quinta-feira, 13 de junho de 2013


Educação, qual desafio?

É surpreendente que a educação, que mira comunicar conhecimentos, seja cega sobre aquilo que é o conhecimento humano…e que não se preocupe de facto de fazer conhecer que coisa é conhecer” (Morin E). Vivemos numa época de incertezas, revoltas, manifestações, guerras, intolerâncias políticas e fundamentalismos que requerem novos projectos educativos. A história está cheia de memórias, mas os homens permanecem indiferentes e cometem, no terceiro milénio, os mesmos desastres que no século XX foram registados.

Decerto, o ensino formal não chega para garantir o nível de maturidade pessoal “dever ser educativo”, a “transformação interior”. Para dizer verdade a palavra ensino não basta, mas sim a “educação”. A “educação” é uma palavra colocada em obra dos meios propostos a assegurar a formação e o desenvolvimento de um ser humano.

Deve-se repensar seriamente a educação; quem são os educadores e quais os projectos educativos propõem às novas gerações de angolanos. O conceito de educação que convém neste caso é este: a “redução de assimetria entre o ser e o dever ser”. A partir deste sumário conceito é possível colher alguma implicação que ajude a entrar mais em profundidade no conhecimento das intervenções educativas.  É a figura do educador e os valores que este prega. Sem ideais, a Pedagogia (ciência da arte de educar) tende inevitavelmente à um “eclipse” ou à uma “morte”. Os valores são de facto a substância da educação, da paz… quando pairam nuvens de desorientação existencial ou de indiferenças hoje circulantes no seio de todos nós. O educador deve ser um “adulto, não tanto pela idade cronológica quanto pelo seu nível de maturidade pessoal; deve possuir uma concordância com a sua idade; tem a tarefa de formar, e o faz propondo as finalidades, escolhendo as condições mais adaptas para promover o crescimento completo da pessoa; tem como fim, em última estância, de colocar-se ao serviço do crescimento do educando. Ninguém tem o bastão de comandar, como direito indiscutível. Ou o adulto merece o primado, com razão e amor, ou encontra fatalmente insucessos, sobretudo com os jovens. O antigo genial provérbio diz: “somente quem sabe obedecer é capaz de comandar”. Em Pestalozzi, o homem maduro é aquele que usa a “mente, o coração e a mão”; Sigmund Freud define a maturidade humana come a “capacidade de amar e de trabalhar”. S. João Calábria é claro no seu pensamento: “somente a força do amor é capaz de conquistar o coração dos homens, sobretudo nas relações educativas e com maior razão com os jovens”.

Hoje e no imediato futuro da educação (N. Galli), é necessário propor os valores concretos como tais: o ideal moral, religioso, sexual, político, vocacional; pode-se acrescentar a educação ao trabalho; e, com ajuda de outras intuições psico pedagógicas hoje difusas, seria útil falar também da formação à obediência, ao sofrimento, ao silêncio uma vez que a reconstrução do país exige abnegação e enfim, o esforço de todos angolanos. “Nenhum esforço é demasiado, para resgatar a dignidade e a integridade moral e espiritual das nossas famílias” (Dos Santos J. E). Se a família oscila entre a paz e a violência é necessário enuclear ulteriores indicações educativas, ainda mais aderentes à realidade concreta. Essas indicações têm diversos aspectos relevantes e práticos: o clima das relações interpessoais, a autenticidade educativa, o método formativo, a abertura social. Todas as propostas incidem significativamente sobre a educação para paz.

A paz não pode ser confiada unicamente ao controle das armas, de modo a evitar una guerra, desastrosa sobretudo na era nuclear… Não se pode construir um ideal de paz compreendido mais como Absentia belli que desenvolvimento pleno da pessoa e da humanidade. A paz é portanto um grande ideal positivo, que deve ser promovido sobretudo a nível cultural e educativo…

Na verdade, “Para a realização de grandes projectos educativos é bom ter em conta poucas ideias, claras e eficazes (S. João Calábria).

 

 

 

 

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário