realidade pesquisada, possibilitando, inclusive, uma revisão dos valores, conceitos ou normas que até então presidiam a sua compreensão acerca de um determinado objecto ou fenómeno.

Diante das ponderações feitas, entendemos que:

 

Os meios de ensino são os recursos materiais portadores de informação que utilizados por professores e aluno no processo de ensino-aprendizagem, sob determinadas condições previamente planejadas, facilitam a comunicação docente e o aprendizado, seja pela apresentação ou representação de aspectos da realidades concernentes ao currículo, seja pela mediação de sistemas simbólicos que permitiriam uma relação crítico - activa dos alunos com o seu entorno – o  meio físico e o espaço sócio-cultural.

 

2. Classificação dos meios de Ensino:


 

Os meios educativos podem ser:

1.             Material visual

2.             Material impresso

3.             Audiovisual

4.             Multimédia

5.             Técnicas de dramatização

6.             Dinâmicas e Técnicas participativas

7.             Jogos educativos

 

Material Visual


 

a.          Quadro preto

b.          Rotafolhas

c.          Acetatos

d.          Franelógrafos

e.          Modelos

f.            Mapas

 

 

a.        O Quadro preto

 

É um espaço funcional, capaz de constituir um instrumento importante de comunicação visual. Pode ter usos múltiplos: construir explicações ponto por ponto, agregar símbolos, gráficos, mapas, resumes nos momentos adequados, com o fim de dar relevo ao seu conteúdo. Pode ser utilizado na preparação da aula ou dos trabalhos em grupos. Os estudantes podem escrever nele.

Quando utilizamos o quadro devemos ter em conta certos aspectos:

·               A redacção deve ser breve e concisa

·               O professor deve escrever um comentário ou fazer uma parte do desenho e, a continuação entrar em diálogo dom o grupo para manter a atenção, e a interacção visual e verbal.

·               A turma deve estar em atitude de alerta enquanto o professor escreve no quadro.

·               Quando os alunos usem o quadro de lhes deve orientar sobre quais são as técnicas de comunicação que estão a aprender.

·               O professor assim como o estudante deve saber ó que vai a escrever no quadro, ter em conta o que quer ensinar e qual é a melhor maneira de exprimi-lo.

·               Deve utilizar-se em grupos não maiores de 50 pessoas.

·               O professor sempre de ir à parte posterior da sala e  perguntar se  o que está no quadro é legível e  interessante, e se proporciona ajuda ou motivação para a  compreensão

 

Outras variantes do quadro preto poderiam ser: o quadro magnético, o quadro eléctrico, etc.

 

b.        O Rotafolha

 

É um tabuleiro didáctico com folhas de papel, substituto do clássico quadro preto, utilizado pelo professor e os alunos para escrever e ilustrar. O complemento necessário é o marcador ou ponta de feltro. Serve para explicar os pontos mais importantes dum tema, preparar com anterioridade o tema a tratar na aula ou para facilitar aos alunos a exposição de um tema e como meio complementar do quadro preto. É apropriado quando se quer desenvolver o tema apresentando variada informação numa sequência determinada, ou quando se precisa apresentar o tema com um meio previamente elaborado. É útil para utilizar-se em grupos não maiores de 50 pessoas. Pode ser elaborado e utilizado por uma só pessoa e é útil quando se necessita apresentar rápida e repetidamente um tema.

 

A letra deve ser grande, legível para que seja vista por todos os alunos. O tamanho se calcula de acordo à distância da última pessoa para que esta possa ver o rotafolha. Na primeira folha deve encontrar-se os pontos a tratar. As cores não devem ser muitas nem muito claras. De acordo ao título e aos subtemas pode-se utilizar a mesma cor. A informação escrita deve ser a importante e redigida de maneira clara e concisa. Nunca de forma narrativa.

 

Utiliza-se quando se quer preparar o tema com anterioridade, quando o tema requer de desenhos ou esquemas muito complicados, também quando o tema é amplo e leva mais de uma aula, procurando guardar o rotafolha.

