Educação,
qual desafio?
“ É
surpreendente que a educação, que mira comunicar conhecimentos, seja cega sobre
aquilo que é o conhecimento humano…e que não se preocupe de facto de fazer
conhecer que coisa é conhecer” (Morin E). Vivemos numa época de incertezas,
revoltas, manifestações, guerras, intolerâncias políticas e fundamentalismos
que requerem novos projectos educativos. A história está cheia de memórias, mas
os homens permanecem indiferentes e cometem, no terceiro milénio, os mesmos
desastres que no século XX foram registados.
Decerto, o ensino formal não chega para
garantir o nível de maturidade pessoal “dever
ser educativo”, a “transformação
interior”. Para dizer verdade a palavra ensino não basta, mas sim a “educação”. A “educação” é uma palavra colocada em obra dos meios propostos a
assegurar a formação e o desenvolvimento de um ser humano.
Deve-se repensar seriamente a educação;
quem são os educadores e quais os projectos educativos propõem às novas gerações
de angolanos. O conceito de educação que convém neste caso é este: a “redução de assimetria entre o ser e o dever
ser”. A partir deste sumário conceito é possível colher alguma implicação
que ajude a entrar mais em profundidade no conhecimento das intervenções
educativas. É a figura do educador e
os valores que este prega. Sem ideais, a Pedagogia (ciência da arte de
educar) tende inevitavelmente à um “eclipse”
ou à uma “morte”. Os valores são de
facto a substância da educação, da paz… quando pairam nuvens de desorientação
existencial ou de indiferenças hoje circulantes no seio de todos nós. O
educador deve ser um “adulto, não
tanto pela idade cronológica quanto pelo seu nível de maturidade pessoal; deve
possuir uma concordância com a sua idade; tem a tarefa de formar, e o faz
propondo as finalidades, escolhendo as condições mais adaptas para promover o
crescimento completo da pessoa; tem como fim, em última estância, de colocar-se
ao serviço do crescimento do educando. Ninguém tem o bastão de comandar, como
direito indiscutível. Ou o adulto merece o primado, com razão e amor, ou
encontra fatalmente insucessos, sobretudo com os jovens. O antigo genial
provérbio diz: “somente quem sabe
obedecer é capaz de comandar”. Em Pestalozzi, o homem maduro é aquele que
usa a “mente, o coração e a mão”;
Sigmund Freud define a maturidade humana come a “capacidade de amar e de trabalhar”. S. João Calábria é claro no seu
pensamento: “somente a força do amor é
capaz de conquistar o coração dos homens, sobretudo nas relações educativas e
com maior razão com os jovens”.
Hoje e no imediato futuro da educação (N.
Galli), é necessário propor os valores concretos como tais: o ideal moral,
religioso, sexual, político, vocacional; pode-se acrescentar a educação ao
trabalho; e, com ajuda de outras intuições psico pedagógicas hoje difusas, seria
útil falar também da formação à obediência, ao sofrimento, ao silêncio uma vez
que a reconstrução do país exige abnegação e enfim, o esforço de todos
angolanos. “Nenhum esforço é demasiado, para resgatar a dignidade e a
integridade moral e espiritual das nossas famílias” (Dos Santos J. E). Se
a família oscila entre a paz e a violência é necessário enuclear ulteriores
indicações educativas, ainda mais aderentes à realidade concreta. Essas
indicações têm diversos aspectos relevantes e práticos: o clima das relações
interpessoais, a autenticidade educativa, o método formativo, a abertura
social. Todas as propostas incidem significativamente sobre a educação para
paz.
A
paz não pode ser confiada unicamente ao controle das armas, de modo a evitar
una guerra, desastrosa sobretudo na era nuclear… Não se pode construir um ideal
de paz compreendido mais como Absentia
belli que desenvolvimento pleno da pessoa e da humanidade. A paz é portanto
um grande ideal positivo, que deve ser promovido sobretudo a nível cultural e
educativo…
Na
verdade, “Para a realização de grandes
projectos educativos é bom ter em conta poucas ideias, claras e eficazes (S.
João Calábria).
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