É eficaz pela sua facilidade para elaborá-lo, porque atrai a atenção dos alunos pelas cores, porque não é caro e porque é prático. Como desvantagens temos que não se pode saturar de informação, é frágil, e, por vezes requer muitas folhas o qual não é bem apreciado pelos alunos.

 

c.        Acetatos

 

Acetatos chamados também transparências. Servem para preparar e expor ideias, tanto verbais como visuais. Se podem utilizar vários métodos pinturescos para desenvolver uma sucessão de conceitos, assim com aproveitar as oportunidade que oferecem para criar suspenso, expectativa e surpresa. Estimula a atenção dos alunos.

Servem para comunicar-se visualmente. Especialmente úteis pela capacidade de utilizar cascarias e transparências sobrepostas. Se se trata de conceitos que se analisam em diferentes níveis de complexidade. A atenção dos alunos fica cativada pela acção do professor ao escrever, assinalar, e sublinhar com cores, estimulando e facilitando a aprendizagem. o movimento dentro das transparências ajuda a acrescentar o interesse pelo que apresentam e enriquece o seu significado. Além disto pode dar-se a ilusão de movimento às transparências por meio de materiais polarizados aplicados directamente à superfície do filme.

Para elaborá-los se precisa de acetato onde se pode escrever directamente com pontas de feltro ou lápis de cera, também se pode utilizar de maneira indirecta a máquina de escrever, o computador para de pois fotocopiar a impressão nos acetatos em branco e negro ou à cores.

Se utilizam para promover a utilização de outro meio visual dentro da aula, para conseguir outras metas do ensino e que os alunos ponham mais atenção, para incluir vários pontos dentro de um mesmo artigo  e marcá-los, ou para que o professor tenha o controlo da informação que se quer passar nesse momento, isto é  a pouco e pouco, para realizar algumas actividades de aprendizagem, ou simplesmente como meio didáctico.

Como vantagens temos que se vê com facilidade o que se projecta no ecrã, ainda que salões iluminados. O tamanho das imagens pode ser grande, se podem ter preparadas com anterioridade, mostrá-las ao grupo no momento adequado e retirá-las com rapidez uma vez que realizaram o seu papel. Podem levar cores. É necessário um retro-projector, pontas de feltro especiais ou outros objectos para escrever neles. A aula será mais visual do que verbal.

 

d.        Flanelógrafo

 

O nome procede do material que se utiliza na sua elaboração e, pela sua extensão, em placas de tecido de feltro ou velcro. A flanela é barata e fácil de conseguir, tem a propriedade de que os troços dela se aderem entre si quando se pressiona suavemente.

Pode servir para manipular uma exibição, para chamar mais atenção dos alunos e pode ser utilizado com mais material. Além disto promove a interacção dos alunos e materiais exibidos. Reforça a aprendizagem ao combinar as respostas visuais com as verbais.

Para preparar um Flanelógrafo se pode utilizar tanto o feltro, a pana, a lixa... já que se aderem ao Flanelógrafo sem necessidade de modificá-los.

Podem utilizar-se para suster coisas diversas que estarão a ser manipuladas, agrupadas ou classificadas. Por exemplo: planos de organização, pautas de tráfico, teorias económicas e matemáticas, estruturas gramaticais e factos históricos. Como em toda aplicação de efeitos visuais, a imaginação criadora do professor determinará a utilidade e a efectividade da técnica que se escolheu para o ensino.

 

·                      A escritura deve ser legível do ponto de observação de cada aluno.

·                      Os efeitos visuais devem ser simples, uns quantos símbolos fortes ou palavras-chave são melhores que um exibidor complicado ou cheio de palavras.

·                      O uso cuidadoso da cor anima as apresentações e as torna mais atractivas.

 

É barato o material que se requer para elaborá-lo. É um meio visual diferente aos outros, desta maneira os alunos não se cansam do mesmo, da monotonia. Pode ser de grande utilidade na sala de aulas.

Ainda que os materiais se aderem e podem suportar o papelão e outras coisas, a força da adesão é mínima e, por vezes, ao manipular uma exibição, podem desprender-se.

 

e.         Os Modelos

 

É a reprodução de um objecto ou realidade de tal maneira que seja acessível ao aluno.

É um recurso para realizar a interpretação ou explicação da realidade ou teoria. Seleccionam-se os elementos relevantes e as suas inter-relações e se substituem ou traduzem em ideias ou representações que facilitem a sua compreensão e investigação.

De acordo ao tema que se quer expor dá-se a liberdade de escolher o material para a sua elaboração, mas não esquecendo que o modelo deve se aproximar o mais possível à realidade.

Utilizam-se quando o tema a dar na aula se encontra fora do alcance pela sua ubiquação, as suas dimensões, etc. e se quer que os alunos tenham conhecimentos sobre  ele.

Como vantagens, o aluno pode ter conhecimento sobre as coisas que estão fora do seu alcance, pode se utilizar o material que queiramos, o tamanho não é específico, atrai a atenção dos alunos, e se pode transportar facilmente.

É necessária a criatividade para que o tema seja claro para os alunos, o material algumas vezes pode ser custoso. Precisa de tempo e dedicação para a sua elaboração, mas também se podem adquirir já feitos.

 

 

 

f.          Os Mapas

 

Contém fundamentalmente dados de ubiquação. Elaboram-se mapas diferentes com o fim de expor informações diferentes, de acordo com as necessidade dos prováveis usuários.

Servem para animar a participação dos alunos no ensino de conceitos abstractos: geografia, economia, cultural geral, ciências naturais...

 

Os pontos mais importantes que devem conter um mapa são:

 

Traços superficiais como: rios, montanhas e outras formações de terras e águas.

Lugares e distância entre eles,

Dados científicos, como as correntes oceânicas ou as formações geológicas.

Dados sociais ou culturais, como as estruturas de população ou linguagem.

Dados políticos, como as fronteiras que separam os estados ou países, os sistemas de governo ou os resultados de eleições...

Dados económicos, como os da produção industrial, produtos agrícolas ou pautas comerciais entre países.

Há que observar os seus símbolos de cor, o aproveitamento do grupo ou nível, o seu tamanho e legibilidade, ainda quando as regiões geográficas por vezes são maiores em alguns mapas que nos globos.

 

Quando se requer localizar algum lugar especial, ou para que os alunos tenham alguma orientação, já que no nosso mundo de mobilidade cada vez maior, a gente vê a necessidade de orientar-se, muitas vezes em lugares desconhecidos.

Como vantagem, facilitam o estudo, a ubiquação de certos lugares, através destes se pode captar melhor a informação que o professor quer dar, atrair a atenção dos alunos, especialmente quando são a cores.

Para algumas pessoas é difícil ler um mapa, sobretudo quando este leva símbolos pouco comuns. As projecções planas sempre são distorcidas já que o mundo não é plano. Os símbolos não sempre significam o mesmo para as pessoas

 


Material Impresso


a.        Histórias aos quadradinhos

 

São um meio apropriado para transmitir mensagens narrativas por meio da comunicação de imagens com textos breves. Servem para desenvolver atitudes e valores; apresentar temas educativos ou culturais com um meio que proporcione divertimento, e especial para pessoas com pouca capacidade para a leitura.

Podem ser elaboradas por uma só pessoa que tenha conhecimentos elementares de desenho e podem-se multiplicar com fotocópias.

O uso de uma história aos quadradinhos como meio educativo é diversa, dado que esta `pode ser num sentido informal, sem esquecer o seu objectivo claramente definido; até o seu uso dentro da sala de aula para a discussão, a análise ou a reflexão de certo conteúdo.

Como vantagem é um meio diferente de apresentar informação útil   para  os estudantes, assim como atractivo e fácil de leitura. Requer tempo para a sua preparação e se os alunos não são preparados anteriormente do sentido da história, esta pode perder a sua efectividade.

 

 

b.        Contos ou fábulas

 

São relatos breves de feitos imaginários, de carácter simples, com finalidade moral o u recreativa, que estimula a imaginação e desperta a curiosidade

Serve como parte da literatura. Tem como objectivo desenvolver a capacidade intelectual e estética do aluno mediante o estudo das obras mis importantes. Permite ao aluno apreciar experiências artísticas transmitidas através dos textos e do uso estético da palavra. Assim como a identificar objectivos plenamente definidos na leitura.

A utilização do conto ou da fábula como meio educativo é muito ampla de alcance, mas depende do objectivo que se busca.

De acordo com o objectivo podemos conseguir:

ð  Que o aluno aprecie a beleza dos textos literários lidos

ð  Que valorize a mensagem de alguns textos criticados na aula.

ð  Que crie o hábito pela leitura.

ð  Que facilite o interesse pela realização de sessões de leitura de qualquer género.

ð  Que refira simples composições.

ð  Que compreenda a mensagem implícita em textos seleccionados.

ð  Que distinga a forma estilística empregue nos textos.

ð  Que represente as cenas, etc.

 

A utilização de um ou mais objectivos será determinado no plano da aula.

É um meio muito acessível e relativamente barato. A sua leitura introduz ao leito num género pouco usado. A mensagem que se envia, está explícita de uma maneira diferente pelo que o aluno desenvolverá novas habilidades. Requer tempo para a leitura

 

Conclusão: O mais importante na educação não é o numero nem a qualidade dos meios senão o uso que se faz deles. Daí a necessária preparação e formação dos professores no sentido pedagógico - didáctico

 

c.        Áudio visual

 

O audiovisual é um meio electromagnético ou eléctrico de registo, de reprodução e de difusão de mensagens sonoras ou visuais, utilizados separa ou conjuntamente pare apresentar conhecimentos, facilitar a sua aquisição e, eventualmente, motivar ou corrigir os comportamentos. Podemos falar de duas finalidades, uma instrutiva (para apresentar conhecimentos) e outra orientada para a educação (motivar ou corrigir os comportamentos, gerar atitudes ou certas habilidades)

De acordo com a sua inserção no âmbito educativo podem estabelecer-se dois grandes grupos de meios:

- Grandes ou subordinantes, porque neles o papel docente é subsidiário do meio (TV no circuito aberto, rádio, filme de formato maior)

- Pequenos ou subordinados, nos que o mediador pode actuar sobre a mensagem, bem por selecção, criação, esclarecimento, apoio, exploração, subsequente, etc. (projecção fixa, magnetofonia e discofonia, filme de formato menos, retro-projecção, TV em circuito cerrado, etc.)

 

A utilização destes meios adopta diversas fórmulas de aplicação. A continuação se indica algumas delas:

 

Técnica ilustrativa: O professor é o comunicador fundamental, mas ilustra a sua mensagem com o apoio de alguns meios tecnológicos.

Técnica auxiliar: O professor actua umas vezes como na técnica anterior e outras confere aos meios a função de canalizar determinadas comunicações com valor expressivo próprio.

Técnica monitorial: Os documentos desenvolvem comunicações muito concretas, geralmente de carácter aplicativo, que são auto-suficientes para transmitir uma informação. A participação do agente humano é auxiliar, de apresentação da mensagem e de esclarecimento de alguns detalhes específicos.

Técnica sistemática: O docente ou os docentes dentro dum rigoroso sistema no qual se integram todos os factores que intervêm no processo educativo, umas vezes predominará a acção pessoal; outras os professores utilizarão os meios, e, em ocasiões, os discentes servir-se-ão directamente dos meios. E na base, uma contínua acção de retroalimentação.

 

d.        Vídeo

 

É um sistema usado parar registrar e reproduzir sinais simultâneos de sonido e imagem mediante um suporte electromagnético. As suas aplicações podem se de tipo instrumental, como análise de condutas, actuação do professor, etc. Até de intervenção, como seria no ensino.

 

 

 

e.        Videodisco:

 

É uma placa circular ou disco que recolhe informação sonora e visual ao mesmo tempo, numa pista magnética e pode reproduzir-se mediante um magnetoscópio ou equipo de vídeo num ecrã de televisão. Permite também a selecção e fixação do conteúdo que se deseja, dentro do conjunto de informação gravada.

 

É um meio particularmente atractivo, já que ajuda a atingir a crescente demanda dos estudantes, a estender as oportunidades educativas, a pessoas distantes e ainda a atingir a grupos demasiados extensos.

 

TEMA 7


 


A Avaliação em Educação Moral e Cívica


 

1.Uma nova visão sobre a Avaliação a) Princípios orientadores da avaliação. b) Modalidades de Avaliação.


 

 

1.    Uma nova visão sobre a Avaliação


 

A avaliação é a forma através da qual o professor procura determinar a natureza da prática educativa integral, permitindo a recolha de informação e a tomada de decisões adequadas, quer para o prosseguimento do processo de ensino/aprendizagem, quer para dar resposta às solicitações do domínio social. A avaliação incide essencialmente sobre o cumprimento dos objectivos gerais do ciclo ou nível e dos objectivos específicos de cada disciplina.

 

a) Princípios orientadores da Avaliação


 

Tradicionalmente a avaliação media o saber do aluno, tomando como referencial o discurso do professor. Esta era traduzida por uma classificação, valor este determinado em relação à média do grupo turma. Actualmente, a avaliação, considerada como parte integrante da aprendizagem, atende simultaneamente ao produto e ao processo, abrangendo as áreas do saber, do saber fazer e do ser.

Nesta perspectiva, serão apresentados os seus princípios orientadores, as suas modalidades e instrumentos. Os princípios orientadores da avaliação são:

 

§  Da Coerência;

§  Da Integração na Aprendizagem;

§  Do Carácter Positivo;

§  Da Diversidade;

§  Da Transparência.

 

§  O princípio da Coerência defende a necessidade existir coerência entre a avaliação e as outras componentes do currículo, isto é, os objectivos, a metodologia e os conteúdos. Por exemplo, caso sejam utilizados estilos variados de trabalho - individual e em grupo - estes devem também ser considerados na avaliação.

§ O princípio da integração na aprendizagem alerta para que a avaliação não se limite a testar o que o aluno sabe, isto é, não deve ser entendida como um processo terminal, mas sim continuado, existindo passo a passo com o processo de ensino/aprendizagem, sendo ela própria responsável pela criação de novos momentos de aprendizagem.

Por exemplo, quando um professor detecta um erro, um comportamento não desejável, deverá fazer um levantamento das suas possíveis causas, para, em seguida, orientar o aluno para a sua auto-correcção. Ou ainda, o professor deve aceitar e mesmo incentivar que uma dada tarefa seja melhorada/aperfeiçoada a partir de uma primeira versão comentada pelo professor (processo de “ida e volta”)

§  O princípio do carácter positivo orienta a ênfase a dar à avaliação. Esta deve valorizar o que o aluno sabe, o que é capaz de fazer (já sabes..., já sabes fazer..., já consegues resolver...), em detrimento de centrar-se nos aspectos  negativos. Note-se que situações que ridicularizem ou minimizem o aluno poderão constituir novos obstáculos ao desenvolvimento da aprendizagem. Recusando um conceito de avaliação como medida, entende-a como um processo de diálogo entre professor e aluno, como um elemento esclarecedor e indicador do caminho a seguir.

§ O princípio da diversidade aponta para a necessidade da utilização de formas e instrumentos de avaliação múltiplos e diferenciados. Por um lado, só assim é dada a oportunidade a que todos os alunos sejam avaliados potencializando as suas capacidades específicas. Por exemplo, um aluno pode ser capaz de se expressar melhor oralmente. Se o professor avaliar apenas produtos escritos, este aluno está a ser prejudicado. Por outro, cada instrumento de avaliação tem as suas potencialidades e limitações, pelo que só através da utilização de formas diversas de avaliação será possível cobrir os diferentes objectivos no currículo.

Ainda, por outro lado, se o professor dispor de dados referentes ao mesmo aspecto, recolhidos através de vias diversas, dois casos se podem dar: ou eles são consistentes proporcionando ao professor maior auto-confiança, ou são divergentes, alertando-o para a necessidade de uma pesquisa mais aprofundada.

§  O princípio da transparência diz respeito à desmistificação da avaliação, à anulação do seu sincretismo e à explicitação dos parâmetros e critérios de avaliação. Os alunos devem saber o que se espera deles, devem conhecer as expectativas do professor. Mas este deve negociar os parâmetros de avaliação antes dos alunos realizarem uma dada tarefa para que estes possa à partida estar em posse de todos os dados. Tal procedimento, ajudará o aluno a desenvolver a sua capacidade de auto-realização.

 

b) Modalidades de Avaliação


A avaliação do desempenho dos alunos inclui três modalidades de avaliação: a avaliação diagnóstica, formativa e a avaliação sumativa.

 

A avaliação diagnóstica feita no início das aulas para verificar a situação real em que o aluno se encontra com relação aos conteúdos básicos da disciplina em causa. Serve de orientação para o professor, nunca é qualificativa nem quantitativa.

 

A avaliação formativa é contínua e sistemática, feita ao longo de todo o ano lectivo. Dirige-se tanto ao professor, como ao aluno. Esta avaliação informa o professor sobre a sua prática lectiva, nomeadamente, sobre a adequação do processo de ensino seguido. Permite detectar dificuldades ou desfasamentos e deve contribuir e permitir a auto-avaliação do professor de forma a que sejam introduzidos reajustes e adoptadas novas metodologias de apoio sempre necessário.

O professor, habitualmente, não procede à avaliação constante das aprendizagens realizadas. Mas pode determinar prioridades de avaliação e momentos oportunos para averiguar dos resultados obtidos, recolhendo assim, regularmente, informações de que necessita para orientar o ensino e facilitar a aprendizagem.

Essa determinação de objectivos essenciais a avaliar e dos momento em que é oportuno administrar provas de avaliação formativa constitui o plano de avaliação de uma unidade.  

O plano de avaliação de uma unidade resulta de um conjunto de passos dados:

§  A análise de objectivos a avaliar e a determinação dos momentos oportunos para o fazer, podem ser feitas, desde logo, sobre o quadro de conteúdos e objectivos de uma unidade.

§  As prioridades de avaliação podem ser facilmente determinadas sobre uma matriz de conteúdos e objectivos, bem como o número de perguntas por objectivo e os critérios de proficiência exigidos.

§  Neste ponto, o plano de avaliação está concluído, restando proceder à elaboração das provas respectivas, cujas estruturas podem ser controladas através de diagramas estruturais, que podem levar à introdução de alterações.

§  Há, então, que proceder à elaboração e aperfeiçoamento dos itens que farão parte de cada prova formativa, seleccionando os tipos de pergunta adequados aos objectivos em vista e respeitando regras básicas de construção.

 

Após estes passos, está o professor de posse de provas de avaliação prontas a serem aplicadas. O processo descrito poderá parecer longo e complicado mas transforma-se, com a prática continuada da avaliação de resultados, numa rotina fácil e relativamente rápida.

 

No que respeita ao aluno, a avaliação formativa informa-o quanto à qualidade do seu processo de aprendizagem, devendo contribuir para o desenvolvimento da sua capacidade de auto-avaliação, no sentido da auto-correcção dos erros e na regulação da sua própria aprendizagem.

A avaliação formativa não é uma técnica, mas sobretudo uma atitude perante o ensino/aprendizagem, que rejeita a ideia de uma avaliação apenas ao serviço da identificação e contabilização dos erros para uma produção de hierarquias de excelência. Esta atitude toma a avaliação como um momento privilegiado de diálogo e trocas de saber sobre variados aspectos, tornando mais transparente a relação pedagógica nas suas múltiplas dimensões, assim como clarifica as “regras do jogo” garantindo assim o rigor e a objectividade da avaliação.

 

Nesta perspectiva avaliar e sobretudo desenvolver uma compreensão dos sucessos e fracassos dos alunos de modo a permitir sugerir e sustentar estratégias que ajudem os alunos a superar as suas dificuldades. Assim, a avaliação formativa não e uma técnica, mas sobretudo uma atitude perante o ensino/aprendizagem, que rejeita a ideia de uma avaliação apenas ao serviço da identificação e contabilização dos erros para uma produção de hierarquias de excelência escolar.

Se transforma num momento privilegiado de diálogo e trocas de saber sobre variados aspectos, tornando mais transparente a relação pedagógica nas suas múltiplas dimensões, assim como clarifica as “regras do jogo” garantindo o rigor e a objectividade da avaliação”

 

A avaliação sumativa distingue-se claramente da avaliação formativa quer pela intenção que lhe preside quer pela estrutura que apresentam os testes que se enquadram neste tipo de avaliação.

A avaliação sumativa procede a um balanço de resultados no final de um segmento de ensino-aprendizagem, acrescentando novos dados aos recolhidos pela avaliação formativa e contribuindo para uma apreciação mais equilibrada do trabalho realizado.

A avaliação sumativa complementa, assim, um ciclo de avaliação em que foram já utilizadas a avaliação diagnóstica e formativa, trazendo a todo o processo os seguintes contributos:

 

Equilibra a avaliação formativa, de duas maneiras distintas – revelando que foram já conseguidas aprendizagens que o aluno anteriormente não possuía e que não foram consumadas outras aparentemente adquiridas;

Alerta para matérias mais difíceis de assimilar, para estratégias que não foram inteiramente eficazes ou para um tempo de aprendizagem que se revelou i n suficiente, contribuindo deste modo para o aperfeiçoamento do ensino e o sucesso na aprendizagem;

Permite comparar resultados globais de programas de estudos alternativos, o desempenho de grupos ou a utilização de estratégias diferentes face a um mesmo programa, avaliação mais significativa se referida a longos segmentos curriculares e não apenas a pequenos núcleos de objectivos.

Constitui, assim, um instrumento valioso na tomada de decisões sobre opções curriculares ou sobre inovações educativas.

A avaliação sumativa, dadas as finalidades que serve, é utilizada, habitualmente, no final de um segmento de ensino já longo, isto é, com uma extensão que justifique o balanço global que se pretende realizar. É uma avaliação de mal há larga que pretende uma visão geral e não uma análise em profundidade (de que a avaliação formativa se encarrega) e que portanto não se justificaria para um conjunto limitado de objectivos.

 

 

 

2.    Avaliar  em Educação Moral e Cívica


 

Caixa de texto:   Função pedagógica Momento de Utilização Instrumentos
 Avaliação de Diagnóstico ˜ Identificação dos recursos e das necessidades dos alunos   ˜ Início de uma aprendizagem, ciclo, ano. ˜ Entrevista individual ou colectiva
˜ Provas abertas
˜ Observação
 Avaliação Formativa/
Formadora ˜ Recolha de informações
˜ Regulação pedagógica
˜ Explicitação/Apropriação de critérios
˜ Análise e interpretação dos erros ˜ Durante a aprendizagem
˜ Acompanhamento das aprendizagens ˜ Observação
˜ Entrevista
˜ Provas
˜ Análise das produções dos alunos
˜ Análise dos erros
˜ Análise dos trabalhos de casa ou feitos na aula
˜ Auto-avaliação
 Avaliação Sumativa  ˜ Constatação do afastamento em relação à norma ˜ Fim da aprendizagem ˜ Prova individual em tempo limitado
˜ (exame)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No campo da Educação Moral e Cívica, se pretende não tanto assimilar conceitos ou

adquirir conhecimentos, mas sim

 

˜  O desenvolvimento de capacidades para a resolução de problemas,

˜  O desenvolvimento do raciocínio moral orientado para a justiça,

˜  Construção de atitudes,

˜  Elaboração de sentimentos, promovendo um quadro de referência para a vida pessoal e comunitária,

 

É preciso avaliar a consecução dos objectivos no campo cognitivo (do saber), da afectividade (do saber ser, do relacionamento) e no campo comportamental ou psico-motor (do saber fazer).

Com a Educação Moral e Cívica pretende-se modificar as atitudes e os comportamentos, a construção de valores democráticos; aí deve incidir a avaliação. Deste modo, procura-se uma maturação pessoal, social e cívica. Tem-se uma filosofia de base, considera-se o conhecimento, os valores, as atitudes. Estas componentes devem prever uma auto-realização, uma maturação social e uma contínua aprendizagem. É nelas que se deve procurar o progresso do aluno.

Assim, a questão fundamental em avaliação é perguntarmo-nos: o que avaliar?

Certamente que a avaliação a fazer-se há-de ser concordante com as finalidades que pretendemos ver concretizadas através da aprendizagem, bem como deverá ter em mente as metodologias utilizadas para a realização das actividades.

 

Como já temos referido, a disciplina não visa, somente, a aquisição de conhecimentos pelos alunos, mas sim, a construção de um modo responsável de ser, de estar, de pensar, de conviver, de agir, de expressar, de optar por valores democráticos e por atitudes desejáveis face as relações interpessoais.

 

Assim sendo, as avaliações devem estar orientadas para as capacidades, habilidades e, de igual modo, para variáveis conotadas com o domínio afectivo. Com efeito, dado o carácter da disciplina de Educação Moral e Cívica, as técnicas avaliativas convencionais não se prestam para conferir o processo avaliativo nesta área.

Por exemplo, “a autonomia e o respeito pelo outro, a diversidade de modos de estar, convicções e valores partilhados por um conjunto diversificado de alunos ou afirmados individualmente escapam a toda classificação, não devendo os resultados do trabalho efectuado, em Educação Moral e Cívica, ser expresso quantitativamente, mas sim qualitativamente”. (Instituto de Inovação Educacional. Programa de Desenvolvimento Pessoal e Social. 5º e 6º Anos: para aplicação d de experiência pedagógica. Portugal, 1983)

O que acabamos de citar significa dizer, segundo o mesmo autor, que seriar os resultados numa escala de valores não só desvirtuaria os progressos assinalados, como fomentaria um sentido de competição incompatível com as finalidades e objectivos propostos para a disciplina de Educação Moral e Cívica.

Também o objecto da disciplina não se apresenta com contornos classificáveis, pois tende a harmonizar um conjunto de experiências sócio-cívicas para ajudar os alunos a serem solidários, responsáveis, livres, tomando decisões desejáveis para a vida democrática. Assim, o desenvolvimento, moral e cívico, de cada aluno constitui uma particularidade na sala de aula tornando-se, por isso, difícil de ser avaliado segundo padrões que normalmente servem para medir ou assinalar as competências de natureza académica.

Neste sentido, a avaliação acerca do desempenho dos alunos deve primar pela diversidade de formas de avaliar com carácter contínuo, para que a formação moral e cívica dos alunos seja um facto.

A par do que acabamos de referir, o(a) professor(a) deverá ter, sempre, presente que cada aluno é uma individualidade na sala de aula e, ao longo do processo de ensino-aprendizagem. Esta individualidade está subjacente às características psicológicas e ao desenvolvimento moral de cada aluno, bem como a própria socialização baseada nos princípios de educação familiar tornando-os diferentes e com particularidades específicas. Por outro lado, há alunos que são mais dinâmicos que outros; uns melhor comportados, etc. Mas isto não significa que uns sejam mais inteligentes que outros e que sobretudo, os bem comportados desenvolvam raciocínio orientados para a justiça social

 

 

 
Para o trabalho pessoal:
1.      Lê com atenção o texto e anota
§  os aspectos que mais apreciastes
§  os pontos que achastes mais importantes
§  e as dificuldades que se poderiam encontrar na hora de avaliar
2.    Elabora uma ficha de avaliação para os teus alunos na qual apareçam os pontos mais importantes

 

 

 
Para o trabalho em grupo:
Debate restrito sobre os pontos anteriormente anotados. O grupo elabora uma grelha de avaliação com os aspectos que acharam mais importantes.
Em Plenária
Debate alargado

 

 

 

 



[1] José Eduardo DOS SANTOS, Presidente da república, in Jornal de Angola, 3ª Feira, 30/12/2008, Ano 32 Nº 11340, p. 2.
[2] José Eduardo DOS SANTOS, Presidente da república, in Jornal de Angola, 3ª Feira, 30/12/2008, Ano 32 Nº 11340, p. 2

1 comentário:

  1. gostei do conteúdo ajudar-me-à muito,mas não consigo ver a importância desta disciplina, agradeceria que se fizesse um breve resumo da sua importância.

    ResponderEliminar